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* Victor Nogueira
A VIDA É VARIADO GOSTO E DESGOSTO
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Com boa fala ou coração calado,
A vida é um correr bom ou mau tempo,
Triste, ledo, colorido ou cinzento,
Dos outros próximo ou apartado.
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Com ou sem casa, bem ou mal amado,
Macho, fêmea, trazem seu sentimento
Do mundo ser ou não um bom momento,
No quotidiano com diferente rendilhado.
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É crer nervos crispados suavizar;
Leda ou triste, a dor desta jornada
Em florido peito acalmar, a rir.
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Tal é a vida, sendo o respirar
Do viajeiro, com sua passada,
Tenção p'ro horizonte se atingir.
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Nas suas longas caminhadas João por vezes entrevia uma janela aberta, uma porta mal fechada, uma luz para além da curva da estrada. E o coração de João vestia-se com os melhores fatos e o seu andar tornava-se leve e fresco e as palavras eram um rio a cantar. Mas era tudo uma ilusão, porque a imaginação dos homens não tem limites e os gestos e as palavras ora são límpidos como cristal translúcido, ora um cristal multifacetado, ora um espelho baço de mil imagens e sons, mesmo se adornado com as cores do arco íris.
E João procurava Aquela Cujo Nome Se Não Desvenda, volúvel como o vento, contrastante como o dia é da noite sem luar, e perante o seu silêncio e as suas fugas em redondel, ficava João sem norte como navio no mar alto em dia de tempestade, como frágil pardal de asas cortadas sem nada de águia altaneira, como cana agitada pela mais leve brisa sem a solidez do roble centenário. Estados de alma que se não perdoam a guerreiros vestidos com suas armaduras que nunca devem despir, mesmo se cansados da guerra, mesmo quando perdidos ou cavalgando no meio das quentes areias do deserto (porque os cavaleiros não andam pelos gelados desertos polares).
E João procurava de novo pôr a máscara, erguer as muralhas, tapar as fendas e os interstícios nela abertos por onde entravam em golfadas crescentes a fragilidade, o desamparo e a tristeza que afogam o coração mesmo dos mais fortes se não mudarem de rumo em busca de portos e marés onde os dias sejam tudo menos uma noite cinzenta, fria, triste e sem esperança.
Foto Victor Nogueira
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