Olá, Capuchinho Vermelho
O tempo está frio e cinzento, como aliás sucede desde a nossa chegada. No entanto, ao contrário dos dias anteriores, o sol ainda não deu um arzinho da sua graça. Daqui da janela da sala avisto as couves enormes que crescem no quintal e, mais além, os campos verdejantes e, ao fundo, uma mata [um renque] de árvores cujo nome desconheço.
O Pelágio com a Anda Cabeça no Ar e a Natasha vêm televisão na sala da frente enquanto a minha mãe dorme no quarto dela. Ainda não fui á praia (o tempo não ajuda, embora esteja cheia de gente) nem dei nenhum dos meus passeios. É difícil fazer andar uma "carruagem" com tantas locomotivas, cada um com seu gosto e hora de levantar. Gostaria que tivesses vindo, para passearmos por estas bandas.
Não gosto muito de escrever á mão, porque tenho de fazê-lo lentamente para ver se percebem a minha letra hieroglífica, o que nem sempre sucede. E tu, tens conseguido decifrar o que tenho escrito?
A tua carta levou quase uma semana a chegar! Recebi-a no dia em que chegámos, após uma viagem não muito tormentosa.
O que nela expressas poderia em grande parte ser dito por mim, embora possivelmente eu o fizesse doutro modo.
Bem, faz me falta o computador; mas não quis deixar de dar-te um arzinho da minha graça, para que não penses que me esqueci de ti.
Beijo te com amizade e ternura.
Algures à Beira Rio Ave, 94.08.21
VM
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ADENDA
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Toda a Série «Entre Adão e Eva» é puro romance inventado e qualquer semelhança com factos ou personagens reais é pura coincidência.
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Victor Nogueira
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