Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

.

Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

.

Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

terça-feira, 30 de julho de 2024

Letras empilhadas ano após ano, em Julho, (re)colhidas em 2024

 <+ Victor Nogueira

31 de julho de 2010 
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O silêncio tem a dimensão da ausência e a ausência a dimensão do cosmos ! Ah! e a Graça não tem nome, é inantigível !
31 de julho de 2010 
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RECTIFICANDO O RENDILHADO - O silêncio tem a dimensão da ausência e a ausência a dimensão do cosmos ! Ah! e a Graça não tem nome, é inatingível !

30 de julho de 2010 
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Como nnguém veio, arrumei a trouxa e fui montar a tenda mais além, ao virar duma duna no areal à beira-mar !
 
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Boa noite, dizem e acenam deste Kant_O. E na volta ouve-ser o trovejar do silêncio, o chão coberto de flores esmaecidas e a terra da cor do vazio !!! (VN dixit)
30 de julho de 2014 
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Um leve, mui leve o aceno
nas asas do vento e do mar;
em tuas mãos está mal, pequeno,
meu coração, sem poder voar.
Pergunto ao luar, onde estás,
tão longe mas tão presente em mim,
entre nós o mundo, para trás,
somos na campina, sem estopim.
E nesta calmaria parado
por teu chamamento esperando.
As velas colhidas, ancorado,
sem grandes migrações, não voando.
2014.07.30 Paço de Arcos
27 de julho de 2010 
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Sentado à soalheira, num pequeno oásis no cimo duma montanha, à espera de ninguém !

27 de julho de 2014 
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Sentado, dominando o horizonte,
sem cores nem dores, escorre a vida,
na cronologia dos tempos corrida,
buscando novos dias, novas fontes.
De rubro os robles sombram as pontes,
eterno vai-vém, d'entrada saída
neste redondel, em louca corrida,
com ancoragem que a tudo afronte.
E nos ribeiros em caleidoscópio
mil ares, mil águas, se levantam,
como um gigantesco cinescópio
Em rebate, só, ruidosos tocam,
envoltos na dormideira do ópio,
os sonhos, pesadelos, que não voam.
2014.07.27 setúbal
27 de julho de 2014 
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Os papéis amontoados, além,
as horas escorrendo, a somar,
a roupa, as malas, por arrumar,
e vontade que não vale um vintém.
De negro, sem corcel, sem dama, pajem
enredado em mui mau quebrantar.
sem arte, tela ou cinzel no ar,
embotado, como Matusalém.
Assim fenece o grã conde niño,
parado, apagado, sem as férias,
por as não querer passajar sem ninho.
Pois não há encanto nas suas lérias:
no quebrado campo, um estorninho,
sem asas, sem canto, sem memórias.
2014.07.27 setúbal

24 de julho de 2014 
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é penélope
a musa
em calíope
in-fusa.
e à janela
míope
a gazela;
e o antílope,
A galope
o chavalo
sem hissope
a cavalo.
E lucifera é
sem que ensope
em rapa-pé
o frangope.
Onde o magma
que de penélope
abra o enigma
com chope?
Setúbal 2014 07 24
24 de julho de 2014 
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Foi de laranjais o vale,
é azul o estuário,
e brilhante o mar de sal
com a tróia um solário.
Na serra mãe, verde manto,
o branco convento-novo
para aedos, um espanto,
de cangarras, porto covo.
Com os golfinhos vogando
esvoaçam nos sapais
muitas aves, encantando
os pescadores,no cais.
Sem riqueza do pescado,
varados no areal
os galeões 'ruinados
na praia são lamaçal.
A indústria conserveira
foi exploração infrene,
sem tostão na algibeira
ou noitada que serene.
Das Figueiras, Mal-Talhado,
ou na Cova do Canastro,
moravam mal apeados
os que não viam os astros.
De S. Domingos ao Tróino,
Santa Maria e Palhais,
Anunciada com sino,
S. Sebastião e mais.
É de Bocage a cidade
cantando Todi, Luísa,
Gravando a liberdade,
é do Sado a Princesa.
setúbal 2014.07.24

23 de julho de 2010

Vive la Vie

1. - Vive la Vie ! Ou ... avia? Ou será a via? Ou ... havia?

Fica a liberdade da escolha e o beijo ou abraço do Kant_O mas não ao canto sem canto !

2. - Nas mãos do Zé Povinho e da Maria Paciência no Baile dos Charlatães o voto transformou-se na sua mortalha, ao virar a arma contra si próprio !

3. - "Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será Chuva? Será Gente ? Gente não é certamente e a chuva não bate assim ! Fui ver ! " Fui ? Valerá a pena ? 

 
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ERRATA - onde está alarem deveria estar falarem? Ou devo manter o lapso dactilográfico,, apesar de ave não ser, nem águia, nem pardalito, apenas dragão com forma (des)humana que os outros não reflecte ?

 
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Que não devo ser suficientemente "sedutor" ou "encantador"para comigo alarem ou me lerem. Azares ou sortes da vida!
 
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No adro da igreja
se juntam os farsantes
buscando em lindeza
juntar diamantes.
No meio do rio
bem junto à costa
abrem, fecham pio,
dobrando a posta.
Menino, sant'ana,
sacristas, seguro,
mexem na badana,
buscando seu furo.
Do meio do vale
ao cimo da serra
vão juntando, mal
os votos, em terra.
São os maiorais
salvadores da pátria
dizem os jornais
amigos da frátia.
Santos populares,
miguel, paulo, tóino,
pedrocas com ares,
sendo nós ... campónio.
São tó-tós, tó-zés,
sam paio, cavacos;
p'ra nós pontapés,
e mil os farrapos.
2014.07.23 setúbal
22 de julho de 2010 
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O Face book é um emaranhado de aridez !
De mil anos parecem os meus dias,
em nau mal aparelhada vogando.
com as penas sem pernas remando
o verde, azulado, como enguias.

Pergunto ao vento se me quererias
em clara sintonia entoando,
nos ribeiros pardais esvoaçando
e na volta da campina trarias

mil artes, mel, engenhos, mui ágil
com a sabedoria dos bem sábios
que céus e terra cobrem de anil
Mil flores nascendo em teus olhos, lábi
os,
em campina a pedra, o fuzil,
reluzindo novos, doces, desígnios.

2014.07.20 setúbal

22 de julho de 2014 
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Sardinhas, salada, café sem nata.
lá no largo da Fonte Nova comemos,
sem que de nosso sentir falemos.
No Troino mal se ouve a serenata.

Sério, dirás. eu te fitava, sem nada
dizer, falando coisas de somenos,
calando, bem fundo, o que nós vemos;
voando do prato a passarada.

Por ti encantado à minha frente,
o teu olhar, o teu sorriso, teu brilho,
em ti, de Eva, surgindo a serpente.

Enredando minha fala em sarilho;
contando estamos, sem um repente,
que em nós faça canto, com atilho.

2014.07.22 setúbal

22 de julho de 2014 
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Sem que meu sentir por ti nós juntemos,
em roda viva p'la Europa voas,
o céu, a terra,querem tuas loas,
que em serrania, no vale, cantemos.

Restando as penas, ficam torresmos,
sem faunos ou sereias, mal entoas.
No aeroporto estou, sem broas,
meu escribar sem pernas, solecismos

Do passado ficam mil, as toadas,
que na jornada bem ou mal lembram:
são desencantos,tristezas, pegadas,

Mas também alguns, os cantos que soam;
no tempo foram belas serenatas,
Quais serão as que em nós sem fel, troam ?


2014.07.22 setúbal
22 de julho de 2014 
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Em Sintra o promontório da lua,
de verde manto coberto, leve,
é na serra-mãe a urze que ferve,
parque dos poetas, p'la mão tua.

Na barca da ribeira, a falua,
de pombal em Alfama solta a lebre,
no jardim, sem Ajuda, com a febre.
indo por vezes eu em arrecua,

No areal soam, marulham, as ondas,
que em Cetóbriga mal as ouvimos,
a teus pés o mar, gaivotas redondas.

Sem arte, sem sol, em malabarismos,
com esperança, em ti lanço as sondas,
buscando teu coração, com verismos
2014.07.21 setúbal
21 de julho de 2014 
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a partir dum soneto de Maria João de Sousa

Aquela casa à beira-mar plantada
cheia de sol,ar, sal e maresia,
com extenso areal onde cabia
o mundo numa risonha jornada

Palmilhando ridente caminhada
que de folguedos, jogos,se fazia.
com vasto horizonte a estadia.
sem medos, receio, da trovoada.

Grande calor, abafado verão,
logo seguido do fresco cacimbo,
nas ondas correndo a viração

De palma, estacaria, o quimbo,
seus pescadores na ondulação
lançam rede, luzindo seu cachimbo.

Setúbal 2014.07.21
21 de julho de 2014 
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Perguntas porque estou ausente, sério,
sentado, contigo, na esplanada,
entretecido em malha parada,
como se no ar houvesse mistério.

A chave da caixa está no saltério,
não frente-a-frente mas lado-a-lado
com o gesto bem articulado
buscando em nós suave minério;

flor, roseiral, de juntos na jornada
reconhecernos nossa voz, teus passos,
sem que minha alma ande penáda,

presa no silêncio dos teus laços.
sem o gesto, o verbo, a chamada,
destemido rio sem embaraços.

setúbal 2014.07.21


Foto victor nogueira - Setúbal Forte de S. Filipe, Tróia e Rio Sado

21 de julho de 2014 
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É Tróia estreito braço de terra
entre o rio e o mar oceano
de erva rasteira, sem abrigo, plano,
lingua de areia aos pés da serra.

Sua história velha encerra
ruínas, cetárias, templo romano,
Cetóbriga, garum, cesariano,
coberta pelo areal, com terra.

Tal era do povo, mas foi roubado,
com casino, hoteis, apartamentos,
o espaço, a praia, privatizado.

Feriando mal grandes são os lamentos,
com arrozais, palafitas, no sado.
a Comporta fechada, em tormentos.

2014.07.21 setúbal

Saber mais em A Troia que era do Povo
21 de julho de 2014 
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O forte, no cimo daquele monte,
terrorizante é de S. Filpe
com a serra, o sado, em despique
o vale, palmela no horizonte.

O rio azul, da musa é fonte
E eu, circundando este acepipe,
em ti busco vaza, o trunfo, naipe,
para que entre nós o sol desponte.

É de novo Setúbal a teus pés,,
a brisa luminando teu sorriso,
minha pena liberta das galés

como se vogando no paraíso
pintando ou esculpindo no crés
com sapiência, preclaro aviso.
Setúbal 2014.07.21
21 de julho de 2014 
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Serrana é, moça bela
moça bela d'encantar
com ela estou à janela
navegando a sonhar.

Navegando a sonhar
sigo o meu pensamento
buscando a nau no mar
que não seja um tormento.

Que não seja um tormento
do vale subind'a serra
fresca brisa com o vento
sem levantar pé-de-guerra.

Sem levantar pé-de-guerra
com docinho deslizante
certeza de que não erra
meu sentir refrigerante.

Meu sentir refrigerante
na passada vai surgindo
precioso o diamante
que em dia vai clarindo.
2014.07.21 setúbal
Serrana é, moça bela
moça bela d'encantar
com ela estou à janela
navegando a sonhar.
Navegando a sonhar
sigo o meu pensamento
buscando a nau no mar
que não seja um tormento.
Que não seja um tormento
do vale subind'a serra
fresca brisa com o vento
sem levantar pé-de-guerra.
Sem levantar pé-de-guerra
com docinho deslizante
certeza de que não erra
meu sentir refrigerante.
Meu sentir refrigerante
na passada vai surgindo
precioso o diamante
que em dia vai clarindo.
2014.07.21 setúbal
Que nós desejamos nós alcançar
noite e dia, noite e dia, fiando
de barca em barca esvoaçando
no charco, lamaçal, a chapinhar?

Vinte e quatro são letras a juntar
em minutos que se vão escoando,
vera claridade ou ensombrando
a vida, o tempo, o sol, o ar.

E de enigmas se enchem as horas
na cidade, no campo, giroscópio
de sons, luzeiros, sabores, metáforas

que em gigantesco caleidoscópio
nos dá de penélope e pandora
a chave, sem heroína nem ópio.

setúbal 2014.07.20

Em teu brando olhar eu me aqueço,
com sons que no horizonte verdecem,
e as linhas dos teu lábios tecem
mil sóis rendilhados que não esqueço.
Ah! o mar e sol em vós, confesso
afastam-nos dos cais que anoitecem;
no monte, flores, águias, entretecem,
esculpindo nosso amor em gesso.

O mundo todo abarco e nada afasto
dos sábios tendo ciência, sabedoria,
certeira, na caminhada com rasto,

Será tal riqueza da alegoria
que nosso sentir não será nefasto.
antes estralejando de alegria.

setúbal 2014.07.20

entre nós não há nós
apenas dura noz

coração em pedra dura
que perdura e pendura
lassos, sem laços,
com embaraços aos baraços
sem abraços .
..
nem beijos
... bem vejo
a pegada sem pega
... piando sem pio a piada
fiando e porfiando
no fio da navalha!

setúbal 2014.07.20


De mil anos parecem os meus dias,
em nau mal aparelhada vogando.
com as penas sem pernas remando
o verde, azulado, como enguias.

Pergunto ao vento se me quererias
em clara sintonia entoando,
nos ribeiros pardais esvoaçando
e na volta da campina trarias

mil artes, mel, engenhos, bem ágil
com a sabedoria dos bem sábios
que céus e terra cobrem de anil

Mil flores nascendo em teus olhos, lábios,
em campina a pedra, o fuzil,
reluzindo novos, doces, desígnios.

Setúbal 2014.07.20

19 de julho de 2014 
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recordo o teu sorriso
desejo meu de nele mergulhar

Na madrugada que tu és
retenho sempre
as finas rugas do teu olhar
o teu porte e a tua voz doce
ridente e cristalina
de menina e moça
donairosa

Mas ...
face à tua reserva
guardo em mim as palavras .
.
… e os gestos

Quando partes
sufocam-me o deserto
o vazio em mim
este nó na garganta e no peito
as flores esmaecidas
pela tua ausência.

Ah! Não me convidares
numa só palavra
num só gesto
o da tua mão na minha
e
contigo partirmos
na onda
senda de novos portos
e marés.

Este é, sem ti
fraco poema
malabarismo
oco e apagado verbo
verbo sem veia
que sem rima não rema
- desincendeia.
setúbal 2014.07.19

16 de julho de 2014 
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Com os galos e a raposa
há bem grande agitação,
a galinha salerosa
tudo em muita afobação.

Pintinhas no galinheiro,
arco-íris, furta-cores,
chocalhando os tinteiros,
em manos dos preceptores

Com oliveira da serra
luminosos vão marchando
em cantoria, na berra,
pela vida porfiando.

Luminosa liberdade
estralejante foguete
livre draga, sem maldade,
no largo do barrete

São patos, ratos, gatinhos,
em floresta de enganos,
as mãos, a voz, em moinhos,
dando, dando, aos abanos.

São plantio de estufa
de cravo laranja ao peito,
pé-ante-pé, de pantufa
no jardim do dragoeiro.

No zé, tó-tós, manda a zorra,
nas primárias secundárias,
mancomando a patorra
pondo arte-e-manhas várias.

Unidade, unidade,
do capital em trabalhos,
marcha, marcha, mocidade,
dando vida aos baralhos.

Na trindade dos padrinhos,
vão seguindo, afilhados,
os trinados bem fininhos
na senda aforlunados.

Joaninha em Lisboa
voa, voa, dá á costa,
vai seguro na canoa
a ver quem vence, aposta.

Na praia o mexilhão,
alapado na areia,
botado de mão em mão
faz que anda, mal a-teia.

setúbal 2014.07.16

16 de julho de 2016 
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De nãos e de nins e de palavras silênciadas se fazem as contas de certos rosários plenos de gira-luas e malmequeres

TALENT DE BIEN FAIRE

ora ouça, mal sorrindo
cai a louça, se partindo.

O Manel tinha uma bola
a brincar ninguém a viu
pois com Joana rebola
o que na maré subiu


São tão lindos os coelhos
que a cenoura bem rói,
está maria de joelhos
vassourando seu dói-dói

Sobe sobe João Feijão
por cima do feijoeiro:
trepa, trepa, faz ão-ão
dando à cauda, mui lampeiro.

Em casa do chocolate
os dois manitos trancados
com dedos mostrand'áparte
corações aperreados.

Duas-a-duas, cerejas,
atrás dumas outras vão,
com as canecas, cervejas,
em festival, a canção.

O José, lambão, cozinha,
partindo a cantaria;
com foguetes a rainha
'voaçando na calmaria.

Bem vermelho, capuchinho,
com destemor na floresta,
vai topando de mansinho,
espreitando pela fresta.

O papagaio é louro
gabiru d'olho azul,
no mar dá grã-estouro
com bico virad'ao sul.

Aladino no serralho
Ali Bá-Bá, aos sacões,
carteando em baralho,
salta-ricando, ladrões.

Ora, ponha aqui seu pézinho,
de cinderela, cristal,
o príncipe pobrezinho,
vogando no pantanal.

Sebastião tudo papa
com manha e sem rebuço
o rosto atrás da capa
como zorro com seu chuço.

Pé aqui, um pé além,
no bem-bom vai navegando;
em roda-viva, vai-vém,
nas janeiras rabejando

A tríade da trindade
com porquinhos a dançar
saltitantes na maldade,
e a língua a dar-a-dar.

A oliveira da serra
na candeia faz truz-truz,
a chama acesa, cerra,
de verde, o arcabuz.

Pobre lobo com barriga
na mira do caçador,
chumbaria na barrica
do paço, com esplendor.

Versos novos, infantis,
são os do pregoeiro,
aprontem bem os fuzis
na rota do caminheiro.

"honni soit qui mal y pense"
o real com aparências,
é cantiga de "suspense"
se há coincidências.

Setúbal, 2014.07.15

9 de outubro de 2010 
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Um dia, uma noite, outro dia, outra noite, um sorriso, duas lágrimas e assim sucessivamente até ao suspiro final !



14 de julho de 2012 
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somos
eu tu nós
um campo de palavras gastas
.
de mim de ti de nós
de negro vermelho
que alvoradas
e
que espinhos ou flores nascerão
mortos que estamos
"no plaino abandonado"?

Setúbal 2012.Julho.14

14 de julho de 2012 
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Leio-te e comovo-me
e um brilhosinho nasce no meu rosto
as finas rugas no olhar
sol ou água
a emoção
.
Leio-te e comovo-me
e não sei se sabes que é contigo que falo
e sinto-me leve e preso
e
refreio o impulso
de sentir o sabor dos teus lábios
a cor do teu riso
a macieza da tua pele
.
leio-te e comovo-me
e sinto a tua ausência
tão perto e tão longe

Victor Nogueira, cronista de João Baptista


Setúbal 2012.Julho.14

13 de julho de 2014 
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(es)vai-se a vida num instante
e corrend'a charneca em flor
estala fogo, crepitante,
na campina, com esplendor.

Soará na brisa sufoco
ou aragem refrigerante;
nas minas santa-do-pau-oco
e na cidade contrastante.

Em rendilhado, no andor,
a teia, tece e ateiam
no mar, as ninfas com seu esplendor,
os marinheiros que doideiam.

Letra a letra nasce a pintura
nota a nota vem a pauta
com jogos, baile de cintura,
de eros e com pã a flauta.

Isto não é boa poesia,
pois em papel se esfarela,
como se em neurastenia
se rompesse a farpela!

De nada valem, meras tretas,
em carreirinhas desiguais,
são lantejoulas, mal rimando,
papoilas, pardais, nos trigais.

Setúbal 2014.07.13



foto victor nogueira, em lisboa grafito 'antes que caias'

caias de cair
com mil estrelas no toutiço
caias na parede
alva de cal

é o o cais
navegando
tem-te e tens
não te tens
e em vai-vem ... vens-te

viste a véstia
e na restia ... a veste
despes

no bom cair é que está o ganho
em cama ou na casa
nos braços meus ou ... teus

apanho
Oh Céus de Zeus !
o sonho sonha
bisonho ou risonho?

não rima o poema
nem rema a trama
treme o trema
na rama

e o ramo
é o cais?

Setúbal 2014.07.11

6 de julho de 2014 
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quem me quer não quero eu
quem eu quero não me quer
assim no banco, de breu,
fica jogo por fazer

eu sem sumo assumo:
em branco, tu somas, somes,
e eu no mar sem tua rima,
nu cant'o desconto, canto ...

... e o desencanto conto:
a vera fera o ferro ferra
... em fuga seu encanto
de mim, mal conto e erro

muito pouco nada

Setúbal 2014.07.06

3 de julho de 2014  
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foto victor nogueira - auto-retrato e sombras - Oeiras jardins do palácio do Marquês de Pombal)

MEMÓRIA DESCRITIVA

no jardim
aragem chinesa ou nipónica
em filigrrana rendilhada
um jogo de luzes em chiaroscuro
dicotómico e caleidoscópico

sombria de sombras
na penumbra em contrastaria
rútilo é o i

entre o gradeamento
e a folhagem
a preto e branco
síntese ou ausência da cor
senza cuore il senso
a cinza e a neve
il silenzio

sem refração
na espiral rectilínea
visto o registo
em curvilínea planura

Setúbal 2014.07.03 ****

Fatima Mourão obrigado, pela partilha,um dia lindo para ti,bjs!!!! 10 ano(s)há 10 anos Margarida Piloto Garcia É assim que gosto de te ler. Mais ainda quando vejo que são de recente lavra e por isso a inspiração não anda arredia. Gostei particularmente do poema feito a partir do soneto da Maria João Sousa de quem muito admiro a arte de os fazer e a quem pedi amizade por tal. Não foi aceite, paciência, cada um sabe o que quer e faz. Vou lendo o que escreve na tua página. E tu não pares agora que reencontraste a vontade de encher o branco de palavras coloridas, seja qual for a cor. 10 ano(s)há 10 anos Isabel Maria Continuas a ser um bom poeta e fotografo...continua.Boa tarde. 10 ano(s)há 10 anos Graça Maria Teixeira Pinto Desta poesia, gosto mais, e desculpa Victor Nogueira .A outra, que ser ser irónica acaba por ser amarga, na minha opinião, claro.E belas fotos, também! Bj 10 ano(s)há 10 anos Maria Jorgete Teixeira Poesia que dá gosto ler. Só um reparo que já te tenho feito anteriormente: são muitos poemas e imagens para um só post, as pessoas aqui passam de forma muito ligeira... 10 ano(s)há 10 anos Nascimento Maria Lindos poemas !!! Lindas fotos sobre o mar azul da nossa linda arrabida que te inspira Bjos 10 ano(s)há 10 anos Victor Barroso Nogueira Isabel Reis, Fatima Mourão e Nascimento Maria Grato pelos comentários. E em acréscimo, Menina Graca Maria Antunes a ironia faz parte de mim, sou .. ai, falta-me a expressão ! Deixa lá ver ... olha, não me ocorre o termo, com semelhanças a "irreformável", "não reciclável" ... Menina Maria Jorgete Teixeira Bons olhos te vejam, senhora da aparecida. Tenho publicado isoladamente quer na minha cronologia, quer no meu blog ao (es)correr da pena e do olhar, quer no grupo ao sabor da pena e do olhar. Resolvi fazer uma compilação parcial, que seria mais extensa se tivesse coligido toda a poesia das cartas a penélope ;.) E, the last but not the least, folgo o regresso dos nutridos comentários da menina Guidinha, aka Margarida Piloto Garcia 10 ano(s)há 10 anos Editado Maria Lisete Almeida Grata caro Amigo por me incluir na patilha das suas fotos e escritos que muito aprecio. Abraço. 10 ano(s)há 10 anos Elsa Cardoso Vicente Lindíssimos obrigada 10 ano(s)há 10 anos Odete Maria Botelho Obg. amigo Victor Barroso Nogueira...eu adorei...simplesmente bela poesia e imagens maravilhosas....Um grande abraço com mto carinho ❤ 10 ano(s)há 10 anos Maria Célia Correia Coelho Mas que inspiração !!! Gostei da poesia e das belas imagens! 10 ano(s)há 10 anos Judite Faquinha Victor, adorei todos os poemas onde transmites o teu eu e o teu sentir sobre o que vês, e o teu saber com sentimento, de um coração aberto para a poesia e partilhares por nós, também gostei muito, do texto da Gioconda!!! Continuas a ser um belo fotografo parabéns... e não desistas de o fazer e de escrever!!! Os teus poemas são melodias transmitidas pelas belas fotos forte de D. Filipe o Sado a Serra da Arrábida o forte do outãoo belíssimo amigo beijokinhas ❤ 9 ano(s)