* Victor Nogueira
Donatília é bonita
a uma moça das margens do rio Lis
Donatília é bonita
mui bonina d’encantar,
veloz, bailando catita,
não deixa de m’espantar
.
Na berma deste caminho
não deixa de m’espantar;
sozinho sem seu carinho
ando, sempre a vaguear
.
É mal, triste minha sina,
andar sempre a vaguear;
em mim seu bem não atina
apesar de meu escribar.
.
À nina digo adeus,
em mim seu bem não atina;
fraco sou, não sendo Zeus,
estou navegando à bolina!
.
Setúbal, 2006.07.08
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QUADRAS SOLTAS COM TRAVÃO
a uma moça monitora de informática
A bela "Marta" Vilares
É u'a moça porreirinha
Mas depressa vai p'los ares
Se lhe saiem da linha.
No vestir é sempre airosa,
No discursar atraente,
Tem maneira graciosa
Quando não impertinente!
Com agridoce esc'rapanto
Por tudo não ser depressa
Afinado com seu canto
Suas mãos põe na cabeça!
Com olho arregalado
Se não lhe sabem por
0 comando acertado
Bem, lá no computador!
Pois da calma não ciente,
Quer tudo em cima da hora;
De feitio bem contente,
Quand'azeda, desarvora!
Senhora do seu nariz,
Quer dela sempre a razão;
Descarrila por um triz,
Se não vai de feição.
Ela é boa monitora
Com o seu jeito bem claro;
Apressada, usa vassoura
Mal o tempo sai do aro,
Coitado do CaMané,
Co'o telefone a tocar
P'ra sair com rodapé
Pois ela quer começar!
Tem sempre a simpatia
Que bem noutros faz nascer?
Ah! não! quando sai razia
Com o sol a fenecer.
Começou bem sedutora
Mas lá se foi o encanto:
Não se manteve senhora
Ao atirar-me p'ro canto.
P'ra ganhar um só instante,
Fez-me gastar tempo infindo
Com mi calma esvoaçante
E vontade de ir saindo!
E chegando aos finalmente
Bem pode alguma recolher
Das quadras, como semente,
Aquela que vai nascer
Vou-m'embora, vou partir
Com esp'rança de voltar,
De com ela, bem, sorrir,
Sem vir o disparatar.
1990.08.05
SETUBAL (2)
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A NELA SAIU Á RUA
a uma moça arquitecta que perdeu a timidez
Saiu leve, andorinha,
A feição serena e calma;
É tão ... tão linda a Nelinha
Será que merece palma?
.
Desenhando ao estirador,
A voz risonha, fininha,
De quem vai em bom andor
Com aura, ar de santinha!
.
Vendo com seu doce olhar,
Bem por cima das lunetas
Ao dente se põe a dar,
Um diabinho, pespeta.
.
Ar tímido, cativante,
Para não sobressair;
Ela mudou num instante
E até já sabe rir.
.
Quem a viu, quem a vê.
Só visto, não se acredita
Vero, para quem me lê:
Não há prato que resista.
.
Piadas são mais de mil
Inocentes, sem maldade?
Sem fundo está o barril
Com o peso da "bondade".
.
Lá vou, sem "intimidades",
Por dela me apartar.
Fica o riso, mocidades,
Da Nelinha a diabrar!
.
Setúbal
1990.09.17
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A MENINA DULCE EM RODAVIVA
a uma moça da secretaria que gostava de "ver" o que que eu tinha na carteira sempre que ia falar comigo, ao estirador
A menina dulce de vermelho
neste passeio sempre a sorrir
na minha bolsa mete o bedelho
correndo o risco de mal cair.
A menina dulce, pequenina,
andarilha, com fogo a luzir,
algum dia andará à bolina,
sem alcançar por onde sair.
A menina Dulce, em roda viva,
cantando e bailando à janela,
como se fosse moura cativa
ou Gabriela, Cravo e Canela.
'Nina dulce, com esta me vou:
cuide bem onde põe o dedinho,
não vá entoar quem lho roubou,
por ser fora do seu caminho.
.
.
1991.03.21
SETUBAL
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