* Victor Nogueira
Eu quero escrever-te uma carta, amor!
Nesta hora de insanidade
os dias varridos pela noite da infâmia
na cidade coberta de chumbo e peçonha
onde uivam as hienas no curral das ovelhas
onde o sonho está imerso num lamaçal
eu quero escrever-te uma carta, amor
com o cinzel e o colorido d'amoramizade
uma carta com as letras de Humanidade
uma carta rendilhada de Esperança
com a filigrana de mil-sóis incandescentes
uma seara de trigo em flor, tecida
com o murmúrio de cem mil lucernas
Nas póvoas. nos povoados
sem muros nem ameias
com desassombro
ombro-a-ombro, lado-a-lado, frente-a-frente
na cidade dos homens e das crianças
eu quero escrever-te uma carta,
amor, amiga, companheiro
uma carta colorida, com letras de esperança
uma carta que seja um Hino
uma carta que rompa o cerco das muralhas
que desfaça o bloqueio
uma carta que seja um apelo,
um clarim nas mãos dos arautos:
"AS ÁRVORES MORREM DE PÉ!",
Sem comentários:
Enviar um comentário