* Victor Nogueira
Há duas coisas a que começo a ter uma crescente alergia e
náusea: às notícias terroristas e desestabilizadoras sobre
o Covid 19 e às tiradas do omnisciente e
omnipresente Papa da República, Sumo Pontífice, sempre de colher na mão para
mexer nas caldeiradas e perorar sobre tudo e sobre nada.
O Covid 19 tem um mérito: põe a nú as falsas solicitudes, o
cinismo e a hipocrisia: quem vinha a
minha casa, quem me visitava, quem me telefonava, quem comigo falava, quem me
ajudava a ir às compras, quem de facto se preocupava comigo, continuou a
fazê-lo. Quem não o fazia, continuou a não fazê-lo.
Sobre a campanha terrorista e desestabilizadora em torno e a
pretexto do Covid 19, reconheço a cada um a liberdade de comer a peçonha que
lhe é enfiada às carradas, "ad nauseam", pela comunicação social,
empanturrando olhos e ouvidos.
Não tenho nem nunca tive qualquer receio, irracional, de
sair a rua, de contactar e falar com as pessoas, respeitando embora as normas
ditadas pela actual DGS, por mais absurdas, contraditórias ou inócuas que me
pareçam. Uso a máscara, a nova "
hijab" ou "
burca", desumanizante,
apenas nas situações em que não posso deixar de usá-la.
Em consequência, continuo a privilegiar os espaços públicos
abertos mas evito ao máximo a ida e permanência em espaços em que a nova DGS me
obriga a usar máscara. Sendo assim, agora não vou a livrarias, não vou à
tabacaria, não vou a centros comerciais, não vou a super ou hipermercados ....
Não faço, pois, girar a economia a grande ou média
velocidades, não por insanos medos e angústias, mas porque privilegio como
sempre a minha racionalidade, o livre-arbítrio e autodeterminação.
Limito-me a deambular pela cidade mais ou menos
desertificada, a ir à farmácia aviar medicamentos, à estação de venda de
gasolina para atestar o Fiesta, ao talho, ao mini-mercado de bairro onde não há filas e
cuja dona me ajuda simpaticamente a transportar as compras até ao carro, sem
que eu lho peça, ao "pronto-a-comer" para comprar comida quando não
me apetece cozinhar, à loja de vestuário se preciso de algo, à loja
"chinesa" do bairro se preciso de artigos que não há no mini-mercado.
Como sempre, continuo a não recorrer aos novos escravos que
são os estafetas, mais ou menos uberizados, para me trazerem os produtos a
casa, como há quem o faça.
Prefiro sair, contactar as pessoas, a pessoa com quem me
cruzo na rua, os comerciantes e dar dois dedos
de laracha ou bate-papo com eles. Ao chegar ao prédio onde moro, por vezes
tenho ajuda desinteressada para levar as compras do Fiesta até ao elevador ou
até à minha cozinha (a vizinha do r/c, o vizinho ou vizinha que vai a passar, o
miúdo cigano, chamado António), A vizinhança tem nome: a Anita, o Xavier, o
filho da D. Idalina, o Ezequiel, a Cecília, a Francisca, a Domingas, o Jorge, o
Rui, a Ana, o João, a Paula, o Andorinha, a Isabel, o Garcia, o Fernando, o
Tira-Picos, a Joana ... Sem esquecer a
Engrácia e o Pedro.
É muito mais saudável.
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