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Leiria
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Passámos por Leiria, que é bastante acidentada, com um pitoresco Castelo no monte. (...) Aqui na região de Leiria há muitas oliveiras, videiras e pinheiros. Para o Minho as videiras são altas, mas aqui são rasteiras. (....) O Rio Lis [que atravessa Leiria] é muito bonito. (1963.09.02 - Diário III)
Daqui de Leiria, a caminho de Lisboa, enquanto espero pelo almoço, envio um aceno. Está um lindo dia cheio de sol. No entanto esta parte da cidade é corriqueira. A única que acho interessante é aquele em que estive tempos atrás (MCG - 1975.04.01)
Estamos aqui num café duma estação de serviço à saída de Leiria, na estrada para Lisboa. Mas que estafa! O engarrafamento de trânsito é tal que levámos duas horas para fazermos cerca... de 10 km. Um quilómetro, já dentro da cidade, fizemo la em meia hora, isto é, à velocidade de 2 quilómetros por hora!
O café é muito barulhento. É uma estafa fazer 300 e tal km duma assentada e ainda faltam 120 e tal! O céu está cinzento de chumbo e já choveu torrencialmente. Parece me que a Beira Litoral é muito pluviosa, o que não me agrada. Este enorme engarrafamento resulta do facto da Estrada Nacional passar pelo centro da cidade; é só uma ponte e dois polícias sinaleiros! Já atestei o [meu] depósito: um Nescafé e uma sandes de fiambre. Só não havia gasolina super para o carro. Está esgotada aqui na bomba. Vamos lá ver se haverá até Lisboa, já que pelo caminho até aqui não havia. Ao menos já não há aquelas bichas monstras de há algumas semanas. (MCG - 1974.04.16)
Ex-libris de Leiria são o Castelo e Paço Real, no cimo do monte, imponente, com as suas duas torres com janelas ogivais e a galeria também com janelas ogivais e bancos de pedra laterais a cada uma delas; o castelo é uma reconstrução "moderna", que nada tem a ver com o original, como aliás sucedeu com os castelos de Guimarães e de S. Jorge, este em Lisboa. Um lugar aprazível situa se junto da ponte sobre o Lis, em zona verdejante, onde antigamente havia grandes engarrafamentos.
.............O castelo, despojado e de acesso íngreme e cansativo, é uma ruína encenada e dele já se fez uma breve descrição. Do castelo a vista não é agradável, se a lançarmos para além do centro histórico. Do mesmo mal se podem queixar Torres Vedras ou as Caldas da Rainha. No castelo tudo são ruínas: o Paço, a gótica Igreja de N.Sra da Pena, a Colegiada...
No regresso do Castelo passamos pela Igreja românica de S. Pedro e desembocamos no imponente templo barroco da Sé, que visitamos, cuja fachada sobressai vista lá de cima do castelo e cuja volumetria se impõe ao casario circundante. Também este templo sofreu os efeitos do terramoto de 1755, que os livros de história de antigamente pareciam circunscrever a Lisboa, dando razão ao dito: Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Daqui seguimos ao centro histórico onde as ruas são estreitas e os prédios altos. Mas os nomes não são ilustrativos, referindo se antes a personagens como Afonso Henriques, Mestre de Aviz, João das Regras, Damião de Góis ou Gago Coutinho. Mas ainda se encontram as travessas das Amoreiras, da Paz ou da Beneficência e a rua das Olarias. O deambular leva nos até à Praça Francisco Rodrigues Lobo, poeta, com edifícios de arcadas, ladeada de cafés e onde outrora se realizava diariamente o mercado, ao ar livre. Mas disso dá conta apenas um painel de azulejos junto a um muro perto do rio Lis.
Monte Real
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As carruagens do comboio da Linha do Oeste são antiquadas e as do Caminho de Ferro de Benguela [em Angola] são um pouco melhores. Passámos em Francelos, onde há um sanatório para doenças dos ossos. Perto de Aveiro, os campos têm pinheiros e milho. Em Coimbra nada vi, pois a estação velha não fica na cidade. De Coimbra a Monte Real vim a conversar com um sacerdote franciscano, bastante falador. O Rio Mondego estava quase seco. Havia muito arroz e oliveiras. Chegámos a Monte Real cerca das 17:30. Na Pensão Cozinha Portuguesa fiquei instalado. Um quarto do sótão, pequeno, sem água corrente, com uma clarabóia. O quarto tem uma cama com um óptimo colchão, um guarda fatos, uma mesa de cabeceira, além do lavatório e bidé. Como é meu costume tratei de visitar a terra, tendo dois hotéis e quase duas dezenas de pensões; a nossa fica num extremo.
Na feira de Monte Real (4ª feira, 4 Setembro) vendia se louça de barro, tecidos, fruta e gado bovino, principalmente, e suíno. (1963.09.3/5 - Diário III)
Indo pela antiga Estrada Nacional nº 1, o Castelo de Pombal, pertencente à Ordem dos Templários, destacava-se no cimo dum monte. Hoje é preciso ir lá de propósito, saindo da autoestrada. O centro histórico está em degradação e da povoação recordo uma praça ou largo arborizado e ajardinado. A povoação foi senhorio do Marquês de Pombal, também senhor Conde de Oeiras. (Memórias de Viagem, 1997)
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