Eu queria escrever-te
escrever-te uma carta,
amiga,
uma carta sem letras perdidas,
cinzelada com o calor dos dias de sol
e a serenidade do entardecer.
Eu queria escrever-te uma carta,
amor,
uma carta aberta às ondas do mar,
ondas do mar de Vigo,
ao vento e à chuva,
uma carta com sabor a maresia
que acolhesses na concha fresca do teu olhar,
do teu olhar,
com ternura rendilhada,
sem a fúria dum vendaval.
Eu queria escrever-te uma carta
uma carta desassombrada
sem muros nem ameias,
sem paredões,
uma carta que arasse um caminho aberto e chão
sem receio de perder-te.
Eu queria escrever-te uma carta,
uma carta, amiga,
uma carta que na volta não trouxesse
o vento suão que esfarela os ossos
a frialdade
um areal de flores desvanecidas.
Eu queria escrever-te uma carta,
uma carta cuja fragilidade entendesses,
uma carta que não rasgasses,
em mil trapos transformada.
Eu queria escrever-te uma carta,
uma carta, menina,
que não fosse um balbuciar,
uma carta com o calor da paixão
e a serenidade do amor.
Eu queria escrever-te uma carta ....
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