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................As pessoas andam juntas - isto é, namoram‑se - para se conhecerem mutuamente, para verem se há ajustamento nas suas maneiras de ser, na sua mundividência, no seu relacionamento entre si e com os outros, se há comunhão de interesses e de gostos. E as "coisas" dão ou não dão. Para isso serve o "namoro" ([1]).
E quando os namoros acabam, podem finalizar de modo civilizado, podem as pessoas permanecer amigas, sem cenas lancinantes e acusações do tipo "ai o tempo que perdi contigo", "ai os homens (ou mulheres), que malandros!" ou “ai as oportunidades que deixei de "agarrar" e que me poderiam ter dado mais felicidade, amor e compreensão!" etc., etc., etc.
[1] - Creio que é muito difícil encontrarmos alguém que corresponda inteiramente áquilo que desejamos. Cada uma das pessoas que nos surge na vida tem aspectos que nos atraiem com maior ou menor intensidade ou que nos afastam. E cada um destes aspectos assumirá maior ou menor importância conforme o nível das nossas aspirações, conforme o nível do relacionamento pretendido. Exigimos diferentemente conforme se trata do contacto ocasional, do vizinho, do colega de trabalho, do amigo, do camarada de partido ou do sindicato. Obviamente exigimos muito mais daquele que é ou será o nosso companheiro de vida, perante o qual se procura não ter máscaras ou disfarces O que não significa que cada um de nós não tenha direito á sua reserva de intimidade, que terá a liberdade de expor e compartilhar ou não.
Lisboa e Setúbal, 1997 - Janeiro 09 / Fevereiro 17
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