TANTA GENTE, MARIANA, TANTA GENTE
Tanta gente a enaltecer Margareth Tatcher (e vilipendiando Angela Merckl), tanta gente desejando-lhe que repouse em Paz (RIP). Tanta gente, Mariana, da mesma gente que se condoeu com Pinochet ou Krupp, senis e, por razões "humanitárias" da classe dominante, não levados a julgamento. Tantos mortos, milhões de mortos, provocados pelos EUA e por Hitler, com o apoio do Grande Capital, cujos interesses defendiam, que não chegaram a velhos, fuzilados, torturados, gaseados, assassinados, sem que Pinochet, Hitler ou Tatcher com isso se preocupassem.
Porque se haviam de preocupar, se era gente desqualificada, tal como hoje somos - agora - em Portugal e por essa "europa connosco" fora ? Gente indubitavelmente desqualificada: operários, camponeses, comunistas, opositores políticos, sindicalistas, socialistas, eslavos, negros, vietnamitas, "mouros", árabes, palestinianos, ciganos, ameríndios, judeus, homens, mulheres, crianças, jovens, velhos ...
Tanta mulher, Mariana, tanta mulher a chorar ou a orgulhar-se de Tatcher, cuja política conduz(iu) à subalternização da mulher, explorada, mais que os homens, no local de trabalho, vítimas do assédio sexual - para arranjarem ou manterem o posto de trabalho, precário
Tanta mulher, Mariana, tanta mulher de que a Humanidade se pode orgulhar, enquanto choram Margareth e vilipendiam Angela.
Como podem a escola e os órgãos de informação da classe dominante condicionar a percepção da realidade. Antes de Margareth, cuja política neoliberal subalterniza necessariamente a mulher, tantas mulheres de muito mais valor, para além daquelas cujos nomes a história não registou.
Isabel I, de Inglaterra (equivalente a Tatcher). Beatriz de Luna (a Senhora). Beatriz de Portugal, que dirigiu a Ordem de Cristo e foi a verdadeira impulsionadora dos Descobrimentos e não o retrógrado senhor feudal que foi Henrique, o Navegador. Lurdes Pintassilgo, em Portugal, Marie Curie. a rainha Ginga, em Angola. a comunista Rosa Luxemburgo, assassinada com Karl Liebknecht Olympe de Gourges, que foi guilhotinada, autora da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. Clara Zetkin, Ana Garibaldi, companheira de Garibaldi, Dorothea Lange, Simone de Beauvoir, Simone Weill, Ana Comnena, Christine de Pizan, Mary Wollstonecraft, Dolores Ibarruri, Georges Sand, "Leni" Riefenstahl (fosse homem e talvez não tivesse sido ostracizada devido à sua ligação ao nacional-socialismo)
Aqui encontram mulheres revolucionárias
http://altamiroborges.blogspot.pt/2012/03/8-de-marco-as-mulheres-revolucionarias.html
e aqui, cientistas
http://super.abril.com.br/galerias-fotos/15-mulheres-se-tornaram-grandes-cientistas-710168.shtml#8
Sobre as mulheres portuguesas
http://kantoximpi.blogspot.pt/search/label/Mulheres%20Portuguesas
http://www.searanova.publ.pt/pt/1714/dossier/146/
Sobre mulheres angolanas históricas
http://kantoximpi.blogspot.pt/search/label/Mulheres%20Angolanas%20Históricas
Sobre mulheres "esquecidas" ou "silenciadas", aqui referidas em
http://kantoximpi.blogspot.pt/2007/05/crtica-ao-dicionrio-no-feminino.html
Tanta mulher, Mariana, tanta mulher, Mariana Torres, companheiro que sou da tua barricada, operária conserveira assassinada em Setúbal, em greve, morta pelas balas da GNR em 1911, que defendiam os patrões da indústria. Assassinada conjuntamente com um operário. Tal como pela GNR foi assassinada a assalariada rural Palmira da Graça, a mesma GNR que no tempo do fascismo assasinou outra grevistas, Catarina Eufémia.
Como vês, Mariana, há muito por onde escolher, mesmo para quem despreze as que, como tu, se distinguiram por motivos radicalmente contrários aos da Dama de Ferro, serventuária do grande Capital e do Patronato,
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