Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
.
Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
.
Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNdomingo, 30 de junho de 2024
Entre a "Revolta na Bounty" e o nascer do sol
sábado, 29 de junho de 2024
Gotas dispersas
* Victpr Nogueira
Diz-me o escriba para anunciar que dentro dele correm a alma
e sangue árabe e judeu e africano e ameríndio. E da Galiza. Mas não de Portugal
ou Castela.
Uma flor, uma borboleta, e a resina, o olhar, meio olhar,
como se de peixe fosse, a corola do clarim, do saxofone, a concha sedimentada.
estratificada. Stendhal, Le Rouge et le Noir, ruge no ar ?
Gosto da forma como brincas aqui com as palavras. Le rouge
et le noir ruge no ar. Mas a corola do clarim aclara as flores do mal e
Baudelaire escuta as valquírias de wagner, olhar meio alucinado. Imagino.
Um poema e a foto, a foto delicada, de promessas escondidas
libertas nas asas da imaginação e do sonho, contidos ! Ou Não ! E ... qual a
cor da liberdade e do desejo para além da paleta do bianco e nero ?
Há uma leveza, uma suavidade, neste teu quadro de lágrimas,
como sudário me parece
Um campo de flores,como se jarro fosse, o cálice, a
ampulheta que mede o tempo ... quente ou frio
as palavras não chegam e o silêncio tem todos os sabores e
cores que por mim lhe quiseres dar
Nas pontas dos meus dedos sigo o teu olhar e nele (re)pousam
o sol e o mar
sexta-feira, 28 de junho de 2024
assim, mé-mé, se vê a rota do ... pêésse! (2014)
* Victor Nogueira
terça-feira, 25 de junho de 2024
Gomes Cravinho admite que Portugal pode deter Putin (2023)
* Victor Nogueira
Estes governantes estão a sofrer de stress post-covidesco ou
são efeitos secundários das "vácinas" inoculadas à voz de Comando do
Senhor Almirante Gouveia e Melo?
O Senhor Premier Costa, após passear-se por Kiev ao lado de
Zelensky, afirma ufano que «"A paz é uma vontade universal, mas todos
temos consciência de que essa paz só é possível com a vitória da Ucrânia e a
derrota da Rússia"».
O Senhor Premier Costa, mais belicista que os Deuses Hor,
Odin, Thor, Ares e Marte, borrifa-se para a Constituição "ignorando"
que esta no seu artº 7º determina «Portugal rege-se nas relações internacionais
pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem,
dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos
conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros
Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o
progresso da humanidade.»
No entretanto, o Senhor Presidente Marcelo de Sousa parece
que vai a Kiev entregar pessoalmente a Zelensky a medalha da Ordem da
Liberdade,
Para não lhes ficar atrás, ufano, o Senhor Cravinho das
argoladas incha a magra peitaça e declara garbosamente que fiel às suas
assinaturas e compromissos, «Portugal pode deter Putin.»
Mas estaremos a assistir a uma ópera-bufa ou a um
espectáculo de "vaudeville"? Portugal prender Putin, depois de nas
Lajes servir de porteiro e mordomo a Bush, Aznar & Blair na farsa trágica
que precedeu a invasão e destruição do Iraque, que terá tido a ousadia de
pensar trocar o dólar pelo €uro?
E Portugal, acompanhado por Ventura, Marcelo, Montenegro e
Costa, vai desafiar a Rússia? Prender Putin? E já agora, porque não juntar ao
embrulho Biden e Zelensky?
Desafiar a Rússia? Prender Putin, com a voz grossa e de
comando dum qualquer Senhor Almirante, recorrendo a Leopardos encostados às
boxes, a submarinos de brinquedo e a pedal amarrados ao cais, não vão submergir
definitivamente, a lanchas-patrulha presas por arames que nem conseguem
interceptar um inocente navio russo oceanográfico e com helicópteros Kamanov,
para apagar fogos, arrumados num hangar por falta de peças?!
Maria Amélia Marques Martins
realmente incompreensível estes governantes que até se julgam mais à esquerda do que outros. Mas que esquerda, afinal? O PS hoje realmente de esquerda nada tem. Que se junte aos outros todos à direita, que são realmente todos iguais
1 ano(s)
segunda-feira, 24 de junho de 2024
Santos Populares e Feiras
* Victor Nogueira
Este fim de semana vim até à minha "terra-natal" emprestada e que me adoptei - Paço d'Arcos. Mas a crónica desta viagem será para outra altura. Hoje foi a noite de S.João e do 32º aniversário do Rui Pedro, miúdo que era ainda ontem, tal cono a Susana, a irmã, que em Agosto festejará mais um aniversário, que já não deve dizer como em adolescente, para "crescer" - para o ano faço 1 6 anos qunsado em Junho ainda só tinha ... 14!
Noite de S. João, tantas que passámos na feira de évoraburgomedieval, abafados pelo calor, o Salão Central fechado para férias, reabrindo de seguida na "esplanada" que já não existe, substituída por um paralepípedo. Esplanada como a de Setúbal, onde agora é o Tribunal de Menores, sem nada a ver com as de Luanda - Miramar, Avis, Tivoli, Império.Supra-sumo era mesmo o Miramar, no cimo do morro na Cidade Alta, a vista espraiando-se pela baia onde se reflectiam as luzes da Marginal e da Ilha do Cabo, com que o estuário do Sado ou "baíia" de Setúbal tem alguma semelhança quando vista do forte de S. Filipe. Por esta altura em Évora dividiamo-nos entre as piscinas, a frescura da feira à noite e a preparação dos exames da 1ª época, verdadeiro e opressivo colete de forças.
E se no Porto, várias vezes fui com as minhas tias caçulas para a féerie das Fontainhas. De que vi hoje, na televisão, a reportagem do fogo de artifício, espectáculo deslumbrante com aliás sucede aqui em Paço de Arcos, no último dia das Festas do Senhor Jesus dos Navegantes, em Agosto.
Em Setúbal deixei de ir à Feira de Santiago, desde que a mudaram para as Manteigadas, cujo som abafado passei a ouvir no último andar duma torre no cimo dum encosta com um parque verde ao sair da porta. Mas para mim feira feira era na Avenida Luísa Todi. Tal como deixei de ir à Feira de Azeitão quando a trasladaram da rua central de Vila Nogueira para um campo feito a régua e esquadro.
24 de junho de 2012
sábado, 22 de junho de 2024
Em torno do solstício de Verão
* Victor Nogueira
Solstício de Verão
21 de junho de 2012 ·
Dizem-me que hoje é o solstício de
Verão, pleno dos santos populares ou das festas joaninas pagãs embora
cristianizadas. É o maior dia do ano e o dia tem estado soalheiro, luminoso, de
céu azul vagamente leitoso. Será estrelada a noite? E que luna nela brilhará
argêntea ou dela estará ausente ?
Nada mais de diferente lhe encontro.
Ah! Acabou a Primavera e começou o Verão. Bailem e saltem a fogueira, mas
cuidado com as queimadelas e com os queimadeles ou se preferirem, evitem as
queimaduras e os queimaduros
Verão e verismos
22 de junho de 2012
Primeiro dia de Verão que verão não
é. Faz sol mas uma aragem algo gélida percorre a casa, esfria desagradavelmente
o meu corpo e afasta-me da praia. Dir-se-à que está tudo mudado, o tempo e nós,
pois agora faz calor no inverno e frio no verão, exagero, claro, traição da
memória, pois que se inverno fosse não estaria em mangas de camisa.
Brilhante está o sol, hoje como
ontem, para mim sempre enganador, apesar de há uma eternidade não ir aos
trópicos ou avistar o Cruzeiro do Sul, Porque é, Victor, o sol enganador,
perguntar-me-ão e eu direi que para mim sol é sempre calor, que muitas vezes no
inverno chego lá abaixo e está um frio gélido. E não me aquece este sol, por
isso no verão nunca me abrigo à sombra, caminho pela rua a ele exposto, quando
todos dele fogem.
Fazendo jus ao nome, neste primeiro
dia Verão não é, apenas "Veremos" com maior ou menor verismo. Vós
vereis, não, assim não há jogo, malabarismos. Vocês verão e dir-mo-ão. Ou não !
O mais certo é não, porque o silêncio da maioria tem a dimensão do universo e
do vazio. Como se cegos e surdos e mudos e estrangeiros a maioria de nós
fôssemos
~~~~~~~~~~
Os dias estão de facto enormes e pela
janela o céu esá matizado de laranja, azul e branco, leitoso, as núvens sem
forma, manto apenas, apenas desgracioso lençol. Será de parar com as partilhas?
Ou passarem as pessoas a ler num dos meus blogs, no caso no "Ao (es)correr
da pena e do olhar" ? Ou passarem a procurar as novidades ali no
último quadrado à direita daquilo que no inFaceLock se designa por cronologia e
eu preferiria, por mais apropriado, denominar mural ou jornal de parede ? Ou passarem
a subscritores, que não vi bem como se faz? Pois, as pessoas são simpáticas nos
seus comentários - quando os fazem, mas estamos em maré de parcimónia;
parece-me abuso meu estar a invadir os murais de outrem com a minha
produção e talvez causar-lhes incómodo por não darem sinal de vida. Sim, melhor
será trasladar-me pra o blog. Ou não ?
~~~~~~~~~~
Diz-me certa mocinha que hoje é
o equinócio de verão, pleno dos santos populares ou das festas joaninas pagãs
embora cristianizadas. O dia é igual à noite e o dia tem estado soalheiro,
luminoso, de céu azul vagamente leitoso. Será estrelada a noite? E que luna
nela brilhará argêntea ou dela estará ausente ?
Nada mais de diferente lhe encontro.
Ah! Acabou a Primavera e começou o Verão. Bailem e saltem a fogueira, mas
cuidado com as queimadelas e com os queimadeles ou se preferirem, evitem as
queimaduras e os queimaduros :-)
2021 06 22 Diz-me Penélope que
há um erro no meu texto, pois em Junho há o solstício de Verão, a que se
seguirá o Equinócio do Outono. Fica a rectificação feita, acrescentando-se que
hoje foi o dia maior deste ano de 2021
Ficava-lhe bem o dom da ubiquidade!
Gosto de o ler por aqui!
Camarada, para quem viveu em Africa
como nós, espera sempre o Verão para umas boas idas à praia. Este ano anda um
pouco envergonhado, mas como ainda agora começou pode ser que daqui para a
frente se anime.
Obrigada por partilhares tão bela
nota comigo.
Beijinhos e bom fim de semana.
Adorei esta maravilhosa nota que
muito agradeço. Tem razão com a fugida do calor de verão, no dia de S. João era
habitual estar calorzinho.... está frio. Gosto imenso de receber as notas que
são optimas, se eu chegar ao blog.. vou ler. Um bom fim de semana.
Victor tens razão somos uma minoria a
comentar...mas nada de desilusões porque hoje é dia de S João e S Pedro
ouviu-te porque está um dia lindo de Verão...desejo-te um Verão com boas
leituras
Boa tarde amigo Victor (Victor Nogueira),
obrigado por mais uma partilha de mais um bom e significativo escrito teu a que
já nos vamos habituando...tenho lido todos...só, como já te disse, não os
completo pois acho que eles são teus...têm o teu cunho pessoal, falam de
parte da tua vida, portanto, se o fizesse ia adultera-los...
No entanto, amigo, se algum deles se
cruzarem com passagens da minha darei, com tua autorização, certamente a minha
humilde achega....um abraço e um bom fim de semana..
Victor já fui à praia num dia gélido,
o segredo
..../ dizia eu que o segredo é um
fato de Surf, porque S. João dá o frio consoante a roupa, mas não era isto que
eu queria dizer, mas na tempestade num copo de água que estás a fazer com a tua
plural e valiosa produção nos Blogs ou aqui ? Questão maquiavélica, porque
tudo se resume ao interesse do leitor, o que o espelho daqui reflete é o que se
passa lá fora, publiques em que Editora publicares, os interessados na leitura
ou os poucos que lêem, variam mais consoante a disposição do que com a localização...penso
eu de que...no entanto não sou fan de Blogs. Porquê, perguntarás tu ? Não sei
responderei eu e assim te continuarei lendo e apreciando, onde quer que
estejas, ao meu alcance. Keep trying. B.F.S.
O Verão chegou e eu nem dei por ele.
Não escrevi em blogues tb não vim ao face, nem publiquei. Não fui à praia e mal
senti o sol. Terei morrido??
Com os quase 40ºC que estão para
chegar em breve, mudarás de opinião, Margarida: Estávamos vivos e frescos,mas
então é que iremos ver como o Verão nos vai morder...LOL.
Não percebi, Teresa
Borges Palmeira, o "dom da ubiquidade" Li com atenção
as diversas leituras, preciosas para o escriba que sou. Sim, o calor aí está,
já hoje o senti. O "verão" passou a "Vê" Belaminda Silva, Deolinda
Figueiredo Mesquita Mesquita . E o Carlos
Rodrigues "acertou", Margarida
Piloto Garcia, o que te deixa muitos dias de praia pela frente ! Varela José
Inácio, vá lá, não te inibas e ajuda a animar a festa. Para as moças
aquele beijo, para os moços, o abraço do costuma. Para todos/as, incluindo
os/as lacónicos/as ... o meu sorriso
22 de junho de 2012 ·
Primeiro dia de Verão que verão não é. Faz sol mas uma aragem algo gélida percorre a casa, esfria desagradavelmente o meu corpo e afasta-me da praia. Dir-se-à que está tudo mudado, o tempo e nós, pois agora faz calor no inverno e frio no verão, exagero, claro, traição da memória, pois que se inverno fosse não estaria em mangas de camisa.
Brilhante está o sol, hoje como ontem, para mim sempre enganador, apesar de há uma eternidade não ir aos trópicos ou avistar o Cruzeiro do Sul, Porque é, Victor, o sol enganador, perguntar-me-ão e eu direi que para mim sol é sempre calor, que muitas vezes no inverno chego lá abaixo e está um frio gélido. E não me aquece este sol, por isso no verão nunca me abrigo à sombra, caminho pela rua a ele exposto, quando todos dele fogem.
Fazendo jus ao nom neste primeiro dia Verão não é, apenas "Veremos" com maior ou menor verismo. Vós vereis, não, assim não há jogo, malabarismos. Vocês verão e dir-mo-ão. Ou não ! O mais certo é não, porque o silêncio da maioria tem a dimensão do universo e do vazio. Como se cegos e surdos e mudos e estrangeiros a maioria de nós fôssemos.
Hoje é o solstício de Verão
2022 06 21 - Hoje
é o solstício de Verão, terminando a Primavera, mas, ao contrário dos
anteriores, límpidos, brilhantes e de brasa, o dia de hoje esteve nublado,
frescote, chuvinhento, e á noite as núvens escondem o céu que por cima delas é
estrelado. Tudo é silêncio, salvo o baque ritmado dos dedos no teclado e o
zumbido nos ouvidos. Divirtam-se e bailem os vossos corações ao som das
canções!
2022 06 23 -
Terceiro dia após o solstício de Verão, as noites a diminuírem até ao de
Inverno. As manhãs são tristonhas, cinzentas, nubladas, outonais, pluviosas-
Por vezes o sol rompe as núvens a meio da tarde, iluminado-as e aquecendo-as
qb, em temperatura amena.
O Fiesta, tal
como outros carros, continua coberto de poeira, o pó que a chuva neles
deposita, sem que os lave. Há que esperar por melhores dias para lavá-lo e
livrá-lo da sujidade que o cobre.
Que venham
melhores dias, para que o esqueleto deixe de dar dolorosamente sinal da
sua decrépita existência.
Logo é noite de S. João, com arquinhos, fogueiras, bailaricos, balões e foliões, em multidões espraiando-se elas ruas. No centro histórico de Setúbal as ruas já estão engalanadas com festões de papel multicoloridos.
2022 06 23 - Olá!
Bailem alegres os corações em folia e sintonia, desde que os pezinhos de dança
não arrepiem 😛 Creio que em toda a minha vida apenas fui uma vez ao S. João
nas Fontainhas do Porto e ao Santo António, na Alfama lisboeta.
À noite não
fui gozar o S. João (Porto). Preferi ir para a cama. Acordei às duas da manhã.
Disso se encarregaram as minhas tias, batendo me suavemente (irra!) com os
alhos e falando pelos cotovelos. (Diário III - pag. 196) (1)
(1)
- Trata-se duma festa muito animada, que se desenvolve pela madrugada
dentro, sobretudo na encosta das Fontainhas, com os concursos das rusgas e das
cascatas.
No Santo António em Alfama fui com a minha mãe, tias e mais pessoas amigas. Era uma confusão de gente, com as mesas e bancos corridos de madeira, ensebadas, limpas com um pano sujo, a louça e talheres passados por água em barricas, os talheres e os pratos ainda com restos de sardinhas dos comensais anteriores. Todos se divertiram e comeram, menos eu, face àquela falta de higiene e confusão.
Santos Populares e Feiras - Victor Nogueira por Victor Nogueira
sexta-feira, 21 de junho de 2024
De quantas roupagens e de quantos espelhos se veste o amor ?
* Victor Nogueira
21 de junho de 2014 ·
De quantas roupagens e de quantos espelhos se veste o amor ? Como e em que balanças se pesam os corações ? De que matéria ou materiais são feitos? De quantos rios refluindo em riacho cada vez mais estreito e para longe do mar ? De quantas luas se faz o sol ? Como se apura o deve e haver da mão invisível que equilibra as curvas da oferta e da procura ? Na economia do amor de que monopólios ou oligopólios se alimenta ? Amor rima com ar-dor e an-dor e amizade com serenidade.Fica um campo de flores estreladas.
quarta-feira, 12 de junho de 2024
QUEM ÉS TU, NÃO SEI. E TU, SABES?
* Victor Nogueira
12 de junho de 2014 ·
QUEM ÉS TU, NÃO SEI. E TU, SABES?
Estávamos pois sentados no jardim ou à beira-rio. Perguntavas-me mas não sei o que é o amor. O valor e a força das palavras não reside no seu exterior mas sim no seu conteúdo. Mas dir-te-ia: estava por ti apaixonado, isto é, estava contente, feliz, deslumbrado, com uma imensa ternura por ti. Eras uma pessoa de carne e osso e não uma ideia ou palavras num papel. E isso permitiu-me dizer-te: “Então, quando é que a gente se casa?”.
Naquela altura não tinha dúvidas nem questões a pôr. A vida é que nos dá a resposta. Tu terás certezas. Eu, não! As minhas certezas sobre as pessoas e as coisas nascem dos acontecimentos quotidianos.
Penso muitas vezes em ti. Por vezes com um desejo muito grande da tua presença. É ridículo: esperar que entres pela porta adentro, que estejas aqui comigo, que o telefonema seja a tua voz, que a voz lá em baixo sejas tu! Esta é a única certeza: o desejo, por vezes intenso, da tua presença, da tua mão no meu braço. Que nome dar a isto? Não me preocupo. Sei apenas que acontece.
Outras vezes olho para as pessoas que estão ao meu lado: “personas” de carne e osso, que sorriem e falam, que eu conheço ou não, que muitas vezes gostaria de conhecer. Não porque deseje ou tenha feitio para coleccionar “amores”. Mas não posso deixar de sentir ou calar aquilo que me falta. E tu, tu estás longe, com as tuas reservas, a tua falta de confiança em mim (será?), os teus impedimentos. E perante a nossa reserva as palavras são uma ausência, uma barreira, e não uma ponte ou um caminho.
Olho para ti, para as tuas fotos, as que tirámos, no paredão, no jardim junto ao riacho, nas dunas à beira-mar, na tua sala acolhedora, em minha casa, na estação ferroviária, na esplanada da cidade aberta, no meio da multidão que enche a rua. Olho para ti e tu sorris, com esse teu jeito atencioso, gaiato, leve e risonho, e isso é uma carícia que os nossos dedos e os lábios completam. Mas tu não estás aqui e … o cansaço cai novamente sobre mim e o dia se faz noite cerrada, com o vazio pela tua ausência.
Como quebrar o silêncio das palavras? Como libertar os gestos? Como sair da terra de ninguém e distinguir o canto da sabedoria?
Escreveu Alberto Caeiro: “O amor é uma companhia/Já não sei andar só pelos caminhos/ Porque já não posso andar só / … / E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar”.
Quem és tu, não sei. E tu, sabes?
Paço de Arcos 2014.06.12
Foto Victor Nogueira
~~~~~~~~~~
Maria Célia Correia Coelho
Belo, terno, sensivel e muito humano este precioso texto!! Obrigada pela partilha.
• 10 ano(s)
Margarida Piloto Garcia
Victor, estes teus textos melódicos são extremamente belos e intimistas. Não sei se há neles uma exposição se apenas inspiração. Ela não sabe quem é ou talvez saiba mas não possa sê-lo. Mas tu podes
• 10 ano(s)
Maria Jorgete Teixeira
Mais um texto de que eu gosto especialmente, num registo intimista, fluido, onde a leitura não esbarra em construções arrevesadas, mas com a profundidade de um espírito sensível...Elas encontrar-se-ão por entre as tuas palavras, aqui e ali, nas fotos fragmentadas no espaço e no tempo da memória.
• 10 ano(s)
Graça Maria Teixeira Pinto
Outro belo texto, onde deixas deslizar a pena, (em figurado, claro...) as sensações, as recordações doces, com ternura e nostalgia, pouco habitual em ti, que és mais de ironias...( A opinião é minha, e portanto, falível,,,:))Bj
• 10 ano(s)
terça-feira, 11 de junho de 2024
No tempo em que eu era mais jovem
No tempo em que eu era mais jovem
a minha memória não era uma manta de retalhos
cada vez mais esfiapados
em farelos
Tudo e todos apareciam nos seus lugares
com nitidez
Hoje sou menos jovem
e a história e o passado estão cada vez mais esmaecidos.
No tempo em que eu era mais jovem
o meu rosto era risonho
e o teu olhar cintilante;
caminhávamos lado a lado
As ruas da cidade eram largas e desassombradas
e tu a serei-a dos meus encantos.
Santa Maria dos travesseiros e das travessuras,
tanto que gostámos um do outro
tanto que de ti gostei
e escrevo no passado porque o futuro nunca se realizou.
Se hoje me sentasse perante mim
não reconheceria o jovem que fui nos vinte anos que tive
hoje com as olheiras das noites mal dormidas
e o rosto baço;
apenas os olhos continuam a sorrir com o brilho das pupilas
apenas iguais as finas rugas ao canto dos olhos.
A cidade não cresceu
manteve-se igual a si mesma
pequena, mesquinha, de vistas curtas
sem a vastidão das plagas africanas onde o horizonte estava
para além do infinito e tudo era nítido e contrastante
sem meias águas
De abril e das manhã límpidas a grandeza do sonho
da claridade logo ali,
generosa e cintilante ao virar da esquina, ao alcance da mão
e no sorriso duma criança, nada mais resta
foram-se as águas e ficaram as mágoas
sem anáguas
No tempo em que éramos jovens
as ilusões não eram mil paredões amortecidos com a dureza
duma rocha!
Ainda haverá esse dia que seja alvorada e não cerrada noite?
Quem está por detrás das palavras, das máscaras?
Quem está sem assombro para lá do proscénio?
Quem mora em nós?
Porque azedou a suavidade do nosso riso cristalino e porque
nos afogamos na mansidão das águas revoltas?
No tempo em que éramos jovens o futuro não era uma vereda
nem a memória uma rede de interstícios
A vida era feita de portas e janelas abertas ao sol, ao
vento, à chuva, à brisa ….
Hoje que já não somos jovens
que esperamos um do outro ?
De que cor são ás águas ?
Águas-mil, águas-fel, águas-mel, águas ardentes?
Que esperamos das ondas que morrem na areia da praia?
“Hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas”
Cada dia que surge é sempre o 1º dia do resto das nossas
vidas!
E cada vez menos são os primeiros dias após cada dia que
passa para lá desta noite.
Haverá dia em que a noite se torne ainda alvorada alvoreada,
para além do (es)correr da fina areia que no cerca e soterra
?
De quantos rios e risos se faz o mar
e sobre que ondas as gaivotas se fazem ouvir para além do
canto da cotovia?
No tempo em que éramos jovens …
,,, era límpido e generoso o futuro !
E hoje ?
Paço de Arcos 2014.06.11
Foto Victor Nogueira
~~~~~~~~~~
Maria Jorgete Teixeira
Fez-me lembrar, vagamente, o poema "Aniversário" de Álvaro de Campos. Volto a dizer: gosto deste teu lirismo nostálgico.
• 10 ano(s)
Clara Roque Esteves
Vítor Victor Nogueira, este é o teu registo que mais aprecio. Uma grande sensibilidade, uma ternura nostálgica, um tecer de sentimentos e sentidos muito bem elaborado, sentido e consentido. Gostei muito. Muito obrigada pela partilha e, mais uma vez, as minhas desculpas se não te leio regularmente porque nem todos os dias entro no FB. Um grande abraço.
• 10 ano(s)
Graça Maria Teixeira Pinto
Brilhante! Destes, gosto! Uma nostalgia, uma ternura,o poeta deixa-se ir por entre as emoções, sem se deter em barreiras. Bj
• 10 ano(s)
Margarida Piloto Garcia
Lirismo cativante neste belo poema. Há um certo desencanto e pessimismo mas ao mesmo tempo aquele "agora sou menos jovem" traz em si uma brisa de esperança. Adorei estas tuas palavras.
• 10 ano(s)
Jose Gravanita
quando nos soltamos num lirismo que abrange o nosso passado, é impossível libertar-nos do desencanto que a nossa vida revela em cada momento...saírmos do novelo é tão difícil!...
• 10 ano(s)
Manela Pinto
amei compadri Vitro, falta o livro, beijo
• 10 ano(s)
Texto reflexivo e encantador. Tudo já está dito, mas gostaria de acrescentar minhas impressões. Quando somos jovens, a esperança parece gritar alto e se mover em nosso peito, e vamos agindo, até sem pensar, porque o grito dela nos ensurdece. O futuro parece mais próximo, e conseguimos determiná-lo com mais clareza. ainda sou relativamente jovem, mas já sinto os sintomas a que você se refere. Quando éramos jovens, fazíamos tudo depressa, e aproveitávamos a vida para errar, já que tínhamos muito tempo para consertar. Agora, que não somos tão jovens, olhamos para trás e visualizamos erros que não foram corrigidos, e acertos sem vvalor ou validade. O desespero da nostalgia bate à porta, mas, como você mesmo disse, Victor, há uma solução; pensar que estamos sempre no nosso primeiro dia de vida. O que passou, passou. E o que ainda passará, não sabemos.
há 9 anos
Filipe Chinita
obrigado.meu querido camarada e poeta
• 5 ano(s)
segunda-feira, 10 de junho de 2024
A cassete e o cacete dum certo Carlos Manuel (2024)
CDU SAÚDA OS QUE "TIVERAM A DETERMINAÇÃO E A CORAGEM" DE VOTAR NA
COLIGAÇÃO
Vasco Cardoso, membro do Comité Central do PCP, reagiu às projecções das
televisões, que dão conta de que, na melhor das hipóteses, a CDU elege o cabeça
de lista, João Oliveira.
O membro do Comité Central começou por notar que estas projecções foram
feitas “num contexto muito incerto”, já que o voto em mobilidade foi
introduzido pela primeira vez e não permite uma “aferição tão rigorosa”, no
entanto, relativizou as projecções: “As coisas estão ainda em aberto, vamos
ver”.
“É um momento para saudar aqueles que, num momento particularmente
exigente, tiveram a determinação e a coragem de dar o seu voto à CDU”, assumiu
Vasco Cardoso, acrescentando que os que escolheram votar na CDU, deram “força,
àqueles que denunciam a crescente dependência externa, a corrida ao armamento”
e têm “a coragem de defender a soberania nacional”.
“Se se confirmar a eleição de um deputado da CDU para o Parlamento Europeu,
é a garantia de que haverá” uma “voz, em muitos aspectos única, na defesa dos
interesses nacionais, da paz, dos direitos dos trabalhadores”, frisou Vasco
Cardoso, sublinhando que o contexto destas eleições é “particularmente
difícil”.
Sobre o crescimento da extrema-direita, o PCP olha “com preocupação o
crescimento da extrema-direita e das forças reaccionárias”, neste que é um
“momento muito difícil e exigente”, argumentou.
“Nos 50 anos do 25 de Abril, a vida mostra-nos, ao longo destes anos todos,
que há avanços, que há recuos mas desde que haja uma determinação muito clara
em estar sempre ao lado dos trabalhadores, do povo e do país, mais cedo do que
tarde isso produz também resultados”, atirou Vasco Cardoso.
Cassete sempre
·
12 h
Autor
Administrador
Carlos Manuel Pois. Há quem nunca largue a sua
cassette, ao falar da alegada cassete ... a dos outros, como aqueles que
vislumbram o argueiro na vista do outro mas por falta de espelho não conseguem
ver o barrote ou tapume que obscurece os seus próprios olhos LOL
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12 h
Victor Nogueira outros querem
dizer tanto que nem se percebe o que escrevem
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12 h
Autor
Administrador
Carlos Manuel Pois ... Manda a bojarda da cassete, e
fica todo feliz e contente. Agora rebater, contra-argumentar ... Ao menos o
Carlos Manuel não corre o risco de não perceberem o que escreve. Escreve,
lampeiro, "cassete", e parte todo feliz e contente com a
sumidade do seu singular escrito. Olhe, goze em paz e sossego este fim de
semana prolongado!
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12 h
Victor Nogueira ver o seu perfil
facilmente conclui-se que existem "canudos "sem perceber-se porque o
são
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12 h
Autor
Administrador
Carlos Manuel Tão perspicaz. Nem uma ideia com
princípio, meio e fim. Apenas bojardas, muito rasteirinhas.
Mas quem dá o que tem, a mais não é obrigado, diz a sabedoria popular. E
pelos vistos o Carlos Manuel não consegue adejar senão muito rasteirinho?
Como também diz a sabedoaria popular, não vale a pena gastar cera com ruim
defunto LOL
Já agora, porque na verdade sabe escrever duas seguidas - basta passar os
olhos pela sua página - explique porque disse que aquilo que publiquei não
passa duma cassete!
Mas, se não consegue alinhavar mais que bojardas, com a ronha da sua
cassete, descanse. E desampare-me a loja, pois à sua porta não bati eu
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10 h
Victor Nogueira e a sabedoria
popular também diz que "cheira-me a monte de estrume ao longe", sem
sabedoria popular...cheira-me que à homens que gostam de homens, eu assumo
gostar de mulheres
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7 h
Autor
Administrador
Carlos Manuel Pudera. Deve estar completamente senil,
tão senil que até nem se apercebe do seu fedor! O fedor dum provocador rasca.
Vá lá para a sua pocilga e deixe-se de tretas!
A propósito: Não se escreve "á homens" mas sim "há
homens". Ou é lapso dactilográfico ou ignorância?
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23 min
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