* Victor Nogueira
o mistério do saltério
sentes
e
no ministério
mentes
as palavras
em tiras
tiaras
das mentiras
ao rés do chão
sem pão nem a vinha
em sentido
neste sentido
que sentido
na janela aberta
encoberta
estás
sem a descoberta
tecida de receios
a
imaginação
desenfreada
sem
o
freio
do
receio
a ventura
sem cobertura ?
na pousada
da poesia
as palavras
são
anelo
anel de papel
pesadelo
flores
ardores
andores
e
dores
não há
entre nós
palavras belas
nem versos
pois não escutas
o que escrevo
escrevo
como se
entre o meu cérebro
que comanda
e as minhas mãos
que executam
dedilhando
eu não estivesse
mas sim a máquina
em que me transformo
o meu cansaço
é o da máquina
que não sou
e tu insistes
na minha desumanização
27 de fevereiro de 2016 ·
foto victor nogueira - A2 - Pôr-do-sol na área de serviço de Palmela, cujo restaurante se encontra encerrado desde 1 de janeiro do corrente ano. Porque será que nas zonas de restauração das áreas de serviço servem tão mal e caro ? E dizem que as "privadas" é que servem bem e com optma gestão ! É sempre a aviar, minha gente.
Melhor só outrora em Casa Branca, no transbordo para o ramal ferroviário de Évora, enquanto nos procurávamos aviar no bar da estação onde o afobado "dono" não dava conta do recado perante a avalanche de clientes, empurrando-se uns aos outros tentando chamar a atenção para serem servidos, atentos ao apito do chefe da estação, não fosse a automotora partir deixando os menos precatados no cais e ao relento
foto victor nogueira - Mural em Setúbal - 1985 - comemorativo do 50º aniversário da morte de Fernando Pessoa. Autopsicografia. O poeta é um fingidor.
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
s. d. Poesias. Fernando Pessoa.- 1ª publ. in Presença , nº 36. Coimbra: Nov. 193
.jpg)
foto victor nogueira - setúbal - gaivotas em terra, longe do mar (2019.12.25)
Gaivota
Música: Alain Oulman / Letra: Alexandre O'Neill / Intérprete Amália Rodrigues
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.
Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.
27 de fevereiro de 2020 ·
Foto do artista, tipo passe. Lisboa c. 1968 - A camisola inicialmente tricotada pela minha tia Lili, a meu pedido foi desmanchada tricotando ela uma nova, com outro desenho: gola alta.
Num dos anos em que fui a Luanda nas Férias Grandes, a D. Vitória em cuja casa de hóspedes eu vivia em évoraburgomedieval, foi mostrar, com elogios, o quarto do senhor Nogueira a duas das novas hóspedes, uma das quais, soube depois, ao ver esta foto que por lá estava, ficou de imediato encantada pelo retratado..
27 de fevereiro de 2021 ·
foto victor nogueira - Portas com "história", algures - "Oficina de Calçado"
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