Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNsegunda-feira, 21 de julho de 2014
O forte, no cimo daquele monte
O forte, no cimo daquele monte,
terrorizante é de S. Filipe
com a serra, o sado, em despique
o vale, palmela no horizonte.
O rio azul, da musa é fonte
E eu, circundando este acepipe,
em ti busco vaza, o trunfo, naipe,
para que entre nós o sol desponte.
É de novo Setúbal a teus pés,
a brisa luminando teu sorriso,
minha pena liberta das galés
como se vogando no paraíso
pintando ou esculpindo no crés
com sapiência, preclaro aviso.
Setúbal 2014.07.21
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