Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNsexta-feira, 17 de outubro de 2014
Menina estás à janela
Menina estás à janela
com o beijo recolhido
vem serena, bem singela,
voar, navegar comigo.
Voar, navegar, comigo,
qualquer que seja o tempo
bem para lá do postigo
com um doce passatempo
Com um doce passatempo
de sol, ar, mar e alvura
afastado o contratempo
na verdejante planura.
Na verdejante planura
há um vale, dois outeiros,
e na cisterna a ventura
dum cálido borralheiro.
Dum cálido borralheiro
com bainha de cetim
um mui viçoso canteiro
sem pós de perlimpimpim.
Sem pós de perlimpimpim
vamos lá nós cirandar
com as rosas e jasmim
pelas núvens a cantar.
setúbal 2014.10.17
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