Pelo Sul está sol, mas frio, um frio pastoso, insidioso, ao contrario do norte, onde o frio é gélido e agreste, estando hoje e por lá nublado o céu. O sol aqui bate toda a tarde neste casarão donde das janelas se avista o Tejo refulgente e mais além o rochedo do Bugio com o forte e o farol que marcam o limite da barra. Tudo é silencio e nunca se ouvem aviões neste 9º andar, mais pertinho do céu como rezava a cancão brasileira “Avé Maria no Morro”, aqui sem telhado de zinco nem passarada."Ave Maria no Morro" é uma canção composta por Herivelto Martins e gravada por seu Trio de Ouro em 1942.Barracão de zinco Sem telhado, sem pintura Lá no morro Barracão é bangalô Lá não existe Felicidade de arranha-céu Pois quem mora lá no morro Já vive pertinho do céu Tem alvorada, tem passarada Alvorecer Sinfonia de pardais Anunciando o anoitecer E o morro inteiro no fim do dia Reza uma prece ave Maria E o morro inteiro no fim do dia Reza uma prece ave Maria Ave Maria Ave E quando o morro escurece Elevo a Deus uma prece Ave Maria.
Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VN
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