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E por deambulações, um fim de semana destes, no final de Abril, fui até à Madeira, à terra do Alberto João (Jardim), como lá é conhecido. Tirei algumas fotografias e comprei alguns postais; visitei a ilha quase toda, que em muitos sítios me fazia lembrar terras do continente: aqui as Serras do Gerês ou de Sintra, além a linha do Estoril, acolá a Serra da Arrábida ou os socalcos dos vinhedos do Rio Douro.
Mas não gostaria de viver numa ilha, especialmente numa ilha tão alcantilada e sem uma única praia, que só existem na Ilha de Porto Santo, onde não fui. Novidade novidade para mim foi ter estado no interior árido da cratera dum vulcão extinto - o Curral das Freiras - ou ver o mar lá em baixo, a 500 metros, na berma duma estreita e sinuosa estrada ou passar com relativa rapidez da beira-mar ao cimo do monte, do calor ao frio relativo, serpenteando pelas estradas sinuosas onde nalguns sítios não cabem dois carros lado a lado. Mas o isolamento das várias povoações tem sido ultrapassado pela construção de túneis e viadutos, que encurtam as distâncias mas normalizam os usos e costumes. Vi poucas flores, salvo em Santana e nos jardins do Funchal. De resto a ilha é duma vegetação luxuriante nalgumas zonas e duma enorme aridez noutras.
Quanto às povoações, nada de especial têm quanto ao estilo dos edifícios, que na maioria dos casos se confundem com os de qualquer dormitório de vivendas sem qualidade nos arredores duma qualquer grande cidade do continente. Santana, para turista ver, conserva alguns exemplares das primitivas casas, de alçado triangular como no Norte da Europa, com telhado de colmo e paredes de madeira. Também no centro do Funchal as casas fazem lembrar as do Norte de Portugal, o que indicia que os primeiros povoadores (e os seguintes) teriam vindo lá de cima. Á noite esta cidade também é bonita, com as luzes cintilando pela íngreme encosta acima.
Mas nem tudo são belezas; há miséria e gente a pedir em muitas terras do interior e no Funchal os meninos pobres que habitam o alto da encosta descem à cidade para a prostituição e o roubo; aliás aqui há tempos foi exibido nos cinemas e na televisão um filme, que não vi, sobre a vida destas crianças, salvo erro denominado Mário.
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