Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

.

Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

.

Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Racismo, apartheid ou discriminação social ?

* Victor Nogueira

COMENTÁRIO MEU NO FACEBOOK  A PROPÓSITO DUMA FOTO QUE PRETENDERIA DEMONSTRAR QUE NO FUTEBOL CLUBE DE LUANDA NÃO HAVERIA DISCRIMINAÇÃO RACIAL.

Vi as fotos, comecei a ler os comentários, a linhas tantas saltei para esta caixa.com alguma perplexidade e pontos de interrogação. Para uns e nalgumas situações haveria discriminação social, noutras seria racismo, embora "mitigado", um grande desconhecimento do"Outro", a maioria, sendo a cor da pele factor discriminatório e obstáculo à mobilidade social, face à super-estrutura vigente.



COMENTÁRIO MEU NO SANZALANGOLA A PROPÓSITO DUMA FOTO QUE ALGUNS COMENTADORES PRETENDIAM SER DEMONSTRATIVA DE QUE NAS COLÓNIAS PORTUGUESAS NÃO HAVIA RACISMO.


Poderá dizer-se que não havia apartheid em Angola, podendo confundir-se a segregação económica com a racial. Mas é um facto que os negros, quando "pisavam o risco", por insignificante que fosse a pisadela, estavam sujeitos - mesmo adultos, a duas chapadas ou lambadas dadas pelo "patrão" branco ou a serem por este levados ao chefe do posto (administrativo), em Luanda o célebre "Poeira", para levarem sem julgamento e arbitrariamente tantas palmatoadas quanto a gravidade da infracção, ou irem como castigo e durante uns dias "trabalhar para estrada" (manutenção das vias de comunicação)

E mesmo os brancos nascidos em Angola eram pelo Governo do Puto (Portugal) considerados como "portugueses de 2ª". Quanto aos negros, à esmagadora maioria não era reconhecida a cidadania portuguesa, estavam sujeitos ao estatuto do indigenato, com menos direitos que aqueles poucos que o fascismo reconhecia aos brancos.

ver também DISCRIMINAÇÃO ECONÓMICA, SOCIAL E RACISMO em Portugal e nas colónias in

https://aoescorrerdapena.blogspot.pt/2014/11/dDiscriminacao-economica-social-e.html

Sem comentários: