Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

domingo, 5 de julho de 2009

Participar na vida política, um direito e um dever

· Victor Nogueira

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Já é quase aceite universalmente o direito ao sufrágio universal, isto é, que todos os cidadãos têm o direito de participar na vida política e na direcção dos assuntos políticos do seu país, ou em alguns casos no país de emigração, quer de modo directo, quer indirectamente através de representação partidária.

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Contudo a história do sufrágio universal, o direito do ser humano de escolher de forma livre seus representantes mediante o voto, é bem recente e ainda incompleta.

A Declaração de Independência dos EUA (1776) e a Revolução Francesa de 1789, sob o signo da Liberdade, Igualdade e Fraternidade estabeleceram o regime parlamentar e a separação (teórica) dos Poderes Legislativo, Executivo e Judicial

Contudo vastas camadas da população continuaram afastadas do exercício do poder político e com direitos limitados ou nulos, em consequência de discriminações baseadas no sexo, na religião, na propriedade ou na «raça».

Foi através de duras lutas que tais restrições foram sendo sucessivamente eliminadas, destacando-se o papel das sufragistas e do movimento operário, através dos seus partidos e sindicatos.

Foi na sequência de ásperas lutas que as massas trabalhadoras conquistaram direitos como os de associação, greve, fixação e limitação da duração da jornada de trabalho, melhoria de salários e assistência, esta através das associações (operárias) de socorros mútuos.

Em 1893, a Nova Zelândia tornou-se no primeiro país a garantir o sufrágio feminino, graças ao movimento liderado por Kate Sheppard.

Os trabalhadores conseguiram assim criar sociedades de instrução e editarem a sua própria imprensa. A Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa por ocasião da resistência popular ante à invasão alemã, sangrentamente sufocado. Outras revoluções tiveram um papel importante na ideia que uma verdadeira democracia não se reduz ao ritual periódico de votar, antes deve garantir e possibilitar a existência efectiva de direitos à Saúde, ao Trabalho, ao Lazer, à Educação e à Segurança Social, entre outros. De entre estas destacam-se a Mexicana de 1910 e a Soviética de 1917.

Foi através da luta e na rua que os portugueses influíram na redacção da Constituição da República proclamada em 1976 e alvo de sucessivas revisões que tentam descaracterizá-la, mantendo embora o sufrágio universal pela primeira vez reconhecido em Portugal.

Atribuir aos parlamentos o que é devido à acção popular é pensar que basta existir uma Constituição para que haja liberdade e direitos respeitados.

A ilusão eleitoral pode conduzir as massas populares e as camadas intermédias ao conformismo, ao alheamento da sua própria força à inércia ou ao abstencionismo.

A Constituição da República de 1976 incorporou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU em 1948 (fd.uc.pt/hrc/enciclopedia/onu/textos_onu/dudh.pdf ) e outras como o Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos (www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/pacto.htm) e o Tratado Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais (www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/direitos.htm)

Outras hiperligações com interesse referem-se à história da evolução do Conceito de Direitos Humanos (pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_humanos), a textos legislativos marcantes (www.dhnet.org.br/direitos/textos/oquee/direitos_ac2.html e

http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/index.html) bem como sobre o exercício efectivo do poder (www.espacoacademico.com.br/064/64esp_tragatenberg.htm,)

2009.07.05

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