Há muitas séries de bd com miúdos, desde a 1º de
todas, dos primórdios, a de Yellow Kid, e a onírica de Little
Nemo até ao "Quim e Manecas" (de Stuart
Carvalhais), passando pelos Sobrinhos do Capitão (Katzenjammer Kids).
Mas mais recentes, menos "infantis"
e simplistas, são Mafalda (de Quino) e os Peanuts (dos
célebres personagens Charlie Brown e o cão Snoopy), que
são séries de miúdos "adultos". Ao contrário de Calvin
e Hobbes, actualmente a minha preferida, cujos "actores" se
parecem de facto com as crianças que conheço daquela idade, incluindo os meus
filhos, a quem comprava também uma outra série, esta brasileira e "positivista": Turma
da Mónica, e de que aprecio o Chico Bento, em contraposição
ideológica aos "misóginos" "sobrinhos" de Donald e
do Tio Patinhas ou do Mickey. Da minha meninice
lembro-me doutra série - a que envolvia a "Lulu" e o "Bolinha",
dum gibi homónimo brasileiro, série
de que nunca fui grande apreciador.
Já me esquecera de Luís o Traquinas (Dennis
the Menace) personagem de BD, que reencontrei nas arrumações, conforme
"quadros" que reproduzo.
Havia a revista brasileira, denominada "Dennis, o
Pimentinha" (no original Dennis the Menace), também publicada no
quotidiano e vespertino "O Século", nos anos 70 de
passado milénio, como Luís, o Traquinas. O personagem foi criado em 1951
por Hank Ketcham, série contemporânea dos Peanuts, de Charles Shultz (inicialmente L’il Folks) -
cujos "heróis” mais
famosos são Charlie Brown e Snoopy. Dennis
the Menace é, tal como Calvin, um miúdo traquinas e "espevitado",
que se exprime como criança e não como filósofo reflectindo sobre o mundo. Tal
como Calvin é o desassossego para os pais, um "bonzão" e
a outra - que lida com ele diariamente - muitas vezes impaciente.
Em 1993 escrevia eu sobre o filme, depois duma ida ao
cinema com os meus filhos: «Dennis, o Pimentinha, sobre as
diabruras duma criancinha traquinas. Embora me tivesse rido
nalgumas cenas, achei o filme inferior a qualquer um dos da série Sozinho
em Casa, não só porque nestes o miúdo/actor era mais expressivo,
mas também porque nestes a história tinha mais consistência. Embora qualquer
deles sejam filmes para miúdos cujo principal intérprete é uma criança, são
duma extrema violência sobre os bandidos, adultos, que sofrem
autênticos tratos de polé. Mas a verdade é que o Rui e os seus amigos deliram
com tais cenas de violência, muito semelhantes ás dos filmes de desenhos
animados, sobretudo dos de origem norte-americana que a televisão passa nos
programas infantis.» (MMA - 1993.09.20)
Nestas séries salvo nos Sobrinhos do Capitão ,
os adultos não sofrem tratos de polé nem são o "inimigo" nem as
crianças sofrem castigos físicos. A "violência" no
filme Dennis, the Menace não me parece que surgisse assim nas tiras de
BD. Mas se algumas das outras"questionam" o mundo,
a política e as relações humanas, como a Mafalda ou os Peanuts, ou
de baseiam em valores como a solidariedade, a entre-ajuda, o respeito pela natureza,
outras veiculam preconceitos e a ideologia dominante, de classe. Mesmo na Mafalda,
no Calvin e em Luís, o Traquinas, os pais
correspondem a um "modelo" - a mãe doméstica, "bonita" e
sempre "composta" e "bem-arranjada",
mas por vezes "impaciente" com as diabruras, e o pai
"quadro superior", que aparentemente trabalha numa
empresa, isolado e não em equipa, mais ou menos paciente e "bonzão",
a quem o filho por este ou aquele motivo telefona, que está fora de casa parte
do tempo, ao contrário da mãe da(s) criança(s). E mesmo na Turma da
Mónica poderá concluir-se que se veicula um preconceito racista no
personagem de Cascão, que detesta tomar banho - questão que se não põe
nos miúdos "brancos". E se na Mafalda haverá
maior diversidade social e se cada um dos miúdos poderá representar um "tipo", como
a Susaninha (por acaso loura?), o Manelito pode
também veicular estereotipos, como os do filho do "pequeno” merceeiro,
pequeno capitalista, bronco e sempre pronto a enganar os fregueses, mesmo
que estes sejam os seus compinchas.
Num outro registo são as aventuras do pequeno
índio Yakari, de Job e Derib, na linha de Buddy Longway. O
jovem personagem compreende e fala a língua dos animais, sendo as histórias
baseadas no respeito pela Natureza. Embora não sendo um personagem central,
em Popeye, criação de E. C. Segar surge
um bébé por este adoptado, Gugu.(Sweet' Pea), que com o
passar dos anos não perde a aparência de bébé, gatinhando e sempre em busca de
brigas.
Mais sobre a série em
Já depois disto
publicado, Maria Amélia Martins referiu-me um outro personagem, um adolescente "louco" e
problemático, Jeremy Duncan e o seu amigo Hector .da série Zits, da autoria de Jim Borgman e Jerry Scott e eu lembrei-me de outros "miúdos" da
BD da minha infância, da autoria de Hergé, o pai de Tintim, e que são "Quick
e Flupke (em português - Filipe)" e "Jo, Zette e o
seu macaco Jocko",
Já depois disto publicado, Maria Amélia Martins referiu-me um outro personagem, um adolescente "louco" e problemático, Jeremy Duncan e o seu amigo Hector .da série Zits, da autoria de Jim Borgman e Jerry Scott e eu lembrei-me de outros "miúdos" da BD da minha infância, da autoria de Hergé, o pai de Tintim, e que são "Quick e Flupke (em português - Filipe)" e "Jo, Zette e o seu macaco Jocko",
Little Nemo, de Winsor McCay
Yellow Kid, de Richard Felton Outcault
Calvin e Hobbes, de Bill Watterson
Lulu, Bolinha e a Turma, de Marjorie Henderson Buell
Mafalda e os amigos, de Quino
Os Peanuts, de Charles Schultz
Quim e Manecas, de Stuart de Carvalhais
Os Sobrinhos do Capitão, de Rudolph Dirks
Sobrinhos de "Donald Duck", de Walt Disney
Sobrinhos de "Mickey Mouse", de Walt Disney
turma da Mónica, de Maurício de Sousa
Jeremy Duncan e o seu amigo Hector .da série Zits, da autoria de Jim Borgman e Jerry Scott
Jo, Zette e o seu macaco Jocko. de Hergé
"Quick e Flupke" (em português - Filipe)", de Hergé
Dennis The Menace (Pimentinha) ou Luís, o Traquinas, aqui com toda a "galeria"
Yakari, de Job (argumento) e Derib (ilustração)
Popeye, e Gugu, criação de E. C. Segar
Billy e Boule, de Jean Roba
Billy the Kid e Lucky Luke, de Gosinny e Morrris
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