Auditório Soror Mariana
21h30
O filme, rodado em 1929 por J. CÉSAR DE SÁ é um roteiro que percorre os mais significativos espaços de Évora, com imagens que igualmente reflectem o seu quotidiano: o Templo Romano e a Praça do Geraldo, com a já desaparecida Brasserie, a fonte da Porta de Moura, onde miúdos enchem cântaros enquanto adultos descalços lavam burros, os primeiros automóveis a descer a R. de Serpa Pinto, os varandins do Convento do Calvário onde se debruçam meninas de cabelo cortado à garçonne, o Jardim do Claustro do Convento der S. Bento de Cástris – que nos deixam entrever o passado desta bela cidade que seria mais tarde classificada pela UNESCO como Cidade Património Mundial.
J. CÉSAR DE SÁ foi um dos grandes directores de fotografia do cinema português. Nessa qualidade, esteve ligado à realização de três dezenas de filmes/documentários e foi também director de fotografia em alguns dos filmes mais significativos da história do cinema português – como “Chaimite” e ”A Canção de Lisboa”.
A banda sonora que foi especialmente criada para acompanhar a projecção do filme, originalmente mudo, é da autoria de António Bexiga e de Zeps, artistas multifacetados envolvidos em diversos projectos na área da música, da dança contemporânea, da poesia e da composição.
O filme que vai ser exibido foi descoberto em 1990, quando, ao revolver arquivos em busca de documentação e imagens que pudessem ilustrar o levantamento histórico-sociológico efectuado para a realização de uma exposição retrospectiva do séc. XX em Évora, foi localizado no sótão do edifício da Câmara Municipal de Évora um conjunto de caixas com bobines de um filme sobre Évora, de 35 mm, com suporte em nitrato – material altamente inflamável, pelo que o seu manuseamento, transporte e projecção exigiam cuidados específicos.
A Cinemateca Nacional foi contactada e prestou valiosa contribuição quando à forma de actuar, e o filme foi transportado, com as necessárias precauções, para a Tóbis Portuguesa, onde foi feito o seu primeiro visionamento. Seguiu-se a sua restauração e a sua passagem a vídeo, ficando a cópia original depositada na Cinemateca. Posteriormente, foi passado para o suporte digital em que vai ser exibido.
O comprimento do filme (100 metros – que o enquadra no panorama conjuntural gerado pela vulgarmente designada lei dos cem metros, resultante da vigência do Dec. Lei de 6 de Maio de 1927 segundo o qual, em todos os espectáculos cinematográficos, deviam ser exibidos pelo menos 100 metros de fita nacional), certos aspectos técnicos e o rigor das legendas levaram à hipótese de que teria sido elaborado no âmbito de um conjunto de estratégias de promoção da cidade com vista à apresentação na Exposição de Sevilha, incluindo a produção de um guia turístico, cartazes e até a construção de novo hotel. Pesquisas posteriores confirmaram esta tese, e o filme seria pela primeira vez apresentado ao público a 27 de Outubro de 1929, no Salão Central Eborense, sendo objecto de apreciações muito positivas, de que se fizeram eco os jornais de então. Em Junho de 1990, após a sua passagem a acetato e posteriormente a vídeo, foi projectada no Palácio de D. Manuel uma cópia em VHS, no âmbito da Exposição Estórias de um Século.
A sessão é promovida pela Câmara Municipal de Évora e terá entrada livre, limitada à lotação do Auditório, tornando-se necessário o levantamento do respectivo convite até às 21h15.
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