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POEMA SEM ROSTO
Numa noite azul clara,
Verde, da cor do céu,
Achei-te, moça rara,
Bonina, sem escarcéu!
Com andar pequenino,
Incerto, inquieto,
Bem frágil, toca o sino
Numa casa sem tecto.
Vendo no teu olhar,
Tua voz e teu rosto,
Uma rosa a cantar
Com suave, belo mosto.
Toca toca telefone,
Mil vezes sem parar,
Cego e surdo, com fome,
De ver-te navegar.
Onde estás, moça bela?
Onde estás, oh! sol nascente?
Menina vem à janela,
Não me deixes sedente!
Pois gaivotas são fonte,
Um areal, um jardim,
Vendaval, uma ponte,
Um cravo ou jasmim.
Navega, barca bela,
No mar alto, sem rosto;
Cuida bem, sentinela,
Não me tragas desgosto.
Nela e' meu pen(s)ar. Nela,
Sinhá do sol nascente,
Ao luar uma gazela,
Graciosa, sorridente.
A menina? Abalou
Deixando-me em caminho.
De mim não se encantou,
Perdendo-me sozinho!
Roseiral, brancaflor
Vem comigo namorar;
Serás sol ou ardor
Como ave a murmurar!
1992.03.02/03
SETUBAL
2 comentários:
Gostei, pois fazes inúmeras referências á Natureza! :D
Tiago'
Ó que grande confusão
que a cachopa criou
o Victor em "combustão"
a "bela" não apanhou!...
bj
Maria Mamede
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