* Victor Nogueira
CANTILENA COM MAU GOSTO
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Quem quer ver a moça bela
Que na rua vai passando,
Florida, com sentinela,
0 meu sossego roubando?
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0 meu sossego roubando
Sem leveza d'andorinha,
Em má prisão esvoaçando
Não te vendo, Oh! sinházinha!
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Não te vendo, oh! sinházinha,
Um deserto vai nascendo;
Bem longe da minha vinha
Por ti mal, vou fenecendo,
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Por ti mal, vou fenecendo
Nesta casa sem calor;
Não quero ficar sofrendo
Como trigal sem verdor,
.
Como trigal sem verdor
Não me deixes tu ficar;
É bom ter calma d'amor
No mar alto a navegar,
.
No mar alto a navegar
Remando àquele porto,
Com roussinol a cantar
Mui cantante, sem desgosto.
.
Mal cantante, com desgosto,
Vou deixando de cantar;
Ficando mal, mal disposto,
Pela companh'a a fugar!
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1992
NOSTALGIA
Procuro dentro de mim
................a memória das naus que partiram
................nesse teu gesto de me
.........................................tocar o rosto
.........................................afagar os cabelos
.........................................ajeitar o kispoo
................toque das tuas mãos
................tocata ligeira e graciosa
Recordo a tua pele morena
................a tua voz camarada e amiga
quente sedutora
................o teu ar fresco e donairoso corpo
................a tua mão na minha
no café no cinema ou no restaurante
................o teu cabelo curto ou comprido
................as tuas palavras
................quando me dizes
................à partida
................rápido pela auto-estrada
................não vás depressa
................cuida de ti da tua saúde
................o beijo na face ou como ave
............................pássaro lançado ao vento
Regresso em pensamento viajo
Percorro os sítios onde estivemos
................o areal o lugar à beira-mar
................a esplanada as ruas da cidade aberta
................a tua casa acolhedora
................o silêncio
Hoje raro me telefonas ou procuras
a não ser quando me sabes doente ou
no dia do meu aniversário
na passagem dos anos
com delicada gentileza!
Flor do mar retraída.
1989.09.11 setúbal
O AMOR É BEM QUE SUAVIZA
A tua presença na minha casa
Enche o ar de color e alegria,
Arte, doce, terna, bela magia;
Assim meu coração ganha outra asa.
Cozinhamos o pão que não esfria,
Brincando, procuramos boa vaza
P'ra espantar a tristeza, que arrasa
Rio, danço, com tua cantoria.
Com tua feição nos vasos pões flor
A tudo dando vida e bom sabor;
Caricio teu corpo, os teus lábios,
Afago teu rosto, aparto as dores;
A rua, plena de sol e louvor,
É verde planura com riso dos sábios.
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Setúbal 89.09.05
No Dia da Mulher 1995
(oferecido as minhas colegas do Urbanismo)
..................................... 1. Na tua mão
bate estrangulado
o meu coração.
Preso no teu olhar
bate suave
muito leve
com desejo de voar.
Onde o riso e a palavra
que o façam sossegar?
2. Com os meu dedos
sigo lentamente o teu olhar
Uma leve brisa agita o teu rosto
e não sei bem se é um pássaro
ou uma flor
o sorriso que nasce nos teus lábios.
Será noite
ou uma criança a navegar?
3. Nas minhas mãos
o dia escurece
e não ouço nelas
o calor da tua voz a cantar.
Uma gota cai lentamente no
[ horizonte
E outra
E outra
E mais outra ...
E as minhas palavras são
um novelo em busca do mar!
O teu rosto,
o teu rosto é uma linha a navegar
onde loucas gaivotas
querem mergulhar.
Quem as recolherá
como um cristal a brilhar?
VICTOR BARROSO NOGUEIRA·QUARTA-FEIRA, 8 DE MARÇO DE 20178 leituras
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