Bocage | Calafate | Michel Giacometti |
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Artigos relacionados (textos publicados, em 2005, no 'Sant'Iago - Diário da Feira', jornal da Feira de Sant'Iago)
Vida e Obra:
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(1815-1911)
António Maria Eusébio, “o Calafate”, nome pelo qual era conhecido devido à profissão que tinha, poeta analfabeto, apelidado também de “o cantador de Setúbal”, nasceu em 15 de Dezembro de 1819, na Freguesia de S. Sebastião e morreu em 22 de Setembro de 1911.
Apenas em 1904, já com 84 anos de idade, começou a pôr em versos, publicados em folhetos, a forma como via e vivia Setúbal, ganhando com isso a subsistência.
A publicação de folhetos com esses versos foi ideia de um amigo, o general Henrique das Neves, que juntou 50 pessoas dispostas a dar cem réis por exemplar, pagando, assim, o custo da impressão na Tipografia Mascarenhas, revertendo o produto da venda dos restantes a favor do poeta, já incapaz de exercer a profissão.
Na primeira edição do folheto dava-se a seguinte explicação: “Ao amigo do autor afigurou-se-lhe que, publicando em edição especial estas Recordações, não somente contribuiria para afirmar mais uma vez o engenho do Cantador de Setúbal, auxiliando-o conjuntamente com a receita que daqui lhe possa advir, mas também se lhe afigurou que enriqueceria a nossa literatura popular com uma obra de singular valor no seu género literário.”
Em 1901, e por iniciativa também de Henrique das Neves, são impressos 600 exemplares de “Versos do Cantador de Setúbal”, com prefácio de Guerra Junqueiro.
António Eusébio passou a maior parte dos dias a trabalhar de sol a sol no calafeto de barcos na margem do Sado.
Os 82 anos de idade do “cantador de Setúbal” foram festejados, por iniciativa, uma vez mais, de Henrique das Neves e também dos escritores Ana Castro Osório e Paulino de Oliveira, com um sarau no Teatro D. Amélia, onde hoje é o Fórum Municipal Luísa Todi.
O último dos sete folhetos com poemas de Calafate foram publicados em 1910.
Fonte: www.lasa.pt
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(1929- 1990)
Michel Giacometti, de origem francesa, rendeu-se aos encantos de Portugal, onde viveu mais de 30 anos até morrer, desde o momento em que chegou, em 1959, dedicando-se, desde então, à investigação da música popular.
Nascido em Ajaccio, na Córsega, em 1929, Michel Giacometti foi criado por um tio, funcionário colonial da rota do Império Francês.
Desde muito novo que as aventuras – ou desventuras - começaram a persegui-lo. Apenas com três anos de idade foi raptado por uma tribo, sendo salvo por Herratin, uma criada negra descendente de antigos escravos.
Enquanto estudante fundou várias revistas e esteve ligado a actividades culturais. Foi poeta, crítico de arte, actor e director de uma companhia teatral.
Expulso de todas as universidades francesas, por um período de cinco anos, por participar numa greve contra a discriminação dos árabes na vida pública de Argel, Giacometti decidiu viajar, chegando a frequentar as universidades de nove países, exercendo, ao mesmo tempo, mais de três dezenas de profissões para poder subsistir e financiar os estudos.
Após a diáspora, regressou a Paris, terminando o curso de Letras e Etnografia, na Universidade de Sorbonne.
“Mediterranée 56” é o nome da missão que criou, a seguir à conclusão da licenciatura, com o objectivo de investigar as tradições populares de todas as ilhas do Mediterrâneo. A dimensão do projecto, contudo, obrigou-o a considerá-lo como um fracasso, mas, por outro lado, com os conhecimentos antropológicos que adquiriu, passou a ter um curriculum invejável.
A “descoberta” de Portugal dá-se em 1959, ao decidir fixar-se em Bragança, quando lhe diagnosticaram tuberculose e recomendaram um clima mais propício à cura. O casamento com uma portuguesa influenciou a escolha, iniciando, então, a investigação musical no Nordeste Transmontano.
Giacometti recolheu informações etnográficas em mais de 600 freguesias, apesar das dificuldades financeiras por que passou, que o forçaram a dormir em pensões degradadas, choupanas de pastores, na casa de um contrabandista e, inclusivamente, na rua.
Apesar da dedicação e da enorme qualidade da compilação musical que possuía, das mais ricas da Europa Ocidental, nunca chegou a viver deste trabalho.
Os conhecimentos que possuía permitiram-lhe fazer programas de rádio para estações europeias e, durante três anos, realizou, para a RTP, “Povo que cantas”. A inspiração para o título foi buscá-la à letra de uma cantiga da resistência espanhola que diz que “pueblo que canta no puede morir”.
“Antologia da Música Regional Portuguesa”, uma colecção de cinco discos, feita com a colaboração do compositor Fernando Lopes Graça, e o “Cancioneiro Popular Português”, editado pelo Círculo de Leitores, são algumas das obras de maior valor de Michel Giacometti.
Para ter algum desafogo económico teve de vender o espólio que detinha, como a colecção dos arquivos sonoros, a biblioteca particular e instrumentos musicais, estes últimos adquiridos pela Câmara Municipal de Cascais.
Por coincidência, Giacometti, que pertenceu e viveu para o povo, que acreditou nas minorias e defendeu a identidade das culturas e das nações, viu pela primeira vez a luz do dia a cem metros da casa onde nasceu Napoleão Bonaparte.
Michel Giacometti morreu em 1990 e foi sepultado, como desejava, no país do coração: em Portugal, mais precisamente em Peroguarda, no concelho de Beja.
O Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal, não existiria sem o valioso contributo do etnólogo corso, que, em 1987, ajudou na elaboração da exposição “O Trabalho faz o Homem”, a primeira daquele espaço cultural.
Fontes: - Público Magazine, Agosto de 1990 - www.terravista.pt/guincho/1452/michel.htm - Documentação cedida pelo Museu do Trabalho Michel Giacometti
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(1753-1833)
Luísa Todi nasceu em Setúbal, na freguesia de Nossa Senhora da Anunciada, a 9 de Janeiro de 1753, na actual Rua da Brasileira, não criando grandes raízes na cidade, pois os pais mudaram-se para Lisboa ainda ela era de tenra idade.
Luísa Rosa de Aguiar, nome de solteira, estreou-se, ainda como actriz, em 1767 ou 1768, no teatro montado na propriedade do Conde de Soure, em Lisboa, recitando, com a irmã, as falas das personagens de Tartufo, de Molière.
Foi, também, aí que Luísa Aguiar conheceu Francesco Saverio Todi, violinista de origem italiana.
Em 28 de Julho de 1769, com apenas 16 anos de idade, Luísa casou com Todi, na Igreja de N.ª S.ª das Mercês, indo habitar no Pátio do Conde de Soure, perto do Teatro.
Um ano após o casamento, actuou no mesmo teatro, onde se estreou como actriz, mas, desta vez, como cantora, na ópera "Il Viaggiatore Ridicolo", de Guiseppe Scolari. A partir desse momento, a carreira de Luísa Todi tomou outro rumo, apresentando-se logo no ano seguinte em Londres.
A 6 de Junho de 1772 actuou no Porto, cantando árias do compositor David Perez, mestre da Capela Real, passando a ser, figura de relevo na sociedade nortenha.
As críticas dos jornais, mesmo os estrangeiros, em relação à cantora não eram modestas, elogiando as capacidades vocais, o relevo que dava à expressividade e à emoção na caracterização das personagens que interpretava.
Londres, Paris, Berlim, Turim, Varsóvia, Veneza, Viena, São Petersburgo foram algumas das cidades em que Luísa Todi passou largas temporadas, alcançando consideráveis êxitos. Nessas ocasiões, conviveu de perto com a aristocracia europeia, como foi o caso de Frederico II da Prússia e Catarina II, imperatriz da Rússia.
"La Didone Abbandonata" talvez tenha sido, de entre todas as que cantou, a ópera onde alcançou maior êxito.
Até 1793 andou em tournée pela Europa e foi já com 40 anos de idade que voltou a Portugal para cantar nas festas da filha primogénita do príncipe regente, futuro D. João VI.
Este espectáculo foi uma excepção em Portugal, visto que D. Maria proibira as mulheres de actuarem em público. Apesar da autorização, a família real não esteve presente, nem a actuação de Luísa Todi foi devidamente referenciada.
Talvez por isso, pelas limitações impostas em Portugal, regressou ao estrangeiro, voltando a Portugal, mais concretamente ao Porto, em 1803, já viúva.
Com as invasões francesas, em 1809, Luísa Todi viu-se forçada a abandonar o Porto, perdendo, na fuga, grande parte dos bens, entre os quais se contavam jóias.
Em 1811, quando regressou a Lisboa, já era uma mulher amargurada, em parte pela morte de alguns dos seis filhos e por uma das filhas ter sido internada no Recolhimento de Rilhafoldes, destinado a doentes mentais.
Em 1813, Luísa Todi viveu na rua do Tesouro Velho, hoje, rua António Maria Cardoso, e mais tarde mudou-se sucessivamente para as ruas da Barroca e da Atalaia, Largo de S. Nicolau e Travessa da Estrela, onde morreu, em 1 de Outubro de 1833, com 80 anos de idade, cega devido a uma doença que tinha desde nova.
Fontes: - “Cantores de Ópera Portugueses, 1º volume”, Mário Moreau - “Setúbal e as suas celebridades”, Fran Paxeco - “Setúbal no Século XVIII. As informações paroquiais de 1758”, Rogério Peres Claro
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(1924-1952)
Sebastião Artur Cardoso da Gama nasceu em 10 de Abril de 1924, em Vila Nogueira de Azeitão, tendo falecido a 7 de Fevereiro de 1952.
Licenciou-se em Filologia Românica, em 1946, na Faculdade de Letras de Lisboa, leccionando provisoriamente, dois anos mais tarde, na Escola Técnica de Setúbal.
“Serra Mãe” foi a primeira obra do poeta, que surgiu em 1945, seguindo-se, nos dois anos sequentes, “Loas a Nossa Senhora da Arrábida” e “Cabo da Boa Esperança”.
No dia 4 de Maio de 1951, casou com a amiga de infância Joana Luísa, no Convento da Arrábida, tendo sido a primeira cerimónia ali celebrada.
No mesmo ano surgiu a quarta obra, intitulada “Campo Aberto”.
A 7 de Fevereiro de 1952, Sebastião da Gama morre, vitimado por uma tuberculose renal, de que sofria desde a adolescência.
Após a morte do poeta, foram publicados, em 1953, “Pelo Sonho é que vamos” e “Lugar de Bocage na Poesia Portuguesa”, este último em resultado de uma conferência proferida em 15 de Setembro de 1950, em Setúbal.
“O Diário”, com prefácio de Hernâni Cidade, e “O Segredo é Amar” surgiram em 1958 e 1959, respectivamente.
O último livro editado, “Itinerário Paralelo”, data de 1967.
Em 1999, a Câmara Municipal inaugurou um pequeno museu dedicado ao poeta, em Vila Nogueira de Azeitão. Neste espaço, onde está também instalado o pólo local da Biblioteca Municipal, figuram o espólio literário e numerosos objectos pessoais de Sebastião da Gama, relacionados com a vida e obra do poeta.
Fonte: - Publicação Câmara Municipal de Setúbal, 2001
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(1929-1987)
José Afonso, ou Zeca Afonso, 'pai' de canções, que marcaram o País antes, durante e depois da Revolução dos Cravos, como “Grândola Vila Morena”, “Venham Mais Cinco” ou “O que faz falta”, nasceu, em Aveiro, em 2 de Agosto de 1929.
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, de nome completo, filho de um juiz e de uma professora primária, tendo passado os primeiros anos de vida entre a terra natal, Angola e Moçambique.
'Bicho-cantor' foi a alcunha que lhe deram no liceu, por cantar serenatas durante as praxes. Nesta altura conhece a vida boémia e os fados tradicionais de Coimbra.
Entre 1946 e 1948, enquanto terminou o liceu, conheceu a costureira Maria Amália de Oliveira, com quem casou às escondidas, devido à oposição dos pais.
Quando, em 1949, ingressou no curso de Ciências Histórico-Filosóficas, da Faculdade de Letras, revisitou Angola e Moçambique, integrado numa comitiva do Orfeão Académico da Universidade de Coimbra.
Em 1953, nasceu o primeiro filho, José Manuel, e, enquanto dava explicações e fazia revisões no “Diário de Coimbra”, viu os primeiros discos serem editados.
O Emissor Regional de Coimbra, da Emissora Nacional, foi o local escolhido para a gravação dos dois discos, de 78 rotações, com faixas de fados de Coimbra.
“Fados de Coimbra” é o título do primeiro EP, editado em 1956. Nos finais dos anos 50, princípios de 60, começou a frequentar colectividades e a cantar, com regularidade, em festas populares.
Em 1963, concluiu o curso, com uma tese sobre Jean-Paul Sartre e a nota de 11 valores.
A senha para o início da Revolução de Abril, “Grândola Vila Morena”, nasceu após Zeca Afonso se ter inspirado numa actuação na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, em Maio de 1964.
O único disco editado pela Valentim de Carvalho, “Cantares de José Afonso”, é desse ano, altura em que regressou a Moçambique, onde viveu e leccionou durante três anos.
O regresso a Portugal deveu-se à oposição José Afonso ao sistema colonial . O destino, desta vez, foi Setúbal, onde foi colocado como professor, tendo sofrido uma grave crise de saúde que o forçou ao internamento hospitalar durante vinte dias. Quando recuperou, ficou a saber que tinha sido expulso do ensino oficial, passando a viver de explicações que dava.
O álbum “Contos Velhos Rumos Novos” e o single “Menina dos Olhos Tristes”, que contem a canção popular “Canta Camarada” , são editados em 1969.
Seguem-se “Traz Outro Amigo Também”, em 1970, gravado em Londres, “Cantigas do Maio”, em 1971, gravado em Paris, e, no ano seguinte, “Eu Vou Ser Como a Toupeira”, editado em Madrid.
Em Abril de 1973, foi preso, passando vinte dias em Caxias, e no Natal desse ano gravou, em Paris, “Venham Mais Cinco”, com a colaboração musical de José Mário Branco, então exilado na capital francesa.
Muitas outras canções, espectáculos e prémios surgiram nos anos posteriores à revolução e, em 1982, os primeiros sintomas da doença que lhe causou a morte, uma esclerose lateral amiotrófica, começaram a manifestar-se.
No último álbum, “Galinhas do Mato”, editado em 1985, Zeca Afonso já não conseguiu cantar todos os temas, sendo substituído por muitos cantores portugueses, como Luís Represas e Janita Salomé.
Dois anos mais tarde, no dia 23 de Fevereiro de 1987, às 03h00, José Afonso morreu, no Hospital de S. Bernardo, em Setúbal.
Mais de 30 mil pessoas prestaram-lhe homenagem, no dia do funeral, nas ruas de Setúbal e na Escola Secundária Sebastião da Gama, de onde o corpo saiu para o cemitério da Nossa Senhora da Piedade, numa das maiores manifestações de que há memória na cidade.
Fotos: www.google.com Fonte: www.instituto-camoes.pt
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Artigos relacionados (textos publicados em várias edições do 'Guia de Eventos')
Vida e Obra:
• Os primeiros passos do cantor
Associação José Afonso:
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(1927 – 1998)
“Mas o que é exactidão óptica? Apenas uma ilusão dos ingénuos ou dos mal informados. A exactidão, disse-o Almada Negreiros, é inimiga da perfeição. E a perfeição, acrescente-se, é a coerência, alcançada entre a forma e a intenção, entre o sentido e o sinal (...)”
Lima de Freitas, In “Lima de Freitas – 50 anos de pintura”
Neo-realismo, surrealismo, realismo fantástico, pós-modernismo. O legado artístico de Lima de Freitas confunde-se com várias correntes, o que impede, por isso, que seja unânime a atribuição de uma terminologia que defina, claramente, o traço do pintor.
O próprio Lima de Freitas sentia relutância em se identificar com qualquer corrente. Contudo, é comum encontrar registos sobre a obra do artista setubalense que a conotam, fundamentalmente na sua última fase, com um surrealismo marcado pelo misticismo e esoterismo.
Representativos do traçado muito próprio, de motivos gnóstico e feérico, são quadros como “O anjo duplo” (1988) e a “A visão de Ezequiel” (1984).
A criatividade de Lima de Freitas esteve sempre aliada ao seu espírito crítico, que o fez, por exemplo, pertencer ao antigo MUD Juvenil (Movimento de Unidade Democrática) e ser preso pela PIDE em 1949.
Partilhou as perspectivas de Júlio Pomar e começou por ser adepto do neo-realismo e da arte de teor social, características bem patentes em imagens como “O louco” (1950), “Estivadores” (1947) e “Cabeça amarrada” (1956).
O misticismo presente nos trabalhos de Lima de Freitas foi-o buscar, em determinado período, ao Oriente, elemento que pode ser admirado no quadro “S. Francisco Xavier na Índia”, patente no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Setúbal.
Detentor de uma técnica ao alcance de poucos, Lima de Freitas foi, também, ilustrador, gravador, publicitário, desenhador e, no campo das letras, tradutor e ensaísta, tendo publicado títulos como “Pintura incómoda” (1965), “Almada e o número” e “Imagens da imagem” (ambos de 1977).
Como pintor, vertente na qual que se estreou em público, com apenas 20 anos de idade, na II Exposição Geral da Academia de Música e Belas Artes da Sociedade Nacional de Belas Artes, teve oportunidade de expor em praticamente todo o País e em nações como Inglaterra, Polónia, França ou Dinamarca.
Nascido em 22 de Junho de 1927, em Setúbal, teve uma vida activa bastante preenchida, salientando-se a criação (em colaboração com o pintor irlandês Patrick Swift) da conhecida cerâmica algarvia de Porches, a ocupação dos cargos de presidente do Conselho Científico da Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi, de primeiro director do IADE – Instituto de Arte e Decoração de Lisboa e do Teatro Nacional D. Maria II.
Entre as várias distinções que Lima de Freitas obteve durante a carreira, constam a homenagem pela Câmara Municipal com a Medalha de Honra da Cidade e as condecorações de "chevalier e officier de L’Ordre du Mérite", atribuídas pelo Governo francês. Recebeu ainda o título de comendador da Ordem de Santiago da Espada. Exímio no retrato, perpetuou com o seu traço figuras como D. Manuel Martins, antigo bispo de Setúbal, Alves Redol ou Fernando Namora.
Pintou igualmente Snu Abecassis, num trabalho que se reveste da curiosidade de ter que refazer, a pedido da fundadora das Publicações Dom Quixote, o fundo original, uma vez que a então companheira de Sá Carneiro se sentiu “desnudada” com a configuração inicial do cenário criado pelo artista.
Lima de Freitas morreu em Lisboa, no dia 5 de Outubro de 1998.
- "Setubalenses de Mérito - 120 Biografias", João Francisco Envia - "Lima de Freitas - 50 anos de pintura", Hugin Editores, 1998 |
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(1906 – 1992)
Durante 65 anos, Setúbal posou para a objectiva de Américo Ribeiro, fotógrafo que viu e viveu o Concelho como poucos.
Entre 1927, altura em que, com 21 anos, comprou por 60 escudos a primeira máquina fotográfica, e 1992, ano do seu falecimento, realizou mais de 100 mil instantâneos, adquiridos, quase todos, pela Câmara Municipal.
Carpinteiro e empregado de balcão antes de se dedicar por completo àquela que seria a paixão da sua vida, foi graças ao apoio oferecido pelo proprietário da tabacaria onde trabalhava na época que Américo Ribeiro pôde iniciar a carreira de fotógrafo.
A mudança para repórter-fotográfico deu-se naturalmente, primeiro por intermédio dos jornais O Setubalense e Diário de Notícias, do qual era correspondente já em 1929, a que se seguiram O Século, A Bola, Correio da Manhã, Diário Popular, Diário de Lisboa e Indústria, entre muitos outros.
A íntima ligação com Setúbal, onde nasceu no dia 1 de Janeiro de 1906, reflecte-se através da proximidade com o povo e, por exemplo, com diferentes colectividades locais, como o Grupo Dramático Juvenil de Setúbal e o Orfeão Cetóbriga. Ultrapassou os 50 anos de sócio do Vitória Futebol Clube e foi um dos mais antigos da Sociedade Musical Capricho Setubalense, da qual chegou a ser director.
Momentos da história do Concelho ficaram registados em imagem graças ao olhar de Américo Ribeiro. As visitas de vários presidentes da República Portuguesa e da rainha Isabel de Inglaterra e a queda de um avião britânico em Tróia, durante a II Guerra Mundial, são disso exemplos.
A lente do fotógrafo setubalense chegou, inclusivamente, a captar um jantar de militares alemães, oferecido nas instalações de uma fábrica de conservas pelo proprietário local, simpatizante da ideologia nazi.
A qualidade do seu legado fotográfico foi homenageada, ainda em vida, com a Medalha de Honra da Cidade, na Classe Cultura, entregue em 1985 pela Câmara Municipal, e, em 1991, com a Medalha de Mérito Distrital.
Coleccionador de máquinas fotográficas, realizou várias exposições e teve o seu trabalho patente em países como a antiga República Federal Alemã, França e Inglaterra.
Américo Ribeiro morreu no dia 10 de Julho de 1992.
Fonte: “Setubalenses de Mérito – 120 fotografias”, João Francisco Envia
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(1872 – 1935)
Ana de Castro Osório, escritora e militante pelos direitos das mulheres, nascida em Mangualde, em 18 de Junho de 1872, mas setubalense por opção, morreu em 23 de Março de 1935, deixando vasta obra literária.
Casada com Paulino Oliveira – também escritor e poeta – dedicou-se à literatura para crianças, embora também tenha escrito para adultos vários romances, novelas, comédias e contos.
Alguns destes textos foram traduzidos para castelhano, francês e italiano, enquanto outros estão dispersos por jornais e revistas portugueses e estrangeiros.
“Para Crianças” é o título de uma colecção editada por ela composta por 18 volumes.
Paralelamente, desenvolveu actividade a favor dos direitos das mulheres, colaborando, com Afonso Costa, na elaboração da Lei do Divórcio e editando, em 1905, “As Mulheres Portuguesas”.
Escreveu, também, para a revista “Sociedade Futura” e esteve na criação da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e da Cruzada das Mulheres Portuguesas, que tinha por objectivo ajudar os soldados que participaram na I Guerra Mundial, bem como as famílias.
Como reconhecimento, a Liga dos Combatentes da Grande Guerra tem no salão da sede, em Lisboa, um busto dela em bronze.
Militante activa, juntamente com o marido, na luta pela implantação da República, foi presidente da Escola Liberal de Setúbal.
Num tempo em que as mulheres tinham poucos ou nenhuns direitos cívicos, foi a única a participar num Congresso Municipal em Évora, ao qual apresentou uma tese.
Condecorada pela República com a Ordem de Santiago, recusou a distinção. O Estado Novo concedeu-lhe a Ordem de Mérito Agrícola e Industrial.
Fonte: “Setubalenses de Mérito – 120 fotografias”, João Francisco Envia
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Artigos relacionados
Vida e Obra:
• Lutadora dos direitos das mulheres
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Olga Moraes Sarmento (ver Comentários neste post) (1881 – 1948)
O despertar da consciência feminista em Portugal, no virar do século XIX, tem em Olga Moraes Sarmento uma das referências, escritora que conviveu com o meio intelectual da Europa, onde, a par da luta pelos direitos das mulheres, alimentou um “vício”, o de coleccionadora de autógrafos. |
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(1911 – 2006)
Parte do espólio artístico de Luciano dos Santos – autor do Tríptico dos Setubalenses Ilustres, patente no Salão Nobre dos Paços do Concelho –, falecido recentemente, encontra-se no estrangeiro, embora, a maioria, na posse do Estado português.
O facto não é, certamente, alheio à bolsa que, em 1951, recebeu do Instituto para a Alta Cultura, que lhe permitiu trabalhar em vários países europeus. Não admira, pois, que haja obras do pintor nas embaixadas portuguesas em Madrid, Moscovo, Berlim, Berna e Londres, tal como na nipónica da capital espanhola.
Nascido sem bafo de fortuna – aos 7 anos entrou para o Orfanato Municipal de Setúbal – Luciano soube ultrapassar alçapões que a vida lhe armou, tornando-se nome ilustre no mundo da arte.
Após a instrução primária, feita no orfanato, e os estudos secundários, também em Setúbal, ingressou na Escola Superior de Belas Artes (ESBAL), em Lisboa, terminando o curso em 1937. Enquanto estudante, beneficiou de bolsas da Câmara de Setúbal e da Junta Geral do Distrito e de uma pensão da ESBAL.
Mesmo antes de concluir o curso, expôs várias vezes. Em certames colectivos e individualmente. A partir daí, torna-se fastidioso referir quando e onde revelou a sua obra, parte significativa mostrada, em Setúbal, nos Paços do Concelho, em 1992, por iniciativa da Câmara Municipal, com a Exposição Retrospectiva de Luciano dos Santos.
Mais conhecido como paisagista e retratista, emprestou, também, talento à arte da cerâmica, de vitrais e da escultura. São exemplos, neste último caso, a imagem de S. João Baptista, patente na Basílica da Estrela, em Lisboa, e os bustos de Bocage e de Luísa Todi, que se encontram em Alcobaça. A medalha, em bronze, de Luísa Todi, afixada na fachada da casa, em Setúbal, onde a cantora lírica nasceu, é, igualmente, da autoria de Luciano dos Santos.
Entre as várias distinções que recebeu, conta-se a Medalha de Honra da Cidade de Setúbal atribuída, em 1985, pela Autarquia.
Luciano dos Santos – nascido em Setúbal, em 25 de Março de 1911 – morreu, aos 95 anos, em 12 de Dezembro de 2006.
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1 comentário:
FONTE: Dados retirados de "A Colecção de Autógrafos de Olga Moraes Sarmento", Exposição Temporária organizada pelo Museu de Setúbal/Convento de Jesus (Câmara Municipal de Setúbal), de 9/12/2006 a 10/02/2007 no pólo Museu Sebastião da Gama (Azeitão).
Peço que seja retificada a falha relativamente ao texto dedicado a Olga Moraes Sarmento. Ao contrário dos outros textos, não foi colocada a indicação da fonte que permitiu a elaboração desse texto, ou seja a informação que esteve patente na exposição, ligeiramente referida no fim do último parágrafo. De facto, alguns dados são tão específicos que só quem estudou a colecção dos autógrafos (ou seja técnicos do museu) os poderia referir.
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