ECCE HOMO (1)
Era o dia 26 de Fevereiro
O Pituca morreu!
Encerrado em si
hirto no seu pijama azul
as mãos bonitas e o rosto frio
um vergão em torno do pescoço
o rosto violáceo
o ar sereno.
Longe vai o tempo da minha alegria
das nossas brigas
da nossa amizade
silenciosa
tímida
desajeitada.
Fica-me no pensamento
a lembrança de ti
nas coisas que me deste
os livros os posters
os bibelots as estatuetas
africanas as tuas pinturas
a Marilyn e o Pato Donald
os discos e as cassetes.
Memória da infância perdida
nas palavras silenciadas
Meu irmão!
Victor Nogueira - Poesia
1987.Dezembro.22 (1989.Março.10) - Setúbal
É TEMPO DE CHORAR
É tempo de chorar
silenciosamente
os nosso mortos
irmãos encerrados
encurralados
É tempo de chorar
enquanto
para lá desta hora
a vida se renova
por entre
os bosques e
os regatos
sussurantes
do imaginar o son (h) o estilhaçado
É tempo de chorar o tempo que voa
(IN MEMORIAM do meu irmão Zé Luís, morto de morte matada
por ele próprio e por muitos outros no tempo
que para ele terminou naquela tarde de
26 de Fevereiro de 1987 ..........................
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PRECE
Ao meu filho José Luís
Meu filho querido, meu grande amor
Teu destino não era este mundo.
Partiste e me deixaste nesta dôr
Tão profunda, Imensa, sem ter fim.
Porquê meu filho, me abandonaste ?
Tão jovem, tão talentoso, tão bom !
Sem compreender porque te finaste
E que felicidade procuraste.
Teu coração outra vida sonhara,
Mas uma vida sem sombrias nuvens
Radiosa primavera desejara.
Tuas meigas mãos jamais sentirei
Afagar com carinho a minha face
Sentida prece por ti rezarei.
S/data
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