Torres Vedras
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Passei por Torres Vedras já era noite adiantada. Pareceu-me uma terra incaracterística, feia, lembrando o Montijo. Ruas íngremes, os passos ressoando na calçada deserta, levavam ao Castelo, cujas portas se encontravam fechadas, sendo por isso impossível visitá-lo.
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Torres Vedras ficou na história devido ao sistema de muralhas defensivo construído a norte de Lisboa, numa zona montanhosa, para impedir, com êxito, a tomada de Lisboa pelos exércitos napoleónicos em 1810, comandados pelo General Massena e detidos pelo General Wellington. (Notas de Viagem, 1997.07.08)
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O castelo, que remonta ao tempo da ocupação romana,danificado pelo terramoto de 1755, é uma ruína, subsistindo alguns panos de muralha, para além da Igreja de Santa Maria do Castelo ou de N.Sra da Anunciação, com dois pórticos românicos. Na porta de armas o escudo manuelino. Vista deste local a cidade é feia. Daqui descemos ao centro histórico, de aspecto agradável, com ruas pedonais. As ruas têm nomes expressivos, como as travessas da Paz, do Castelo e do Quebra Costas. As ruas rebaptizadas referem na mesma os nomes de outrora: antigas ruas dos Balcões, da Misericórdia, dos Canos, do Açougue dos Clérigos, da Judiaria, dos Cavaleiros da Espora Dourada (onde ficavam os Paços Reais), do Terreirinho, da Cerca (1º de Dezembro), a antiga travessa das Olarias ou o antigo Largo do Grilo, para não falar no Outeirinho, actual Praça da República. A antiga Estrada Real 61 denomina‑se presentemente Rua 9 de Abril. O Chafariz dos Canos, gótico, ameado, do século XIV, embora mais rico, é similar à Fonte das Figueiras, em Santarém. Nalgumas ruas existem capelas como em Setúbal, os passos da via Sacra da Crucificação de Cristo. Perto situa-se a Igreja de S. Pedro, manuelina, reconstruída no século XVI sobre uma mais antiga.
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Numa praça ajardinada, com um obelisco, memorial às batalhas do Vimeiro e da Roliça, visitamos o Convento dos Agostinhos Calçados (Igreja e Convento da Graça), onde está agora instalado o museu municipal, embora a Igreja esteja aberta ao culto. A arqueologia é a componente principal do Museu que, para além disso, possui uma sala dedicada às invasões francesas, com armamento, gravuras, maquetas e fardamento, para além doutras secções com louças e armários. Nos claustros, agradáveis, estão sendo reconstituídos e restaurados os azulejos primitivos, com a vida de S. Gonçalo de Lagos, o Santo Patrono, que andavam dispersos por várias entidades ou armazenados num sótão, após a extinção das ordens religiosas no século XIX. Noutra sala estão expostos primitivos portugueses, provenientes do retábulo da Igreja de N.Sra. do Ameal.
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É dia de S. Gonçalo e o museu, neste domingo, está excepcionalmente aberto aos visitantes, atendendo‑nos os funcionários simpaticamente e convidando-nos para confraternizar e compartilhar com eles o jantar, transportado do exterior em grandes panelões, pois viemos de tão longe - Setúbal - e deste modo querem obsequiar‑nos. Mas declinamos o convite e prosseguimos o passeio, agora novamente nocturno, pelas ruas da povoação.
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Doçaria típica desta região são, vejam lá, os pasteis de feijão!
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O aqueduto com dois km. que transportava a água para a povoação, nalguns troços apresenta arcos duplos, como o de Estremoz, embora menos imponente.
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Na parte nova existem muitos edifícios Centro Comercial e o trânsito é intenso. A Câmara funciona no antigo edifício da Escola Industrial.
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O museu dá conta das povoações pré‑históricas existentes na região, de que é exemplo o Castro do Zambujal, num dos contrafortes da serra de Varatojo, com o rio Lisandro correndo lá no fundo da ribanceira., a 3 km de Torres Vedras. que não visitei desta feita. (Notas de Viagem, 1997.10.27)
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Em nova viagem visitamos o convento do Varatojo, depois de nova passagem por Torres Vedras e nova sessão de fotografias: o edifício não está visitável à hora que chegamos e exteriormente nada de especial lhe encontro. Situado numa das faces dum pequeno jardim, à entrada principal tem-se acesso descendo uma escadaria azulejada, que dá acesso a uma portaria com portal gótico. (Notas de Viagem, 1998)
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Voltámos noutra vez e conseguimos visitar o Convento, sendo simpaticamente acolhidos pelos frades. Neste convento se refugiou D. Afonso V, o último rei das "cruzadas" e dos senhores feudais, a tal ponto que D. João II, a quem se deve realmente a gesta dos Descobrimentos cujos louros D. Manuel I recolheu, afirmava que o pai lhe deixara apenas as estradas de Portugal, tendo por isso iniciado uma sangrenta guerra contra a nobreza para poder afirmar, centralizar e consolidar o poder real, isto é, o seu.
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Situadas a 2 km de Torres Vedras situam-se as termas dos Cucos, que na altura se encontravam fechadas para obras. Possuem um agradável e frondoso parque do final do século XIX sendo o conjunto arquitectónico constituído por Balneário, «Buvette», Hotel, «Challets» e Casino (nota de viagem 2000.07.14)
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Bombarral
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Chegámos ao Bombarral, terra dos vinhos. Lá vi diversos homens com o barrete ribatejano, verde e vermelho. (1963.09.8/9 - Diário III)
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Ao passar pelo Bombarral, desisto da visita e prossigo para Torres Vedras, por estreita estrada de infindas curvas e contracurvas. A vila não terá muito para ver e ainda não é desta que fotografarei os azulejos da estação ferroviária, que parecem ser um ex-libris da povoação pois surgem em inúmeros folhetos turísticos.(Notas de Viagem, 1997.10.27)
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Voltámos ao Bombarral em 1998.01.17 mas dessa visita ainda não estão desenvolvidas as notas (2013).
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Sobral do Monte Agraço
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A viagem para Sobral de Monte Agraço faz‑se já de noite, contingências dos passeios em curtos dias de inverno. Da ruralidade da paisagem não me apercebo, mas sim e apenas do relevo do terreno, ora subindo, ora descendo, ora curvando, ora contracurvando. A povoação fica lá em baixo, mas é uma desilusão. Uma igreja barroca, na Praça da República, e um teatro (Eduardo Costa?), perto da Praça Dr. Eugénio Dias (médico dos pobres) com elegante coreto, busto do homenageado, fontanário, edifício da Câmara e uma residência do século XIX. As lojas têm um ar de antigas, na sua decoração interior. Mais adiante um outro largo arborizado, a praceta 25 de Abril, de edifícios recentes, permanecendo por enquanto uma casa estilo chalet, com um corpo estreitinho, lateral, estilo pequeno torreão, e restaurantes com nomescuriosos: Café Montagreste, Café Restaurante A Toca do Coelho, Restaurante Pé de Galo, Pastelaria Pan Diogo ... Já na saída da povoação a nossa atenção é desperta pelos painéis de azulejos do matadouro municipal (1940), representando cenas relativas à criação de gado: suinicultura, o pastor com as ovelhas, o ganadeiro com vacas e vitelos ... O adiantado da noite não dá para procurar as casas azulejadas e as varandas de ferro fundido referidas pelos livros.
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As ruas ostentam ainda cartazes da campanha eleitoral para as autarquias. Insólitamente, os do CDS/PP (Centro Democrático Social tranfigurado de Partido Popular) afirmam Só prometemos trabalhar. Curioso, esta do partido do grande patronato, que aliás não define o sentido da sua trabalhia!
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Não é desta que visitamos as ruínas das Igrejas de S. Salvador (século XII) e do Salvador do Mundo. Prosseguimos viagem em busca da Igreja de S. Quintino, ([1]) do século XVI, insólita porque na sua fachada principal coexistem um imponente portal manuelino e um pequeno portal gótico, emparedado, este sobressaindo na parede de pedra não rebocada. Defronte, no adro, um telheiro com bancos, sítio onde talvez o povo se juntasse para conversar abrigadamente. Com o templo fechado não dá para visitar os paineis de azulejos dos séculos XVII e XVIII que cobrem as suas paredes. (2)
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Prosseguimos a viagem em busca de Sapataria, mas antes detemo-nos em Gozundeia e naPatameira, situadas nas margens dum rumorejante riacho e da linha do caminho de ferro. Trata‑se de acessos perigosos, pois as passagens de nível não têm guarda. Desta última povoação registo as ruas da Fonte e de Baixo Guarda, para além da calçada do Fincão. Não encontramos a Capela de N. Sra da Luz, pois a escuridão é total e as ruas estão desertas. Pelo que não resta senão procurar a povoação seguinte ... (Notas de viagem, 1998.01.--)
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Sapataria
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... e a Igreja de N. Senhora da Purificação (século XVI), com modesto pórtico manuelino emoderna torre sineira. A povoação é enorme, com ruas estreitas e casas parecendo‑se com as do Norte, com dois pisos; num largo persistem alguns edifícios antigos, um deles senhorial - com escadaria exterior, capela e portão brasonado - e outro com varanda alpendrada, como as do renascimento. Perto visitamos a Moita.Da toponímia anoto as ruas da Fonte, do Campo e das Faias, bem como a travessa de S. Sebastião, onde se situa uma modesta capela com um campanário lateral e cruzeiro no adro, a que não podemos aceder por estar encerrado o portão.
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Dado o adiantado da hora é difícil encontrar onde jantar, pelo que regressamos ao restaurante O Ferrador, cujos donos nos contam curiosidades da terra, como sejam a origem do seu nome, derivado dali se fabricar o calçado para a tropa. Do terraço da casa mostram‑nos o Monte do Moinho do Céu, de que se distingue o piscar das luzes para a navegação aérea.
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Nesta viagem passamos ainda por Almargem, povoação de casas pobres, com construções que me parecem respiradouros dum aqueduto, para além duma igreja modesta, parque infantil e poço.(Notas de viagem, 1998.01.--)
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[1] - Visitável aos sábados e domingos das 13 às 18 horas, e nos outros dias através de marcação pelos telefones 941 877 ou 941 339.
[2] Voltámos a Sobral de Monte Agraço em 2000.06.10 para nova visita e desta feita a senhora D. Felismina facultou-nos a visita ao interior da Igeja de S. Quintino, tendo tanbém visitado as ruínas da Igreja do Senhor do Mundo, com um portal gótico e defronte ao cemitério..
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Foto Victor Nogueira - Torres Vedras
Foto Victor Nogueira - Torres Vedras - rosácia do edifício do Instituto da Vinha e do Vinho (demolido)
Foto Victor Nogueira - Torres Vedras - pormenor da Igreja de S. Pedro
Foto Victor Nogueira - Sobral de Monte Agraço - coreto
Foto Victor Nogueira - Sobral de Monte Agraço - Igreja de S. Quintino
Termas dos Cucos - postal ilustrado
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