Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Setúbal e a vida quotidiana no muito antigamente

* Victor Nogueira
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Setúbal





A vida quotidiana



Uma breve paragem em Setúbal, para reabastecer a máquina e desentorpecer as pernas. (...) Escrevo enquanto espero o prego, o Compal de ananás e o iogurte de morango, aqui na esplanada dum café duma rua azafamada. O céu escureceu e à minha frente está cinzento. Daqui a pouco deve desabar um dilúvio. Gosto de Setúbal. Não sei bem porquê. É muito diferente de Évora. É mesmo o seu contrário: movimento e vida, azáfama e montes de pessoas, ruas largas e árvores. Reparo mais nas pessoas que em Évora. (MCG - 1972.12.28)

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Demos hoje uma voltas por Setúbal e pela Serra da Arrábida. Os arredores da cidade são muito arborizados e algumas estradas correm junto ao mar (ou rio ?). Mas, contrariamente ao de ontem, o dia de hoje esteve enevoado e chuvoso...

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Tal como em Badajoz, existem ruas por onde só passam pessoas, cheias de lojas. Fui visitar o Museu [Convento de Jesus] que não tive tempo de ver totalmente. Fiquei apaixonado pelos primitivos portugueses (pinturas do século XVI), dum realismo e beleza impressionantes: as expressões, as lágrimas, as ilusões de óptica... Tenho de lá voltar. Agora é que não posso deixar de ir visitar - desta vez - o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Também apreciei muito uma escultura chinesa e, sobretudo, um S. Pedro de madeira, cor de camarão, com as veias e as rugas tão reais, tão reais, que se fossem em tamanho natural enganar me ia.

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Terminei a minha digressão turística com uma visita às Igrejas de Santa Maria e de S. Julião. (1) Depois dum lanche frugal, apanhei a camioneta para Cacilhas, depois o ferry-boat para o Cais do Sodré e o comboio para Paço de Arcos. Só me faltou andar de avião. Em Setúbal reconheci o Zeca Afonso. Refreei o impulso de perguntar lhe "Você é que é o Zeca Afonso ?" e deixei o seguir para um café da Praça do Bocage. (MCG - 1972.12.29)

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Daqui da esplanada do café, olhando à minha direita, a paisagem é esta. (2) Olha lá, e se a gente viesse viver para Setúbal? É mais sossegada que Lisboa e é uma hora de camioneta! A tarde está chuvosa, o café está cheio de gente, rapazes e raparigas, e a passarada faz uma chilreada enorme por entre as árvores. (MCG - 1973.11.01)

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Cá arranjei um quarto (só quarto) em Setúbal, para os lados do Hospital.(3) Fica um pouco longe da Escola, mas há transportes regulares e relativamente frequentes, que passam mesmo ao pé da EICS [Escola Industrial e Comercial de Setúbal]. Praticamente ainda não tive uma única aula, umas porque são nuns pavilhões, que não estão construídos, outras, ou não apareceram os alunos ou só um ou dois.(4) Aborrece-me o ofício de professor e ainda mais nestas condições, andando por aí o dia inteiro ou enfiado no quarto, sabendo que em Julho levo um pontapé e recomeça tudo. (NSF - 1978.01.11)

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(...) Olho pela janela e um rebanho de ovelhas vai ali pela placa central da avenida [Bento Caraça], por entre a lataria dos automóveis, vestígio do tempo em que esta era uma zona rural, como testemunham o olival além atrás e os nomes das ruas do Bairro da Belavista. De repente aumenta o movimento automóvel e apercebo-me que é meio dia e trinta e que vão sendo horas de abalada, pois vou almoçar à Baixa, para debater algumas questões político-partidárias.(....) (1986.12.03)

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Olho pela janela da sala e o campo florestado estende se até ao horizonte, aqui além cortado por aglomerados populacionais como o Faralhão, Praias do Sado ou Manteigadas, para além dum e outro casal. (MMA - s/data [1986.12])

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Aqui em Setúbal está uma bela tarde, soalheira, embora este sol de inverno não aqueça e o pessoal diga que o meu gabinete está gelado, consequência de alguém me ter "fanado" (5) o "meu" aquecedor a óleo e não ter descoberto o autor da gracinha; com a celeridade com que trabalha a secção de Compras devo ter o aquecedor lá para o pino do Verão! Enfim, azares que servem para enrijar os ossos e a musculatura. (XXX - 1987.01.19)

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Olho pela janela e apercebo me desta tarde cinzenta e chuvosa, as pessoas correndo enquanto outras passam mais ou menos vagarosas, lutando contra o vento agreste debaixo de guarda chuvas mais ou menos coloridos. À falta de parques de estacionamento próximos, a placa central da avenida [Bento Caraça] está coberta de automóveis arrumados "a la balde", enquanto o trânsito pára em pequenas bichas cada vez que um autocarros estaciona para largar ou meter passageiros. (CTT - 1987.03.24)

Está uma tarde linda, cheia de sol, com os campos verdes cobertos aqui e além com manchas amarelas de flores. Ali no gravador canta o Zeca Afonso, que tinha uma voz muito bonita. E ao mesmo tempo fico triste com elas (canções), porque me fazem lembrar o tempo do fascismo, quando havia esperança de lutar e conseguir um mundo melhor, sem guerra. nem miséria, nem fome, mas onde houvesse alegria, liberdade e paz. (SNS - 1987.04.26)

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Morando e trabalhando em Setúbal, que me encantou outrora, quando jovem e estudante em transito de Évora para Lisboa, Porto ou Luanda. (CTT - 1988.03.06)

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A mudança da paragem do autocarro tornou o café [Lorimar] mais frequentado e menos remansoso em determinadas horas, quando se amontoa pessoal aparecido sabe-se lá de onde. Contudo, em certas horas, ainda continua a ser um local agradável, acolhedor, como simpáticas são normalmente as proprietárias, entre a malta conhecidas como as "manas gordas". Há um outro café, o das escadinhas, também simpático embora mais calmo por não estar em sítio de passagem ou junto a paragem de autocarro.

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Aqui nesta zona residencial ficam parte dos serviços municipais, em área que era para ser um centro comercial, e talvez isso explique o hábito que se criou nos cafés das redondezas dos clientes levarem os comes e bebes para a mesa e, muitas vezes, de retorno para o balcão.

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(...) E foi assim que tudo começou: escolhida a mesa, uns sentaram-se e outros ficaram a fazer o avio e por isso só depois reparámos que a mesa escolhida estava suja, pelo que pedimos às manas que a limpassem, o que lhes caíu mal, enervou e fez com que uma delas derramasse a cafeteira do chá a ferver sobre as minhas calças o que, diga-se de passagem, não foi pêra doce. Por isso, uma hora depois, estava "caído" no Centro de Enfermagem, porque me doía cada vez mais o local da queimadura.

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Às dezoito horas a sala de espera encontra-se habitualmente repleta de pacientes quase sempre "pacientes" enquanto aguardam o médico ou o enfermeiro, pelo que resolvi matar o tempo com aquelas revistas e jornais antigos que jazem nas salas de espera de consultórios. E foi assim que peguei na "Nova Gente" e procurei o ponto de encontro onde encontrei a Maria Helena, arquitecta, que mora em Lisboa, cidade que outrora amei mais do que actualmente, pois entretanto habituei-me ao relativo sossego de Évora e de Setúbal, onde quase tudo está ali ao alcance da mão, pese embora e por vezes a pasmaceira das terras pequenas, entremeada embora pelo individualismo e falta de calor e solidariedade das terras grandes.

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Mas não é hoje que vou falar sobre Évora, essa ilha sem mar no meio da planície alentejana ou sobre Setúbal, vagamente parecida com Luanda, onde nasci e vivi durante vinte anos. E também não é sobre Lisboa que falarei desta feita, essa Lisboa por onde ainda gosto de deambular aos fins de semana ou no Verão, quando não há corridas, nem engarrafamentos, nem esperas de fazer perder a paciência e a boa disposição.

(...) Nas horas vagas leio, procuro conhecer novas terras e novas gentes, ouço música e vou ao cinema ou ao teatro. E também escrevo. E foi num desses que surgiu o Auto-retrato em Passatempo, "inspirado" num poema duma das glórias de Setúbal, de seu nome Bocage, embora se fiquem por aqui as semelhanças e parentescos!

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Com nariz grande, olhar estrelado,

Baixo, cabelo negro, ondulado,

Magro, moreno, mui desajeitado,

Nada ou p'la vida sempre perdoado.

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Buscando amizade, mau achado,

Agindo calma ou mui despeitado,

O êxito logrou, mal torneado,

Com persistência e pouco alegrado.

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Tolerante, mas não libertário,

Conduzindo, longe da multidão,

Na vida procurando liberdade.

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Em tudo mal, buscando seu contrário,

Com ar sério ou risonha feição,

Mal sente, co'a razão, felicidade. (CTT - 1990.03.12)

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(...) Eis-me, pois, regressado a Setúbal, onde amanhã começa mais um Festival de Teatro, este homenageando o Mário de Sá Carneiro, mas que não me seduz muito pelo programa apresentado. Outrora sempre vinham cá companhias de todo o país, das consagradas, que nos permitiam ver ou rever as peças durante o ano representadas em Lisboa, Porto e arredores. E assim se vai perdendo o teatro. Mas não só o teatro. Agora foi a vez do Casino Setubalense, ultimamente especializado em pornografia, após a fase do kung-fu e dos lacrimejantes filmes indianos, onde uma vez consegui ver "Por Favor Não Me Mordam o Pescoço", do Polanski, por uma daquelas insólitas surpresas proporcionadas pelo exibidor. Segue-se este encerramento ao do Luísa Todi (agora Forum Municipal), ao do Bocage, ao do Grande Salão Recreio do Povo (agora Banco, preservada a fachada) ou ao do Salão da Sociedade Recreativa Perpétua Azeitonense. Consequências do vídeo, embora nada se compare ao envolvimento duma ecrã maior ou menor ou do cavaquear no intervalo, ritual também já ultrapassado nas salas de bolso que proliferam nos centros comerciais, desaguando os espectadores directamente para os corredores "montrados" e feéricamente coloridos. (MBC - 1990.09.19)

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Ultimamente a rua parece um forno. como se estivéssemos no Alentejo, com uma brisa sufocante e uma luminosidade que fere o olhar. (...) Há dias em que o brilho do ar é tão intenso que não consigo ler o jornal ao fim de semana no cimo das escarpas de Santos Nicolau, com o Estuário do rio Sado ao fundo e a Serra da Arrábida à direita. Mas aqui à noite, na varanda, corre uma brisa acariciante, conjuntamente com o cheiro da terra molhada. (MMA - 1993.08.10)

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Já é meio da tarde. Enquanto escrevo estou distraído. Como sempre fui comprar os jornais, mas desta feita não fui lê-los para debaixo duma árvore na estrada da Figueirinha ou no cimo das escarpas de Santos Nicolau, com o Rio Sado e a Serra da Arrábida ao fundo. Não, desta vez fiquei me pelo porto de pesca, mas como o tempo se tornara de trovoada quente e desagradável, mudei para debaixo duma árvore do degradado Parque José Afonso, agora transformado em parque de estacionamento automóvel, embora hoje quase vazio. (MMA -- 1993.09.10/11)

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Hoje é feriado municipal, dia do Bocage. Por pouco passava-me desapercebido. Houve um ano em que me esqueci do raio do feriado, só me apercebendo dele quando cheguei ao edifício da Tetra e bati com o nariz na porta envidraçada!

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Como tinha o carro na oficina (só mo vieram entregar agora à tarde), hoje andei de autocarro, o que é por vezes mais interessante do que passar rapidamente de automóvel pela rua, com a atenção fixa ao espaço à nossa frente. Com efeito olha-se para o lado, vêm-se pessoas conhecidas de vista, apreciam se as conversas e os cumprimentos, incluindo os do motorista para com as pessoas que reconhece no passeio enquanto o sinal vermelho não abre. Esta carreira da Terroa e outras similares, em terras como Setúbal, funciona como carreira familiar, onde o motorista e as pessoas se (re)conhecem das viagens de todos os dias.

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Na Praça do Bocage há uma alva barraquinha estilo mourisco, inaugurada hoje, contendo as principais peças do Plano Director Municipal, agora em fase de discussão pública. Lá estava a minha querida directora, rodeada de alguns colegas nossos, que ainda de longe me fez um correspondido aceno de mão com um sorriso de derreter o coração do mais incauto, aceno que se transformou numa amena cavaqueira quando cheguei ao pé deles e da barraquinha. (MMA - 1993.09.15)

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Antigamente havia mais convivência, porque os gabinetes eram salas enormes cheias de vasos e plantas; agora e desde há uns anos as salas foram sendo divididas e subdivididas em gabinetes cada vez mais minúsculos. As pessoas estão mais isoladas e formam se grupos e subgrupos, que se encontram em cafés diferentes: os fiscais no café lá em cima, no Largo, os desenhadores neste ou no café das escadinhas, os técnicos no café das escadinhas, abandonado que foi o café das manas [na Avenida Bento Caraça], onde continuo a ir com as arquitectas Arminda ou Nina e onde vai o pessoal da secretaria. E isto para não falar na Directora, com o seu séquito (arqº Zé Manel e engª Margarida) que já deixaram de se misturar com o maralhal. (MMA - 1994.02.20)

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Antigamente, aos fins-de-semana, ia até à Serra da Arrábida ou até ao morro de S. Filipe ou para a Estrada da Comenda, o carro debaixo da sombra duma árvore para ler o jornal e para ouvir música. Mas agora fico-me pelo descampado no cimo das escarpas de Santos Nicolau, onde as árvores ainda não cresceram e para onde agora vão muitos carros, demasiados para o meu gosto. Aliás cada vez mais a cidade está sendo separada do rio, por causa do aumento do Porto de Setúbal, e cada vez mais nos arredores as casas substituem as árvores ou o arame farpado impede o acesso aos campos. (MMA - 1994.02.20)

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Lá se vai dentro em breve o meu privilégio de trabalhar a escassos metros de casa. Vamos mudar para um edifício novo, com quatro ou cinco pisos, no centro da cidade, perto dos Paços do Concelho. Aqui em cima estamos distribuídos por dois pisos no que também esteve para ser um centro comercial, agora transformado em autêntico labirinto, com portas, corredores, escadas e paredes envidraçadas por todo o lado. Uma autêntica ratoeira em caso de sinistro mas, como se costuma dizer, em casa de ferreiro espeto de pau. Sempre é melhor irmos para o Centro da cidade, não só porque há mais economias nas comunicações entre os serviços e nas deslocações dos munícipes, mas também porque há mais vida e movimento lá em baixo. (1994.02.23)

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Se me ficasse apenas pela aparência do que os meus olhos vêm, a neblina e o cinzento que envolvem a cidade prenunciariam um dia frio, de chuva miúdinha. Mas o suor goticular que permanece à flor da pele sem que se evapore indica que o resto do dia, para além de nublado, será quente e húmido. Uma boa chuvada seguramente que refrescaria o tempo e afastaria este pesado chumbo que me envolve, que em Luanda, na estação quente, prenunciaria grandes e violentas bátegas de água quando não relampejantes e ensurdecedoras trovoadas. Mas este é um país de brandos costumes, de pequenas tempestades, de meias águas e de meias tintas. E depois nem sequer há os quilómetros de areia de praias para mergulhar como na minha terra perdida. Como se não bastassem os ajuntamentos, as praias da costa da Arrábida estão na sua maioria impróprias para consumo devido ao elevado grau de poluição. De modo que ao fim do dia, após o emprego, resta apenas a água fresca do chuveiro. (MMA - 1994.06.20)

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Já mudámos de edifício, vai para mês e meio. Agora trabalhamos no centro da cidade, mas as relações entre as pessoas alteraram-se radicalmente no enorme casarão de seis pisos e paredes frias onde se concentraram vários serviços municipais até então espalhados pela cidade. Distribuídos que estamos pelos vários andares com múltiplos corredores e gabinetes, maior é o isolamento pois menos vezes nos cruzamos uns com os outros, para além de se ter tornado menos natural assomarmos e permanecermos nos gabinetes uns dos outros. Fiquei num gabinete pequeno, com o meu colega geógrafo, e porque a sala é pequena e sem estiradores, foi possível torná-lo menos árido e mais acolhedor que os enormes salões onde despejaram engenheiros, arquitectos e desenhadores, perdidos no meio dum espação onde largaram o mobiliário de estilos e feitios díspares.(MMA - 1994.06.20)

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De Setúbal falei nas linhas anteriores. Mas a cidade de hoje nada tem a ver com aquela que me encantou, ponto de passagem dum estudante universitário de Angola exilado em Évora a caminho de Lisboa ou do Porto. Setúbal era a Avenida 5 de Outubro, com acácias floridas e as miúdas em bando, era o estuário do Sado visto do Forte de S. Filipe, era o Castelo de Palmela visto de qualquer ponto da cidade tal como o estuário do Sado com a Serra da Arrábida ao fundo. Setúbal era também o enorme paredão ribeirinho cheio de carros ao entardecer ou de pescadores de cana, com o pôr do sol sempre variado espelhado nas núvens ou cintilando nas águas do rio. Setúbal eram as praias, o desejo das praias que se vieram a revelar desagradavelmente frias e de acesso difícil.

As acácias floridas, rubras ou roxas, a luminosidade do ar e o céu azul faziam lembrar Luanda, tal como o Estuário do Sado, visto do Castelo de S. Filipe, se assemelhava à Baía de Luanda vista da Fortaleza de S. Miguel, com a península de Tróia confundindo se com a Ilha do Cabo.

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Uma cidade são as pessoas, as pedras, as casas e a paisagem circundante. Mas as pessoas de Setúbal revelaram-se uma desilusão. A cidade reúne a dimensão humana das distâncias dentro de si própria das cidades pequenas com o individualismo das grandes cidades onde cada um trata de si, se a solidariedade dos vizinhos mas, paradoxalmente, com a coscuvilhice e maledicência destes: todos sabem de todos mas cada um trata de si. Nada da camaradagem que encontrei entre as gentes do Barreiro!

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Setúbal, destruída pelo terramoto de 1755 e rapidamente reconstruída, do passado pouco conserva. E o pouco que tinha em edifícios está em ruína e demolição aceleradas. Se é verdade que o Marquês de Pombal não veio a tempo de reconstruir a cidade ao jeito racionalista, Mata Cáceres, o Presidente sucialista desde 1986 tem sido um terramoto que permite que a memória da urbe seja arrasada: moinhos de vento, fábricas conserveiras, bairros como o Salgado ou de Santos Nicolau... Persistem, esses sim, os bairros de lata, como o Mal Talhado, da Cova do Canastro, da Monarquina... Se interesse há por estes bairros, não é porque os seus habitantes mereçam melhores condições de vida mas porque se situam encravados em áreas apetecíveis para a especulação urbana. Nos esteiros, as embarcações típicas de outrora apodrecem afundadas no lodo, sem que a Câmara recupere algumas delas, como outras na Península de Setúbal o fazem.

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Uma cidade é também o seu traçado e a paisagem circundante. Que resta de Setúbal? O Castelo de Palmela e o Forte de S. Filipe estão encobertos por cortinas de prédios altos, iguais em qualquer cidade e sem nada que a distinga. O mesmo se pode dizer do estuário do Sado e da Serra da Arrábida. A cidade voltou as costas ao rio, que os seus habitantes não desfrutam porque entretanto o porto fluvial vai crescendo e acrescentado à barreira física que já era a linha férrea. À beira rio, o horizonte é cortado e abafado por viadutos e muros gradeados. Lisboa alinda-se e Setúbal desfeia se com o lixo dela proveniente.

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É verdade que uma nova camada consumidora surgiu e assim as discotecas e os pubs crescem na parte baixa, sobretudo a poente da Luísa Todi. Mas a vida associativa decresce, os cinemas encerram, a companhia de teatro residente fecha-se em si mesma. Em contrapartida aumentam as situações de marginalização ou exclusão sociais, florescendo as prostituições infantil e feminina, bem como o tráfico e o consumo de droga.

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A várzea, solo agrícola fértil, é ocupada paulatinamente por prédios, acabando com as hortas e laranjais que davam origem a doçaria de nomeada. (Notas de Viagem, 1977)

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Na casa de Setúbal


Amanhã vamos até Setúbal, para envernizar o chão da casa, arrumar umas coisas, receber os ordenados e concluir os inquéritos do corrente mês. Depois regressaremos para acabar os preparativos para a mudança, em meados do próximo mês (salvo erro a 17 tenho serviço de exames). Vamos ver se nessa altura já funcionam os elevadores. (1980.08.28)

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O Rádio Clube de Setúbal transmite música antigota: há pouco, p.ex., El Reloj, de António Prieto, agora Et Pourtant, de Charles Aznavour. Está um fim de dia cinzento e frio, embora a cozinha esteja cheia de luz, como se fosse dia; estou encantado com os girassóis colhidos na berma da estrada e que alegram a nudez e o ascetismo desta casa, agora entregue apenas a mim. (1986.12.11)

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Chove agora a cântaros e tenho saudades do casarão de Évora [na rua Serpa Pinto], quando ouvia a chuva bater no telhado, encanto que me está vedado neste prédio de betão armado, onde muitas vezes só dou por ela quando chego lá abaixo à rua [largo] e ela cai em rajadas ou deixou a marca no asfalto molhado. (1986.12.14)

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Olho pela janela da sala e o campo florestado estende se até ao horizonte, aqui e além cortado por aglomerados populacionais como o Faralhão, Praias do Sado ou Manteigadas, para além dum e outro casal. [Assomando à varanda, para a esquerda, o castelo de Palmela] ([1986.12])

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Olho pela janela nesta tarde soalheira, do alto deste nono andar com os campos, as casas e os carros minúsculos lá em baixo [na Avenida Bento Caraça]. (1988.03.06)

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Já o sol e a lua se puseram (...) o que significa que é um novo dia, oscilando entre o sol quente e o cinzento nublado ameaçador de chuva. Estou partido, pois andei a mudar estantes para ver se consigo arrumar em novas prateleiras os livros que proliferam como coelhos. (1990.09.19)

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Eis-me pois regressado de novo a Setúbal, sentado aqui no meu "escritório-biblioteca-armazém", ouvindo o eterno bater da janela nas calhas e os ruídos das obras nos prédios que estão construindo aqui ao lado e que tiraram a vista para o Jardim da Lanchoa ao pessoal que mora até ao 5º andar. O que não é o meu caso, alcandorado que estou neste 9º andar, dos últimos lugares do lugarejo a ser submerso se algum dilúvio acontecesse. (1993.08.03)

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Este fim-de-semana não me deu para arrumações. No anterior resolvi cuidar do meu "jardim" ali na varanda da sala, cujas plantas já estavam demasiado crescidas, invadindo para além disso vasos alheios. Foi um desbaste enorme, coitadinhos dos vasos, que ficaram quase carecas. Bem sei que esta não é a melhor altura para tratar da saúde às plantas, mas aquilo já parecia uma selva ou matagal, onde mal me podia mexer ou sentar nestas quentes noites de verão, pois é um local onde normalmente corre uma brisa agradável. No entanto, para a próxima Primavera, tenho de pensar em reservar uma parte para agricultura, não de cebolas ou batatas, que é pequena a herdade, mas de alface, salsa, coentros, piripiri e espécimes similares, para os meus cozinhados. (1993.08.07)

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Estive há pouco a regar as plantas e gosto muito do cheiro da terra seca depois de molhada. Olho pela janela e verifico que as vidraças estão precisando duma limpeza. É estranho, pois morando num sítio tão alto, não consigo livrar-me da poeira. Quando estreamos esta casa nas varandas havia montículos de terra, possivelmente trazidos pelas correntes de ar ascendentes.

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Olhando pela janela vejo os campos ao longe, lá embaixo, cada vez mais afastados pelas casas que se vão construindo; daqui a uns tempos deixarei de morar no limite oriental da cidade. Mas no Verão o único verde é o dos aglomerados de árvores (sobreiros e azinheiras ?), pois a terra ressequida é simplesmente castanha. E à noite, em qualquer altura, a vista é encantadora, com a claridade da iluminação das ruas, das casas e, quase no horizonte, das fábricas da zona industrial da Mitrena. para além do luzeiro cintilante das luzes das povoações dos arredores. Isto para não falar do nascer do sol, alguns dos quais me fizeram levantar cedo para fotografá los.(...)

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Como sempre o vento faz vibrar as janelas nas calhas, dum modo monótono, mesmo irritante por vezes. "Música" à qual um dia destes tenho de pôr fim. Para além disso tenho por vezes o acompanhamento da voz esganiçada do cão aqui do vizinho do andar de baixo. Para lá da janela, quando aberta, chega o ruído dos carros que passam lá em baixo na avenida, conjuntamente com o falar das pessoas ali no Parque da Lanchoa, cavaqueando em noites frescas até altas horas da matina. O cãozinho recomeçou os seus latidos; ao menos, eu não incomodo a vizinhança quando não estou em casa. Mas o cãozinho, ah! o cãozinho... esse ladra... quando os donos estão ausentes.! )(...) Aqui à noite, na varanda da sala, corre uma brisa acariciante, conjuntamente com o cheiro a terra molhada. (1993.08.10)

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Acabei de temperar o frango para o jantar: sal, como não podia deixar de ser, pimentão doce ou colorau (embora também goste de paprika ou de piripiri), molho de soja e aguardente. (1993.08.15)

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É meia noite e o silêncio da madrugada, que apenas começa, só é perturbado pelo suave ruído das ventoinhas do quarto e do ventilador do computador, para além do matraquear das teclas que permitem a fixação deste texto. Quando paro para pensar ou refazer o que escrevo ouço um leve barulho da televisão que o Rui e a Susana vêm, entremeado com a conversa deles, lá ao fundo na sala. (1993.08.15)

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Antigamente as pessoas escreviam muito e as cartas eram meio de transmitir notícias e muitas delas, com maior ou menor valor literário, tornaram-se testemunho dos factos, acontecimentos, ideias e sentimentos. Mas hoje, hoje as pessoas telefonam ou encontram-se, devido à facilidade e rapidez dos transportes e das comunicações, e o tempo é pouco, paradoxalmente, devido à sobrecarga do que se gasta em transportes, sentado frente à TV ou em tarefas domésticas.


O mesmo sucede com o convívio e a conversação: por vários motivos os cafés e as tertúlias desaparecem, só se conhece o vizinho da frente ou do lado, quando se conhece, e as pessoas metem-se na sua concha, casulo, carapaça ou buraco. Muita gente junta, ao alcance da mão ou da voz, não significa que estejamos mais acompanhados e humanizados. (MMA - 1993.08.19)


Fiz para o almoço pernas de frango estufado com arroz de manteiga. Já ando a ficar farto de enlatados e congelados, que às tantas sabem sempre ao mesmo. (MMA - 1993.09.09/10)

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A lavagem da louça suja fica para amanhã. (...) Resolvi fazer uma "bruta" omolete de camarão com cebola picada, salsa e queijo ralado. Não ficou mal, mas deveria ter posto menos azeite na frigideira. Menos sorte tive ontem, que me distraí e não ouvi o marcador de tempo, pelo que os "raviolli" pegaram ao fundo do tacho e ficaram um amontoado esquisito e sem graça. (MMA - 1993.09.10/11)

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Depois, bem depois resolvi almoçar um prato africano, moamba de galinha com farinha de pau, num restaurante aqui perto de casa. Faço isso normalmente uma vez por semana, para variar e porque me aborrece tomar as refeições sistematicamente sozinho. Mas desta vez o único comensal era eu, mas ao menos comi um prato que não sei cozinhar e não me preocupei com a arrumação da cozinha. (1993.09.10/11)

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Afinal as ameaças deixaram de sê lo, pois acabei de assomar à janela e lá em baixo o asfalto apresenta se molhado e as pessoas passam de guarda chuva aberto. (...) Tudo indica que passarei este domingo em casa, lendo, organizando as fotografias de férias e vendo algum filme ou uma cassete de vídeo que comprei, sobre fotografia. (1993.09.12)

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O domingo está passado. Para além da janela envidraçada, o negrume da noite pontilhada de luzeiros e reflectindo as estantes cheias de livros. (1993.09.25/26)

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Cheguei há pouco da Feira [de Santiago], onde fui dar uma volta e dois dedos de conversa com o pessoal conhecido após o jantar lá em baixo no Centro, única maneira de variar o cardápio, pois ao almoço não tenho tempo para grandes variações e aprendizagens. Tal como as mulheres, os homens, desde pequeninos, deviam ser ensinados a cozinhar coisas variadas e saborosas, embora simples. Felizmente que em tempos descobri um livrito acessível que posso consultar e seguir sem necessidade de ter ao lado, para consulta permanente, um dicionário da especialidade, para decifrar os termos técnicos como "refogado" ou "esturgido" e quejandos. (XXX - data ?) (6)

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Em Setúbal é tempo da Feira [de Santiago] onde fui duas ou três vezes e onde sempre vou encontrando gente conhecida para dois dedos de conversa. Este ano há apenas uma exposição dedicada a uma das celebridades cá da terra, que foi a cantora lírica. Falta me ver a parte da cerâmica e olaria, embora este ano já tenha comprado o "recuerdo", cerâmica dum país andino ou como tal vendida. Mais uma "bonecada" ali para uma das estantes, para dificultar a limpeza do malfadado pó que mal acabado de limpar logo renasce dum modo que faria inveja à capacidade reprodutora dos coelhos! (1993.08.03)

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1 - A igreja de Santa Maria é a Sé, com aspecto imponente; a de S. Julião, destruida pelo terramoto de 1755, tem um aspecto desgracioso, mas conserva dois portais manuelinos.

2 - Árvores frondosas e trânsito automóvel, que já não existem em 1996, a estátua do Bocage e, ao fundo, o edifício da Câmara, onde vim a trabalhar de 1984 a 1986, além da casa, na altura azulada, por cima duma tabacaria, cheia de sol, onde gostaria de viver e que compraria se tivesse dinheiro.. O café referido no postal deveria ser o Central.

3 - Tratava se da vivenda Ruxa, situada aos Quatro Caminhos.

4 - Estes 4 pavilhões pré-fabricados, portanto provisórios, ainda funcionavam e estavam para durar 18 anos depois, isto é, no final de ... 1996 !

5 - Termo da gíria, que significa - roubado

6 - Passe a publicidade, trata se do Guia Prático de Cozinha, da autoria de Léone Bérard, editado pela Livraria Bertrand em 1977.

1 comentário:

A OUTRA disse...

Dá-me "raiva" quando leio o que tu escreveste em tempos que já lá vão, comparando com a teimosaa mudez a que agora te remeteste.
Ao ler-te tem-se a sensação de estar ao pé de ti, ouvindo-te falar!...
Porquê Victor?... Porquê?...
Bj
Maria