Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNdomingo, 29 de junho de 2014
de quantas pétalas é tecido o sol
* Victor Nogueira
de quantas pétalas é tecido o o sol
e de quantas escamas o mar?
quais as malhas que entretelam o lençol
e de que notas se veste o luar?
é difícil a rima,
verso branco que arrima
e anima
oco louco
muito ou pouco ?
e a seara cerealífera
na esfera da espera
na concha do sentido
caracol
pelíicula a película (des)folheada
quantos sentidos se encerram ou libertam ?
de quantos caracteres, signos e palavras
se retiram duma só?
sol rissol solidão metanol briol
solário vário
refrigério
quente ou frio
etc & tal
ou assim e assim
afinal
sem pós de perlimpimpim ?
Paço de Arcos 2014.06.29
Foto Victor Nogueira - Lisboa Expo 98 (1998)
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