Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

domingo, 6 de março de 2022

Paz, Liberdade, Democracia

 


* Victor Nogueira 

As palavras são um guia. Mas que significam? A democracia na Grécia antiga excluía as mulheres, os escravos, os estrangeiros. A Revolução Francesa fez-se em nome da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, afirmando que todos os homens nascem livres, iguais em direitos.

Mas logo de seguida a burguesia cerceou o alcance destes ideais, estabelecendo o voto censitário enquanto limitava ou negava direitos aos escravos, aos povos das colónias, as mulheres, aos trabalhadores.

Com as suas lutas os Povos, as mulheres e o mundo do Trabalho foram conquistando direitos, alargando-se o conceito de Direitos Humanos, desde os civis e políticos até aos económicos, sociais e culturais, incluindo os direitos ao desenvolvimento, à paz e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (1). A paz, o pão, habitação, saúde, educação condicionam a liberdade para mudar e decidir com Humanidade.

Um direito fundamental é, pois, o direito á Paz, que ganhou especial acuidade após o fim da I Grande Guerra, com a criação da Sociedade das Nações, que, inoperante, não conseguiu impedir o deflagrar da II Guerra Mundial, no termo da qual foi criada a Organização das Nações Unidas, com a finalidade de preservar a paz no Mundo, e proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. (2)

O conceito de segurança colectiva foi definido na Carta da ONU (1945) paralelamente com Tratados posteriores para proibição e a não proliferação das Armas Nucleares, Químicas e Biológicas. (3)

A desagregação do Bloco Socialista na Europa conduziu a uma nova fase nas relações internacionais, com a subalternização da ONU e a postura agressiva dos EUA e da NATO, esta assumindo um crescente protagonismo estendendo a sua acção a todo o Planeta, pondo em causa os conceitos de segurança colectiva, incluindo os da Acta Final da Conferência de Helsínquia, assinada em 1975, que definiu, em conjunto com os EUA, URSS e Canadá, um importante conjunto de princípios reguladores das relações internacionais, segurança colectiva e desenvolvimento de relações de cooperação entre os Estados, entre os quais se destacam matérias como a igualdade soberana dos Estados; a não intervenção nas questões internas dos mesmos; a reafirmação da resolução pacífica dos diferendos internacionais; o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais; ou a igualdade de direitos e a autodeterminação dos povos. (4)

Longos e difíceis são os caminhos da Paz. da Fraternidade, da Igualdade, da Liberdade e da Felicidade, no seio da Humanidade.

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(1) pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%B5es_de_direitos_humanos

(2) pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_humanos

(3) unric.org/pt/direito-internacional-e-justica/

(4) www.cppc.pt/dossiers/temas/paz-e-desenvolvimento/1030-4oanos-acta-helsinquia-solido-caminho-para-a-paz-para-o-futuro


Gravura - Volpedo - O 4º Estado

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