* Victor Nogueira
31 de outubro de 2010 ·
A tarde está soalheira, o céu com nuvens cinza claro e azul acizentado e não chove. A constipação percorre-me o corpo ocupando todas as veias, artérias, poros e vasos capilares, querendo empurrar-me para debaixo dos cobertores. Mas resisto!
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Maria Amélia Martins Uma tarde assim inspira os poetas, já se vê. Eu muito mais a norte fiz 70 kmts duma estrada alagada, debaixo duma chuva em catadupa, muito menos poético, mas foi o que tivemos por aqui...que pouca sorte...
13 a
Victor Nogueira -
Pois, Amélia, tens de vir morar para setúbal, mas não na várzea, onde as inundações fazem andar de barco ou com água até à cintura. Moro no alto duma torre no cimo dma encosta., e inundações só se a placa de cobertura voar Bjo 🙂
13 a
Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação.
Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira Tempo de escravidão.
Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo da ameaça..
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Sophia de Mello Breyner
31 de outubro de 2011 ·
A manhã está nevoenta e parece ter chovido. Ao alvorecer gaivotas em bandos esvoaçavam defronte à minha casa, em voo elegante, ora batendo as asas com elegância, ora planando graciosamente, demasiado rápidas para conseguir "fixar" o seu voo pela máquina fotográfica. A bola de fogo levantando-se no horizonte estava encoberta pelas nuvens alaranjadas e o estuário do Rio Sado parecia um rio prateado serpenteando languidamente pela planície. Pura ilusão pois o estuário é como se fosse um lago. A manhã está desconfortavelmente plena de humidade, que se infiltra desagradavelmente pelo meu corpo. Neste alto da torre no cimo duma encosta mal se distinguem os ruídos na avenida, lá em baixo, cheia de movimento do trânsito automóvel agora um autocarro depois uma motorizada ou um automóvel, com o ruído de fundo continuo do que parece ser um aparador de relva no Parque Verde. Parece mas não deve ser.
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Maria Jorgete Teixeira
Momentos mágicos!Os quatro elementos: água, terra, ar e fogo!
13 a
Victor Nogueira
Mais logo ponho no Kant_O Photomatico algumas das fotos do nascer do sol e do acima descrito entardecer. Nops - do nascer do sol acima referido e do entardecer falado num post posterior 🙁
13 a
31 de outubro de 2011 ·
Bem, morcegos e morcegas, sem outro destino nem companhia, vou para Vale de Lençóis ler, que os braços de Morfeia e Joana Pestana por mim esperam no alto desta silenciosa madrugada, silêncio apenas quebardo pelo zumbido nos ouvidos e pela baque seco e regular da tecla de espaços
31 de outubro de 2011 ·
A tarde esteve soalheira mas com núvens brancas, o estuário do sado refulgia como se um espelho levemente ondulado fosse e as gaivotas esvoaçavam em terra, sinal de que - segundo a popular sabedoria - haverá tempestade no mar. Mas ... para cada situação, há (quase) sempre um provérbio que afirma o seu contrário ou contraditório. Pescando na Proverbial, convém estar sempre de bem com Deus e com o Diabo, não vá este tecê-las.
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Maria Amélia Martins - Uma tarde assim inspira os poetas, já se vê. Eu muito mais a norte fiz 70 kmts duma estrada alagada, debaixo duma chuva em catadupa, muito menos poético, mas foi o que tivemos por aqui...que pouca sorte...
13 a
Victor Nogueira - Pois, Amélia, tens de vir morar para setúbal, mas não na várzea, onde as inundações fazem andar de barco ou com água até à cintura. Moro no alto duma torre no cimo dma encosta., e inundações só se a placa de cobertura voar Bjo 🙂
31 de Outubro de 2012
Vens a caminho Yuna Bac ? Arrostando as intempéries, a chuva, o vento, o frio e os relâmpagos? A sério? Huuummm! LOL
12 a
é a cantilena
da liberdade súcialista
na pista
da lista súcial
do Grande Capital
é o súcialismo na encosta
são só-ares à guitarra
e alegre em trovão
de portas com a garra
de passes sócretino
seguro no desvão
"É o fungágá
fungágá da bicharada"
é o ovo da serpente
do povo no laço
armadilha que brilha
a dos rufias em abraço
no estado súcial
do jardim das hienas
das raposas de crista
espora na faena
aos pardais dando alpista
"É o fungágá
fungágá da bicharada"
é a súcia da bancarrota
manta rota na bagunça
arrota escavaco
e não troca o tacho
flamejante o facho
da santa liberdade
da santíssima trindade
irmandade inquisitorial
espalhando mortandade
em nome do padrinho, do enteado e do espírito santo
na companhia que (a) firma
"É o fungágá
fungágá da bicharada"
É a bota que não vota
e na volta
vem o Estado Súcial
Onde a revolta
de revolução na mão,
pois então ?
Manuela Vieira da Silva - Gostei do poema. Devia de ser musicado.🙂
11 a
EM CIMA DO BANCO A BANCA orden(h)a
em cima do banco a banca ordenha
ordena a banca em cima do banco e vai dando a contra-senha
acenando com o tamanco
é vivo o terno da usura
do lumpen-grã-capital
que lixa com lisura
e nos deixa sem bornal
é a troika do gamanço
bem estribada no poial
e assim no desenrascanço
vai destapando … o paiol
pois não há rima que resista
com ali bábá e seus ladrões
são mestres, sacrista,
em nos quererem .., anões.
foto victor nogueira - porto - o gato da minha tia teresa, seguido de poemas de Vinícius de Morais, Fernando Pessoa, Alexandre O´Neill e José Jorge Letria
1 -. – Vinicius de Moraes – O gato
Com um lindo salto
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
Se num novelo
Fica enroscado
Ouriça o pêlo, mal-humorado
Um preguiçoso é o que ele é
E gosta muito de cafuné
2.- Fernando Pessoa – Gato que brincas na rua
Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
3. – Alexandre ´Neill - Gato
Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?
4. – José Jorge Letria - Ode ao Gato
Tu e eu temos de permeio
a rebeldia que desassossega,
a matéria compulsiva dos sentidos.
Que ninguém nos dome,
que ninguém tente
reduzir-nos ao silêncio branco da cinza,
pois nós temos fôlegos largos
de vento e de névoa
para de novo nos erguermos
e, sobre o desconsolo dos escombros,
formarmos o salto
que leva à glória ou à morte,
conforme a harmonia dos astros
e a regra elementar do destino.
José Jorge Letria, in "Animália Odes aos Bichos"
31 de outubro de 2016 ·
foto victor nogueira - mindelo - todo o trabalho tem sido feito rapidamente e por máquinas e tractores. Hoje o tractor gradava o campo enquanto iria lançando a semente à terra. Eis senão quando ao olhar para lá da janela, reparo neste homem dirigindo-se lá para diante, de enxada ao ombro e forquilha na mão. Penso que iria trabalhar o pedaço de terrra em torno do poço onde as máquinas não entram
31 de outubro de 2019 ·
O separador do Google Chrome hoje afinfa-nos com o Halloween ou Dia das Bruxas. Escreveu outrora Cervantes, pela voz de D. Quixote, que não acreditava em bruxas, mas que as havia, havia.
Eu cá não acredito na sua existência, nem em bruxedos, bruxarias e maus-olhados ou assombrações, embora a crença popular na sua existência tenha ao longo dos milénios levado à morte de muitas mulheres, queimadas em fogueiras.
Célebres ficaram as chamadas "bruxas de Salém" (The Crucible), tema duma peça de teatro de Arthur Miller, denunciando o anticomunismo do que ficou conhecido como "macartismo".
Noutro registo há as bruxas boas ou más criadas por Walt Disney, muitas vezes baseadas em "contos de fadas" de origem popular, por vezes tenebrosos.
Mas as "bruxas" revivem espalhando-se pelas sete partidas do mudo, como mais um negócio consumista para encher a bolsa do capital.
Mas em tempos de igualdade do género, haverá alguém que defenda a criação do "dia dos Bruxos# ou. no rami da doçaria, o "doce do avô" ou os "papos de anjolas"?!
31 de outubro de 2020 ·
foto victor nogueira - Papagaio na Pastelaria Santa Clara, no Mindelo, onde muitas vezes vou lanchar, ali ao lado da Igreja de S. Pedro. dos Mareantes.
Não aprecio papagaios. Sujam tudo à sua volta, repetem monotonamente frases que memorizaram e por vezes mordem-nos inesperadamente- Na minha vida, para além deste, recordo e do da Ti Maria, no Porto da minha adolescência, e dum que havia na esplanada do entretanto encerrado restaurante O Cantinho do Frade, em Setúbal, ali perto do também demolido moinho do Frade..
Na literatura há também um papagaio célebre, "Flint", de John Silver, o pirata, um dos principais personagens no romance "A ilha do tesouro", de Robert L. Stevenson, um dos romances de aventuras da minha adolescência, da Biblioteca dos Rapazes, da Portugália Editora, conjuntamente com outros como os de Emílio Salgari, Paul Feval, Alexandre Dumas, Mark Twain e Júlio Verne.
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Conteúdo partilhado com: Público Escrevo no antigo laboratório da Farmácia [Sanitas, no Largo Luís de Camões], no tempo em que as mezinhas eram manipuladas aqui nas traseiras. São cerca de 17:00 e os empregados tomam chazinho com bolos. (...) Ah! o chazinho é porque a minha tia Esperança faz... 71 anos. (MCG - 1973.10.31)
Daqui a pouco vou almoçar depois de fazer uma visitinha à tia Esperança. (…) Está calor e estou cansado de andar com o saco. De manhã estive na Livrelco onde comprei uns livros. Logo, enquanto faço horas para o comboio, tenciono ir ao cinema ver “O Cerco”, de Cunha Teles. Amanhã começam as aulas. Saí de Évora há apenas dois dias e já parece uma eternidade (NDF 1970.10.26) Mestre "Cuca" I - Estou com um grave problema, pois já me esqueci das recomendações das minhas tias (eu bem lhes disse para deixarem-mas escritas): será que as batatas se põem ao lume durante 15 minutos? E quanto ao feijão verde? Deita-se no tacho quando a água ferver. E depois? Continua? Apaga-se o lume? Bem, o que for se verá! (MCG - 1972.08.23)
Mestre "Cuca" II - Contrariamente aos outros anos, parece-me que desta vez a casa [de Paço d'Arcos] anda mais desarrumada. Ainda nem sequer lavei a louça do almoço, ali empilhada na pia. Hoje os meus parcos dotes culinários sofreram um rude golpe, ao tentar grelhar lulas. Ah!Ah!Ah! Uma "pessegada"! Espero que o esturricado saia e não dê cabo da frigideira (daquelas que estrelam ovos sem gordura!) Se não, lá vou entrar em despesas. (MCG - 1974.09.12)
P'ráqui estou num café no Cais do Sodré. Os autocarros e os eléctricos passam lá fora na rua. O ambiente está ruidoso e o tempo ameaça chuva. A sandes e o galão estavam uma merda. (São 18:30 de sábado) (...) Parece que vai chover. Esperemos que consiga chegar a casa antes do aguaceiro, pois não trouxe guarda chuva. (...) E por aqui me fico hoje. Tenho de ir apanhar o comboio [para Paço de Arcos]. Não avisei que ia jantar e vai haver sermão, pois não contam comigo. No Verão as minhas tias iam de férias e a casa ficava por minha conta] (MCG - 1974.10.19)
O Guerreiro chegou ontem e temos percorrido Lisboa em busca dum emprego que não aparece, apesar do coração de Portugal estar doente e ser uma chatice se deixar de trabalhar (Pelo menos é o que diz o anúncio da RTP). Assim, temos deixado impressos devidamente preenchidos... aguardando. As minhas tias, especialmente Esperança, andam inquietas, pois dizem que eu sou bolchevista (ai, credo!) e assustam-se quando digo que vou começar a assaltar bancos. (...) (MCG - 1974.10.22)
Estas temporadas de ópera a preços populares eram organizadas pela FNAT (Federação Nacional para a Alegria no Trabalho), que após 1974 deu origem ao INATEL (Instituto Nacional para os Tempos Livres dos trabalhadores). Os bilhetes eram-me arranjados pela minha tia Esperança. (1998.Maio).
«(...) Minha tia Esperança. farmacêutica no Chiado
das primeiras mulheres na Universidade
minha amiga que não mais verei
partida em Janeiro de 84. (...)
Do meu poema "Elegia pela minha família dispersa" 1985.11.13
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Fátima Amaral - Tive família indireta que trabalhou lá.
3 a
Victor Nogueira - Talvez tenha conhecido algum se trabalhava na Farrmácia- Lembro-me do sr. Liberato, já idoso, que fazia o serviço externo, do António, mais novo, que era ajudante de farmácia, e da menina Conceição, que era caixa. Na foto central estão a minha tia e a menina Conceição, sempre menina, apesar da idade, porque era solteira.
3 a
Fátima Amaral - Trabalhavam na Rua de São João Nepomuceno perto da igreja de Santa Isabel. Não me lembro bem mas acho que era o laboratório.
3 a
Victor Nogueira
Pois, por essa zona era o Laoratório, a Farmácia era no Chiado. Na Rua de S. João Nepomuceno vivi num quarto alugado nos meus tempos de Económicas (então ISCEF)
3 a
Armanda Gonçalves
Querida madrinha segunda mãe obrigada por tudo o que me ensinaste pequenina mas grande mulher
3 a
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