Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNquinta-feira, 23 de julho de 2020
No adro da igreja
* Victor Nogueira
No adro da igreja
se juntam os farsantes
buscando em lindeza
juntar diamantes.
No meio do rio
bem junto à costa
abrem, fecham pio,
dobrando a posta.
Menino, sant'ana,
sacristas, seguro,
mexem na badana,
buscando seu furo.
Do meio do vale
ao cimo da serra
vão juntando, mal
os votos, em terra.
São os maiorais
salvadores da pátria
dizem os jornais
amigos da frátia.
Santos populares,
miguel, paulo, tóino,
pedrocas com ares,
sendo nós ... campónio.
São tó-tós, tó-zés,
sam paio, cavacos;
p'ra nós pontapés,
e mil os farrapos.
2014.07.23 setúbal
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