Foto victor nogueira - Mindelo - Minimercado S. José (2024 01 23 IMG_4001)
Sardinhas sem pão é comida de ladrão / Gaivotas em Terra, tempestade no Mar
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Fica este estabelecimento na Rua da Praia, chamando a atenção de quem vem da Gafa pelo mostruário de víveres à porta, "guardado" por um enorme galo de Barcelos, reproduzido num painel que cobre uma das montras. Duas outras, laterais, na Rua da Taloca, estão entaipadas com motivos minhotos e ditos populares, como se vê nesta foto.
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O estabelecimento está bem fornecido e o dono sorridente. Neste dia, espontaneamente, um dos clientes ajudou-me a levar as compras até à bagageira do Fiesta II, como aliás doutra feita me sucedeu no minimercado do Cruzeiro.
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Perto deste último, na Rua da Fonte, resvés com o "Canto do Pão" situa-se um outro minimercado, de que me falara a vizinha Amélia.
Denominado "Mercadinho da Fonte", a designação condiz com o interior, exíguo e com pouca variedade de produtos. ^Da fonte encontro apenas o registo toponímico, mas onde se localizava, desconheço.
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À porta, duas mulheres de meia-idade conversam, uma delas fixando-me com insistência. Não a reconhecendo, pergunto-lhe cordialmente se nos conhecemos; a mulher fica algo embraçada, fazendo um gesto com a mão enquanto me diz: "Por aí!"
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Entro, enquanto elas continuam possivelmente na baldroguice, talvez tendo como tema o forasteiro delas desconhecido que chegou à aldeia. Junto à caixa registadora uma jovem não tira os olhos e os dedos do smartphone, não correspondendo à minha saudação. Pergunto-lhe onde estão os sacos de plástico para a fruta e, sem mudar de atitude, responde, indicando-mos com a mão. Dou uma rápida uma volta, avio um ou dois produtos, pago e saio, sem vontade de voltar.
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Dum modo geral as pessoas no Mindelo (e em Vila do Conde) são prestáveis e simpáticas, embora haja excepções. Mas sentir-me ou ser descaradamente olhado como forasteiro, foi a primeira vez que me sucedeu no Mindelo.
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É como naquelas aldeias do Alentejo, nos dias de canícula, em que passando por uma rua, estavam desertas as janelas e soleiras das portas, sem que vislumbrasse vivalma. Voltando-me repentinamente, para diversão minha, logo as comadres que me espreitavam se recolhiam apressadamente para dentro.
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Mas há uma outra história sobre comadres. Em Setúbal, do outro lado da Avenida, há um Mini Preço, com freguesas habituais, atendidas com mais simpatia e muita conversa com a menina da caixa.
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Uma vez, estando eu pacientemente na fila, esperando para pagar, uma mulher mete-se à minha frente. Reclamo e digo-lhe que há fila e se ponha no fim da mesma. A mulher recalcitra, que tem pressa, pois tem de ir para casa fazer o almoço para o homem. Digo-lhe que também tenho pressa, pois tenho de ir fazer o meu almoço e não tenho quem o faça por mim.
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A freguesa mantém-se na sua, eu digo à menina da caixa que não pode atendê-la antes de mim, a menina da caixa, embaraçada, não ata nem desata, o mesmo fazendo o gerente da loja. Não é caso para chamar a polícia e digo à empregada que atenda e despache a freguesa.
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Quando saio, encontro a mulher, numa grande calma, sem qualquer afobação, os sacos pousados no passeio, numa grande conversa com outra comadre, já sem pressas nem almoço para cozinhar.
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