Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Pingos do Mindelo, em 2023 novembro 29

 


Fotograma Victor Nogueira - Mindelo - trabalhos agrícolas com tractor (2023 11 21 MVI 3552)


*Victor Nogueira 


Neste mês de Novembro andaram os tractores a cirandar num dos campos das traseiras, mais precisamente, naquele em que os trabalhos agrícolas estavam mais atrasados, talvez devido ao facto do rendeiro dos mesmos ter falecido quando decorriam a ceifa e debulha. Por isso as leiras adjacentes estão já cobertas um manto verde.

Um homem, no máximo três, conforme o número de tractores e alfaias atreladas, fazem o labuta que outrora pertncia a um rancho de trabalhadores.

As gaivotas em terra, buscando alimento, mantêm-se indiferentes à passagem e ríudo das máquinas.

Numa das vezes em que filmava os trabalhos, ao ver o tractor aproximar-se, pensei para comigo: "Se o homem se engana e carrega no pedal do acelerador e não do travão, derruba-me o muro e entra-me pela cozinha adentro!"

Mas tal nunca sucedeu nas muitas voltas que deu. Lembrei-me do susto dos espectadores nos primórdios do cinema, fugindo espavoridos, quando na tela um tractor se dirigia para a sala.

A cena que recordo é uma das deste filme dos irmãos Lumiére, "A chegada do comboio à estação" (1895) , que pode ser visto a seguir





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