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... e eu continuo com a minha crescente solidão. Tudo o que faço ou escrevo são balões de oxigénio ou de hélio. Tens razão também já tinha pensado que os aspectos pessoais no ao (es)correr da pena e do olhar deveriam ser suprimidos ou impersonalizados. Que interesso eu a outrem? Apesar de aumentarem os «seguidores e leitores na maioria dos meus nove blogs, os comentários são cada vez mais escassos. Onde ainda persiste uma réstia de vida e de feedback é no hi5. Também tens razão e não sei onde fui buscar os 95º aniversário quando estamos em 2009 e se passaram apenas 92 anos, a idade dum ser humano!
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Tínhamos ficado de escrever a quatro mãos, mas … só eu escrevo, apesar das minhas tristezas, das minhas limitações! Se eu não escrever aos outros, se eu não os procurar, se lhes não telefonar, ninguém mo faz, salvo de vez em quando os meus filhos!
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«Desapareceu-me» de novo o disco em que tenho os documentos todos. Da outra vez quando levei o computador ao António Luís ele lá estava e portanto ou é uma má ligação ou apesar de todas as «barreiras» alguém se introduziu no meu computador e «desligou» o acesso ao referido disco ou a ligação está frouxa.
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COMPLEMENTO –
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sábado, 7 de Junho de 2008
* Porque estou na BLOGOSFERA
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* Seja Bem-Vindo Quem Vier por Bem
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* Veramente Vero
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Castigo de Sífiso
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Escrever não é atividade fácil, embora pareça. Há tempos, um amigo, após visitar uma jornalista, me disse que ela (jornalista) não devia saber escrever, tantos os manuais sobre a arte de escrever espalhados em sua mesa e estante. Quem - profissional de imprensa – precisava de tantos manuais, dizia o amigo, com certeza ainda não sabe escrever.As coisas não são assim, apressei-me a esclarecer. O escritor que achar que sabe tudo, já está deixando de saber de muita coisa. É que quanto mais se escreve, quanto mais se ilustra, quanto mais se tem conhecimento, mais se amplia o nosso desconhecimento.
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O Rei de Corinto, Sísifo, segundo a lenda grega, tendo escapado do inferno, como castigo pela fuga foi condenado a empurrar uma pedra até o alto da montanha. Quando terminava o trabalho, a pedra despencava morro abaixo e Sísifo era obrigado a recomeçar. O “castigo de Sísifo” de quem escreve é estar sempre lendo manuais e livros e revistas em geral, para se atualizar e para se fazer entender por seus leitores. Nunca se atualiza completamente e nem sempre se faz entender pelos leitores. Não se fazer entender pelos leitores é o pior que pode acontecer a quem escreve.
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É castigo de Sísifo, redobrado.Em ótimo livro (“A Arte de Argumentar”, Ateliê Editorial, 136 páginas, R$ 29,00) o autor, Antônio Suárez Abreu, professor da UNESP, traz este texto:
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“Durante a campanha para a prefeitura de São Paulo, em 1985, Jânio Quadros contou com o apoio do deputado e ex-ministro Delfim Neto. Durante um comício para moradores de um bairro da periferia, Delfim terminou sua fala dizendo:“ – A grande causa do processo inflacionário é o déficit orçamentário!” Logo depois, Jânio chamou Delfim de lado e disse: “ – Delfim, olhe para a cara daquele sujeito ali. O que você acha que ele entendeu do seu discurso? Ele não sabe o que é processo. Não sabe o que é inflacionário. Não sabe o que é déficit. E não tem a menor idéia do que é orçamentário. Da próxima vez, diga assim: - A causa da carestia é a roubalheira do governo”.
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Eu nunca tive muita simpatia pelo presidente Jânio Quadros. Sempre o achei bastante desequilibrado para comandar um país, principalmente o meu país. Em compensação, gostava menos ainda de Delfim Neto. Com o correr dos tempos o pensamento da gente vai se modificando e a opinião sobre os outros também, para melhor ou para pior. No caso dos dois, para melhor.
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Mas aqui, confesso que gostaria de ter nos escritos a síntese definitiva de Jânio Quadros, jogando pela janela o palavrório inútil de Delfim Neto, para explicar o fenômeno que Jânio sintetizou em menos de uma linha: “A causa da carestia é a roubalheira do governo”.
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É assim que eu queria dizer as coisas. Espero que para o próximo ano eu possa ser mais Jânio e menos Delfim, se não fui suficientemente até agora. Mas nada me livra, a mim e à jornalista visitada pelo amigo, do eterno trabalho de Sísifo: ler incessantemente e fazer anotações para completar as 38/40 linhas a que me condenei. E, na semana que vem, recomeçar mais uma vez.
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