Praça de Espanha e Sete Rios
O encontro com o Luís Filipe era no Jardim da Gulbenkian - ali ao pé da Praça de Espanha. É um jardim bonito, arrelvado, com recantos encantadores. Por lá deambulámos, vendo as manobras dos peixinhos encarnados no lago (há como que um ribeirinho deslizando por entre o jardim, em pequenas cascatas). Aquele terreno era do Conde de Vilalva, que o doou (?) à [Fundação] Gulbenkian, bem como um dos seus palácios, mais adiante, mas este ao Estado, que nele instalou o Quartel General. O Conde, [que criou a Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, que subsidia o Instituto dos Jesuítas] deve ser podre de rico; consta-me no Distrito de Évora há uma freguesia que é quase inteiramente propriedade sua. (MCG - 1973.09.23)
Hoje a Praça de Espanha, tal como Sete Rios, já não é praça, mas um simples cruzar de inúmeros carros. O mesmo sucedeu a outras praças, como a do Duque de Saldanha, ou a largos, como o do Rato. Já não são locais humanos, com arvoredo e relva, por onde as pessoas possam passear e admirar as estátuas que nalguns existem.
Benfica (#)
Benfica começa em Sete Rios e foi terra de quintas e vagares; hoje é um amontoado de prédios de vários andares, onde permanece o Palácio Beau Sejour, com jardim. Defronte a Villa Grandella (1904). Na Estrada de Benfica, 275, encontramos o Convento de Santo António da Convalescença e chafariz do mesmo nome. Na rua Cidade de Rabat há prédios de três andares, do início do século, e a Quinta Nova da Conceição, turismo de habitação. Na Avenida Gomes Pereira existem ruínas da Fábrica de Artefactos de Malha Simões. As Portas de Benfica, no limite da cidade de Lisboa, são constituídas por pesados e desgraciosos torreões ameados.
Confinante com Benfica e prolongando-se para ocidente encontra-se o Parque Florestal de Monsanto, que lá vai resistindo à pressão especulativa e urbanística. Quando vim para Portugal pensava que era floresta antiga, milagrosamente conservada. Puro engano, como verifiquei posteriormente. Ocupando 1/4 da área do município de Lisboa, outrora agrícola, rasgado pela auto-estrada do Estoril, comido por algumas urbanizações, resulta duma decisão de Duarte Pacheco, ministro das Obras Públicas dum Governo de Salazar, nos anos 30, e Presidente da Câmara de Lisboa. Deste modo Lisboa vai mantendo um pulmão revigorante, embora hoje em dia não seja lá muito saudável passear por certas zonas, devido aos assaltantes e prostitutas que por aí deambulam, em busca de incautos ou de clientes. (Notas de Viagem, 1997)
Laranjeiras
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3 comentários:
E as deambulaçõs continuam...
ainda bem; sempre vou conhecendo um pouco mais!
Maria Mamede
No ano em que estudei em Lisboa, morei perto de Sete Rios, perto do Jardim Zoológico.
Gostei desta deambulação por Lisboa :)
Excelente texto! Parabéns!
Mais memórias de Benfica aqui: http://retalhosdebemfica.blogspot.com
Um abraço
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