1967.Novembro 25/26 - As cheias que o fascismo escondeu e os portugueses «ignoraram»
1. - [...] Com efeito, em 1967/68, [tinha eu 21 anos] idealizei a linha gráfica e o conteúdo dos cartazes da Semana de Recepção aos Novos Alunos […] duma forma inovadora e bem aceite o que me valeu que a Direcção da Associação me propusesse para Director da Secção de Propaganda.
Foi um erro meu ter aceite pois não só representava a AE nas [semi-clandestinas] RIP's (Reuniões intersecções de propaganda) da Academia de Lisboa como por inerência era membro da Comissão Local de Apoio ao IV Seminário de Estudos Associativos (promovido pelas Associações de Estudantes) e da Comissão Local de Apoio às Vítimas das Cheias de 1967 (na Região da Grande Lisboa). [Em consequência nesse ano lectivo o meu aproveitamento escolar ficou prejudicado]
Estas cheias haviam causado muitos mortos e prejuízos nas populações dos bairros clandestinos (muitos construídos em leito de cursos de água), calamidade agravada pelo facto do Governo fascista ter proibido o lançamento dum alerta pelos meios de comunicação social, como pretendiam fazer os Serviços Meteorológicos.
Apesar do silêncio imposto pela Censura aos órgãos de comunicação social, as Associações de Estudantes das Academias de Lisboa denunciaram a situação através de comunicados mobilizando os estudantes para nos dias subsequentes darem apoio e auxílio às vítimas das cheias, o que se verificou apesar da repressão da PIDE.
2. - O fascismo ignorou os avisos da metereologia, criminosamente não tomou precauções e depois da tragédia proibiu a referência nos órgãos de comunicação Social. Os estudantes universitários de Lisboa e as suas Associações estiveram lá, ajudando as vítimas e denunciando a situação, apesar da PIDE. O responsável: Salazar, eleito o maior português de todos os tempos em eleições telefónicas de valor acrescentado. O mesmo que perseguiu até à morte o conservador e monárquico Aristides de Sousa Mendes e família (o cônsul de Bordéus), Salazar, o mesmo que ordenou e deu cobertura ao assassinato pela PIDE do anticomunista e pró-americano General Humberto Delgado e de muitos comunistas e trabalhadores.
Salazar, que foi avisado com tempo pelos EUA dos massacres que iriam ocorrer no Norte de Angola, em 15 de Março de 1961, e nada fez para impedi-los ou minimizá-los (fonte: General Galvão de Melo, na RTP 1), Salazar, que mandou bombardear em Janeiro de 1961 e regar com napalm as aldeias dos negros em revolta contra o regime de monocultura imposto pela Cotonang e que provocou milhares de vítimas que a imprensa foi forçada a silenciar,
Salazar, que ignorou os apelos de negociação para a independência das colónias pelos Movimentos de Libertação dando origem a uma sangrenta e inglória guerra colonial, Salazar, que ignorou a União Indiana e, desarmando o território do Estado da Índia, deu ordens expressas para que todos os elementos das Forças Armadas morressem num combate perdido à partida e perseguiu o General Vassalo e Silva que se rendeu e recusou o cumprimento de ordens suicidas.
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Por detrás de Salazar, os grandes agrários e grandes grupos económicos nacionais e estrangeiros. Tal como hoje estão por detrás de José Sócrates e ontem de Spínola, Mário Soares, Sá Carneiro e Companhia
(Publicada por Victor Nogueira à(s) segunda-feira, março 03, 2008 )
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