Pelo areal extenso
cavalgava o conde niño
com olhar nela suspenso
de cuore pequenino
Em praia ondas morriam
e as gaivotas planavam
os lábios por ti sorriam
tritões, sereias, voavam.
Era refulgente o mar
movendo-se ondulante
e assim ao navegar
o calor estonteante.
De rimance eram as quadras
que brotavam no vergel
bem sinceras, não malandras,
rebrilhando no papel
Mil personagens surgiam
os truões e as princesas
que archotes incendiam
mantendo a chama acesa
Saltitavam os pardais
bem alto se viam águias
doce suspiro com ais
hosanas e aleluias.
De fontes e ribeyras
alvo manto verde neve
brancas nuvens e fagueiras
tecendo letras, com verve.
A brisa, ar sussurrante
ondeava seu cabelo
o sorriso espampanante
'prisionava, um anelo.
De santos vive, embora,
com arquinhos e balões
sapateando esporas
no terreiro, foliões.
É Pedro, João, Antoninho,
sardinhas, vinho, pastel;
sem sentinelas caminho
com a pena e o papel.
Pulam, saltam, namoricos,
não se queimam na fogueira,
Dão-se mãos, pobres ou ricos,
em torno da laranjeira.
Voando beijos roubados
com olhos que bem rebrilham
nos corações salteados
verdouram ares que trilham.
Esvaiu-se o rimance
o Conde Niño em terra;
no bailarico a chance,
noutro chão o pé de guerra.
Não há donzela no monte
nos versos e na parelha,
nem sinhá no horizonte,
apenas sezões, abelha!
Paço de Arcos 2014.06.13
quadro - Antônio Parreiras (1869-1937) - Fim de romance (1912)
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