1.
uma nesga na janela
o estore meio corrido
para quebrar o sol no verão
o eterno zumbido
o ácido no estômago
o arder na garganta
como garra
o amargo na boca
o formigueiro nas mãos
a dor na vértebra
o cansaço renascido das noites mal dormidas
e dos dias sem oxigénio
2.
pouso o rosto na palma da mão aberta
leio no asseptico LSD
rectifico - LCD
e a face é uma leve aspereza
como lixa miudinha
3
eis um retrato
do desartista
antes de almoço sem o "matabicho"
4.
Levanto-me
sigo pelo corredor
ladeado de livros
perfilados e silenciosos
e vou à cozinha comer
Setúbal 2014.10.08
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