* Victor Nogueira
"Mal com os homens por amor d´El Rey, mal com El Rey por amor dos homens" (Afonso de Albuquerque)
Victor Nogueira Estou a ler as cartas dele a D. Manuel I numa edição da Sa da Costa e estou a gostar. A Livraria Sá da Costa no Chiado [definitivamente encerrada em 2013], onde encontrei preciosidades ao preço antigo nas prateleiras do alto ou por detrás das "novidades". Sim, li O Drama de Jean Barois, de Roger Martin du Gard, Mas gostar, gostar, realço Thomas Mann e "Jean Cristophe", de Romain Roland
Publicada por Victor Nogueira à(s) Quinta-feira, Setembro 01, 2011
Persistência da Memória
Estamos vivos mesmo depois de mortos enquanto aqueles que nos conheceram pessoalmente de nós se lembrarem ou algo representarmos para aqueles que nos não conheceram mas nos admiram ou odeiam independentemente dos tempos e da historia
Publicada por Victor Nogueira à(s) Sexta-feira, Setembro 02, 2011
1. - Um pouco de mim fica com as pessoas que conheci e nas pedras que pisei. E comigo fica também o peso das pessoas que conheci e desapareceram. Gostaria que não houvesse passado nem futuro, apenas um eterno presente. E no Facebook (inFaceLock), mais do que no mIRC, há muitas lantejoulas de pechisbeque, muitos egos carentes de afago mas sem apego, muitos entusiasmos e "amores" que na maior parte das vezes duram o efémero tempo da chama dum fósforo ou dum relâmpago de tempestade tropical breve na iluminação da negra noite.
2. - Havia um programa do Malato em que ele perguntou a uma concorrente qual o seu maior desejo, ao que ela respondeu - "Que a minha filha fosse sempre feliz". O Malato ficou silencioso por instantes e depois retorquiu dum modo que achei belo: "Que todos aqueles de quem gostei e já partiram (morreram) voltassem para ao pé de mim".
3. - (…) Antigamente as pessoas escreviam muito e as cartas eram meio de transmitir notícias e muitas delas, com maior ou menor valor literário, tornaram-se testemunho dos factos, acontecimentos, ideias e sentimentos. Mas hoje, hoje as pessoas telefonam ou encontram-se, devido à facilidade e rapidez dos transportes e das comunicações, e o tempo é pouco, paradoxalmente, devido à sobrecarga do que se gasta em transportes, sentado frente à TV ou em tarefas domésticas. O mesmo sucede com o convívio e a conversação: por vários motivos os cafés e as tertúlias desaparecem, só se conhece o vizinho da frente ou do lado, quando se conhece, e as pessoas metem-se na sua concha, casulo, carapaça ou buraco. Muita gente junta, ao alcance da mão ou da voz, não significa que estejamos mais acompanhados e humanizados. (…) (Victor Nogueira à «Maria do Mar», 18.08.1993)
Publicada por Victor Nogueira à(s) Sexta-feira, Setembro 02, 2011
Mas esta moça não dorme !
Mas esta moça não dorme. Eu acordo no alto da madrugada e lá está ela indómita, conduzindo com agilidade pelas auto-estradas ou SCUTS do ciber-espaço. O que nos vale é que a troika e os sócretinos passes de coelho escavacados só-ares de pateta alegre ainda não descobriram como taxar a nossa circulação nelas, absortos como estão com a preservação das poupanças dos ricos e congeminando como nos sugarem até ao tutano.
Publicada por Victor Nogueira à(s) Sexta-feira, Setembro 02, 2011
O Sonho
Eu quero tudo (entenda-se, no ser e não no ter) ou um pouco mais se puder ser. Pk apesar de tudo, das mágoas, das desilusões, no fundo de mim amo a liberdade, minha e de outrem, e acredito que o sonho comanda a vida, apesar dos pesadelos que frequentemente a ensombram e a enegrecem :-)
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O homem sonha acordado;
Sonhando a vida percorre…
E desse sonho dourado
Só acorda, quando morre! (António Aleixo)
Publicada por Victor Nogueira à(s) Quarta-feira, Setembro 14, 2011
Do amoramizade e da ternura
Aqui estou no meu quarto, buscando para ti as palavras que não encontro, corpo sem imaginação mas irritado e desassossegado pela constipação que me percorre as veias e me enche dum nervoso miudinho. Busco para ti as palavras dos outros, nos livros dos outros, os ponteiros aproximando‑se das nove e trinta, hora da vinda do homem [carteiro] que levará de mim as letras que cadenciadamente vão surgindo no papel branco que já não é só! Busco as palavras e apenas encontro estas, hoje vazio de ti pela tua ausência, ontem pleno pela nossa presença. São vinte e uma e vinte, hora de parar, os livros espalhados pela mesa, o corpo quebrado, a imaginação e a voz quase secas e frias. Daqui desta terra, para ti noutra terra, te abraço e beijo com ternura e amizade, na memória do tempo que fomos juntos. Aqui estou! (MCG - 1972.09.21)
Hoje esteve um dia bonito e fresco, durante o qual estiveste muitas vezes no meu pensamento. O vento ligeiro agita as antenas de TV no telhado, enquanto andorinhas chilreiam e cruzam o céu azul.É já ao entardecer. (MCG - 1974.07.14)
É passado este tempo
...............o vento e as águas
É presente esta mágoa
...............esta fome
...............o desejo
do teu corpo de mulher junto ao meu
1986.Janeiro.02 - Setúbal (Paço de Arcos).
Publicada por Victor Nogueira à(s) Sexta-feira, Setembro 16, 2011
Ao de leve, muito ao de leve
a moça chegou
o moço cantou
a zorra beijou
e eros pousou
o amor floriu
o sino tocou
o bom som vibrou
o bailar sorriu
o mar afagou
o verso rimou
o jardim abriu
o tempo passou
o vento soprou~
chuva desabou
esta flor murchou
o fosso abriu
tudo arrasou
o roble partiu
o sonho voou
o nada ficou
o poço secou
a brisa chorou
o verbo calou
o sol afogou
o mar levou
o ar parou
só, ele ficou,
a concha fechou
e desanimou
Sem ela morreu !
Rima que não rema !.
Setúbal 2011.09.28
Publicada por Victor Nogueira à(s) Quarta-feira, Setembro 28, 2011
Arlecchino_und_Colombina_-_Giovanni_Domenico_Ferretti-
mascara-teatro
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