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- O retrato fiel do que sou deixou-o escrito Gramsci: "Pessimista pela razão, optimista pela vontade.". Está tudo dito. (Saramago)
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Se te não considerasse, não te ligaria ! Bjo, mana desirmanada !
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VN
1 comentário:
Neste texto, o sujeito poético traça o retrato de alguém desencantado,que quer passar pela vida sem grandes envolvimentos,livrando-se das emoções,um pouco ao gosto da ataraxia de Ricardo Reis.De notar o título "Calmaria" que nos remete para uma vida sem sobressaltos,deixando correr o tempo, "carpe diem".
A necessidade de abolir o sentimento é posta na referência a Pessoa e à sua lucidez: a lucidez que o impede de ser feliz ou fazer feliz a alguém.
Mas este desejo de indiferença é traído logo a seguir quando nos fala do retorno das palavras que lança "ao vento":" a "aridez"" o olhar fixo", "o mar coalhado de cinzas"" as flores esmaecidas"remetem para o so frimento que pretende negar.
Ao mesmo tempo que diz viver em paz,vai escutando a voz que diz "não te iludas" , o que demonstra que tem medo dessa ilusão.
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