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* Victor Nogueira
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* Victor Nogueira
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No chão nada que me pudesse servir de «arma». Perdidos por cem, perdidos por mil, utilizei a táctica de que a melhor defesa é o ataque pelo que, fazendo das tripas coração, me voltei para ele olhos nos olhos e voz áspera e perguntei: «Que queres, pá?!»
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Tratava se afinal dum surdo mudo, que pareceu querer falar-nos das obras na igreja, onde seria operário, cuja conversa procurei abreviar pois poderia apenas estar a entreter-nos até aparecer mais alguém. Conseguimos largá-lo e ele foi noutra direcção interpelando alguém mais para além, invisível no fundo duma rua deserta e mal iluminada, o que em nada contribuiu para aumentar o nosso sossego.
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Estugámos o passo, descemos a escadaria rumo ao grupo de jovens à porta da discoteca ao lado da antiga Misericórdia, ouvimos uma motorizada aproximar-se, alcançamos os jovens e a motorizada passa por nós, pára e o jovem mudo faz grandes gestos de alegria por encontrar-nos e segue viagem rumo ao largo lá mais abaixo. Não ganhámos para o susto! Mas resolvi voltar à igreja, para admirá-la, desta feita de carro, mas nem parei quando lá encontrámos dois ou três carros despejados dos seus ocupantes, rapazes de mau aspecto àquela hora tardia e solitária, pelo que seguimos viagem sem abrandar, não fosse aquele isolado local de prostituição e tráfico de droga!
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Doutra vez, altas horas da madrugada, dessa vez deambulando por Valença do Minho, sem companhia, as ruas desertas, ao procurar completamente alheio o melhor ângulo para uma foto, caí desamparado e a minha preocupação, acrobática, foi salvar a máquina. Bati com a face esquerda na áspera e rugosa pedra da calçada, dorido e arranhado, tal como todo o meu lado esquerdo, a manga da camisa esfarrapada. E depois dei por mim a pensar que tinha sido uma grande besta. Poderia ter morrido e ficado ali até alguém me encontrar de manhã. E até a máquina e todo o seu valioso equipamento e acessórios poderiam ter sido roubadas.
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Afinal, apesar destas loucuras, a «reflex» teve uma morte inglória num café no centro da Póvoa de Varzim. Eu, os meus filhos, a Fátima e a minha mãe, de férias, fôramos lanchar a um café e distraidamente, sem olhar, pousei-a no assento duma cadeira ao meu lado e pimba, caiu ao chão e como estava fora do estojo e com a teleobjectiva, ficou completamente desalinhada e sem conserto possível, incapaz de focar correctamente fosse o que fosse a partir daí. Sabem pk caiu ao chão e teve aquela morte inglória? - o assento das cadeiras não era quadrangular, como habitual, mas triangular (xico-modernice)
1 comentário:
Pobre mundo este que vamos construindo! Impera o medo, a falta de sossego e tranquilidade, a desconfiança e a insegurança...
Seremos alguma vez verdadeiramente livres?!
Parece-me que não. Na verdade, nem naqueles que connosco privaram podemos contar...até esses traem com a facilidade do querer, do ter ou do querer ser. Basta um aceno, uma janela semi-aberta e a possibilidade à espreita...
Cansei-me deste mundo, desta gente que o não é.
Amigo Vitor, para ti deixo um abraço amigo e cheio de sol,
Maria Faia
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