Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

os textos em 30 de novembro

 * Victor Nogueira


"Unidos como os dedos da mão" era como se dizia no tempo em que era jovem.



a um "prazeirento" M. Almeida defensor do "direito a trabalhar" e amigalhaço de fura-greves, sejam ou não nos CTT

M.Almeida ainda pode pagar as contas da electricidade e o telemóvel e, presumo, do fornecedor de acesso à internet. M. Almeida, presumo, ainda não é um dos sem-abrigo que vão surgindo debaixo das pontes, nas avenidas e nas esquinas. M. Almeida não conhecerá nem terá na família pessoas desempregadas, sem hipótese de arranjar trabalho ou, quando o arranjam, a troco dum salário exíguo, insuficiente para as necessidades básicas. M. Almeida não tem cortes nos principescos salários ou pensões entre 400 e 675 €, rectifico, acima destes valores ou tendo, não lhe fazem mossa. M. Almeida será talvez um dos «Pequenos investidores [que] estão a subscrever, em média, 18 milhões de acções [dos CTT] por dia, mais do que a oferta total reservada para esta tranche

Seguramente, M. Almeida não é um "desperado". Não conhecerá quem o seja ou se conhece não lhe faz mossa nem lhe tira o sono dos "justos". Talvez seguro com sócretinos passes de coelho por lebre não receie que a "taluda" lhe entre "barraca" adentro. Boa deglutição a M. Almeida e - ao salivar - tenha cuidado com a garganta. As espinhas e os ossos, são para animais, como os cães e os gatos.

M. Almeida é uma "pessoa", "livre", feliz, atenta, veneradora e obrigada, Confortavelmente conformada. Ele ou ela lá saberão porquê !


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é investidor
empreendedor
é capitalista da alpista
é furão e ladrão
é salafrário
"universitário"
é cafageste como a peste
é bolseiro
lampeiro furtando
e embolsando
é durão no escavaco
seguro em passes de coelho por lebre
com sócretinas narrativas
é o patrão
do bom rapaz - o capataz manageiro
mensageiro
e da moça
pata na fossa
bem ligeira a galar
e a bolsarem
é o povo  no aperto
que não quer a servidão
pois então
no ovo
desperto
a reacção ou a revolução
trabalhando e operando
com a razão, 
não a do vilão, o patrão delambidão
o da devassidão .... que o pariu~

Paço de Arcos 2013.11.30

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se te amo
é ao mundo
bem fundo e à superfície
que amo
em ti
em si
a vida está em
ti
connosco
aberto e desperto
fora disto 
é deserto
mesmo que o negues 
encerrando-nos e ao eu
meu e teu
de seu
só o nós resiste
e tem voz


Paço de Arcos 2013.11.30




Se Centeno vai presidir ao Eurogrupo é pk o seu lado da barricada é o mesmo do Grande Capital. Já por essas organizações internacionais, transnacionais e multinacionais estiveram portugueses de alto-gabarito e pára o baile: Nobre Soares falhou a eleição para Presidente do Parlamento Europeu mas Barroso do "país da tanga" presidiu à Comissão Europeia da nossa desgraça e agora faz companhia ao Arnaut na Goldman Saques, onde também esteve António Borges, enquanto Victor Gaspar e Victor Constâncio repousam no Banco Central Europeu.



E em instâncias mais altas encontramos o Guterres que do "pântano" e dos Refugiados transitou para Secretário-Geral da ONU e Freitas do Amaral que foi Presidente da Assembleia Geral da ONU. Curiosamente todos ou "independentes" ou da área do ps(d)cds. .

domingo, 29 de novembro de 2020

os textos em 29 de novembro

 * Victor Nogueira

Na lazeira

parado, estirado
de bandeira rasteira
esticado e pasmado
malditos interditos
inauditos vereditos
sem que haja sementeira
ou
brincadeira
ao estirador
na esteira
sem andor


Paco de Arcos 2013.11.29

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Postal dos CTT
No comboio da Revolução há sempre "pessoas" a entrarem e a saírem. O comboio da "revolução" tem muitas estações e apeadeiros e para os passageiros, múltiplos e variados destinos. Muitos sairão durante o percurso, ficando em terra ou seguindo por outras linhas.

É preciso ter cautela com entusiasmos mais ou menos fugazes e com as barreiras das forças de "segurança" ou ... amigos amigos, "consciências" sociais à parte ou as contradições de quem se manifesta conforme o dia, o local e a hora ou a "madrugada"
29 de Novembro de 2013 às 12:37

sábado, 28 de novembro de 2020

os textos em 28 de novembro

 * Victor Nogueira


Foto victor nogueira –Mindelo – Sombras com chaminé em relva verde que será colhida na Primavera para forragem do gado sendo então substituída pela cultura do milho a ser apanhado no Outono seguinte. E assim ciclicamente até que os campos sejam retalhados para loteamento urbano.

No tempo em que eu era mais novo
Fazia muitas perguntas e
metia conversa com muita gente, nos transportes colectivos ou na rua
No tempo em que eu era mais novo
A casa dos meus pais tinha sempre portas e janelas abertas - ao sol e ao vento -
e à mesa sentavam-se do operário ao engenheiro
qualquer que fosse a cor da pele
Também a minha casa sempre teve portas e janelas abertas
E à minha mesa senta(va)-se toda a gente.
- este toda a gente tem como limite reconhecer-me no outro/outra –
E muitas vezes os operários me dizem
que me consideram um deles
Hoje estou mais velho
- envelheci neste país pequeno, cinzento e de vistas curtas –
No tempo em que era jovem e no país em que nasci
- na camada social a que pertenciam os meus pais –
e mesmo depois na Universidade em Lisboa
os rapazes e as raparigas andavam juntos
no café, na praia, no cinema, em passeio.
Agora envelheceram-me
E se o Victor dos 20 anos se sentasse defronte do Victor de hoje
Seriam quase dois estranhos frente a frente
- neste país pequeno, cinzento e de vistas curtas –
Não perdi a juventude
mas envelheceram-me ou envelheci
e no outono da vida
continuo à espera da primavera.
Apesar de tudo as mãos e os gestos continuam abertos
- embora mais retraídos –
Mas das mãos escorre apenas areia
e um deserto de flores esmaecidas.
Vim com a esperança de rever velhas amizades e conhecer novas
mas nenhuma delas respondeu ao meu convite
e recolhido em mim
desisti de reencontros ou de conhecer novas gentes
Assim regresso ao sul
ao céu azul, luminoso e pleno de claridade
para um mar chão e de calmaria
onde não há penélope e ulisses
e a amizade é também quase sempre uma palavra vã..
No tempo em que eu era mais novo
cada pessoa era um amigo/amiga.
Mas isso, isso é passado,
Hoje ..., hoje as aves não cantam no alto da madrugada.
- Alguma vez voarão de novo ?

Mindelo, 2015.11.26
De regresso ao sul

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

os textos em 27 de novembro

 * Victor Nogueira


Não pretendo ter a razão
nem a Verdade
de só ter a liberdade
presa na minha mão.
No longo caminho
e nas encruzilhadas
não se está sózinho
entre as vidas cruzadas.
Não há verdade
nem há caminho
que não
o temperado pela acção
sem olvidar a reflexão.

Setúbal 2013.11.27

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

os textos em 26 de novembro

 * Victor Nogueira


A 1ª vez que ouvi falar de Fidel foi em 1959, com a virulenta campanha contra a Revolução Cubana movida pela imprensa ocidental, incluindo a de Luanda, onde imperava o "Visado pela Censura" fascista portuguesa.

Independentemente do rumo que a Revolução Angolana e o MPLA tiveram depois de 1975, Cuba teve um papel determinante na derrota do regime de apartheid na África do Sul e na independência da Namíbia, tal como as Guerras de Libertação lideradas pelo PAIGC, FRELIMO e MPLA contribuíram para o 25 de Abril.

A História é feita de avanços e processos cujo desenvolvimento e desenlace estão muito para lá do que o nossa efémera passagem por este Planeta e pelo Universo permite apreender e compreender.



Foto de família -luanda e praia do bispo, cerca de 1959

Esta foto foi tirada da varanda do quarto dos meus pais e nela se vê o braço de mar que separava a avenida da Ilha do Cabo, defronte, braço de mar presentemente assoreado e com a água substituída por um bairro de lata.. Já no tempo da foto e na maré baixa podia fazer-se a travessia quase completa a pé. O carro na foto foi o 1º que a minha mãe comprou, em 2ª mão, depois da concretização da sua decisão de empregar-se, apesar da oposição do meu pai, educado à moda antiga.  Com efeito, ao chegar a Luanda em 1945 ofereceram-lhe vários empregos como engenheira química mas o meu pai opôs-se a que os aceitasse. O carro era um Ford Consul, cinzento e verde. Mais para lá do mar-oceano, na outra margem do atlântico sul, fica o Brasil.

SE QUISERES, VÊ A CONTINUAÇÃO EM Uma outra Luanda - o antes e o agoramente ou o impossível retorno

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

os textos em 25 de novembro

 * Victor Nogueira


"Carpe Diem" significa "Aproveita o tempo" e o tempo que passa não volta. Por outras palavras, "Águas passadas não movem moinhos?" ou "A água não passa duas vezes por baixo da mesma ponte." :-)*

Setúbal 2011.12.11

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Está sol e frio
1, - Está sol e frio e não rio pois este sol tolhe e não aquece mas arrefece. Não liberta a primavera nem serena o outono ou estival queima ! .
2. - " Foice" o sol, ficou o frio, veio a chuva e o céu está de cinza: os caminhos são tiras brilhantes de água, espelhos baços e nós lassos sem laços. 
3. - Pois, mas falta-me a lareira e a companhia, fica apenas a melancolia.

Setúbal 2011.12.04

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Todos os homens sonham ~ T. E. Lawrence

1. - Todos os homens sonham, mas não da mesma forma. Os que sonham de noite, nos recessos poeirentos das suas mentes, acordam de manhã para verem que tudo, afinal, não passava de vaidade. Mas os que sonham acordados, esses são homens perigosos, pois realizam os seus sonhos de olhos abertos, tornando-os possíveis. — T.E. Lawrence, Os Sete Pilares da Sabedoria.

Perguntam - e um homem que sonha acordado e que torna os seus sonhos possíveis, é PERIGOSO ?

2. -Depende dos sonhos e de quem deles beneficia ou é prejudicado. Para os capitalistas os sonhos dos comunistas devem ser abatidos e vice versa. Os sonhos dum carteirista são diferentes dos meus, que não quero ser roubado.

Comentam - pois, depende dos sonhos...pode então nem sempre ser perigoso, ou não representar um perigo para todos, só para alguns...então esse tal T.E. Lawrence tinha medo dos homens que sonham acordados..

3. - Não, mocinha, ele foi um homem corajoso e traído nos seus sonhos pelos que tinham outros sonhos de sinal contrário. O coronel Thomas Edward Lawrence também fixou conhecido entre os árabes por El Awrens ou por Lawrence da Arábia. Estou a ler o livro dele "Os 7 Pilares da Sabedoria" Encontras a história dele aqui  http://pt.wikipedia.org/wiki/T._E._Lawrence

Reflexionam - não sabia que se tratava de Lawrence da Arábia, gostei de ler o que diz dele a Wikipédia e mais ou menos percebo porque diz que os homens que sonham acordados são perigosos

Publicada por Victor Nogueira à(s) Sábado, Dezembro 17, 2011


ÉVORA, CAPITAL DO MUNDO E DO UNIVERSO

ÉVORA, A CIDADE DE Giraldo Giraldes o sem pavor, ÉMULO DO CRISTIANÍSSIMO Sant'iago, o Mata-Mouros

ÉVORA, terra de mouros e mouras, de gente encantada ou degolada, urbe úbere de príncipes, poetas, cronistas e cortesãos

EIS ÉVORA, hoje A CAPITAL DO MUNDO E DO UNIVERSO cujo generoso seio recolhe os dilectos  filhos da nação. sob o manto diáfano dos egrégios avós!

25 DE NOVEMBRO -  DE 1975 A 2014 - A DATA QUE PS(D)CDS NÃO COMEMORAM, o tempo em que estiveram conluuiados com as redes bombistas de extrema direita e a Spínola - nomeado marechal por Mário Soares/ps, o amigo de Carlucci, o amigo americanos. 

Uma nova geração de capitalistas - de que estes ocupam a cúpula, ligados à distribuição que nada produz,  - os 3 homens mais ricos de Portugal, beneficiados pelos sucessivos governos do ps(d)cds qualquer que seja o ministro de turno desde 25 de novembro de 1975, desde Mário Soares ps a Passes de Coelho/psd, sem esquecer Sá Carneiro, Freitas do Amaral, António Guterres, Durão Barroso, José Sócrates ,Paulo Portas, Cavaco Silva

Na foto falta a família do banqueiro do regime, o dono disto tudo em condomínio, o que esteve por detrás e a embolsar com as parcerias público-privadas criadas no tempo de Cavaco/psd, as privatizações e concessões em áreas como as das comunicações e da saúde.


sábado, 14 de novembro de 2020

o jeep do engenhocas

 * Victor Nogueira

Em S. Paulo da Assunção de LUANDA (este era o nome completo, tal como havia a Cidade do Santo Nome de Deus de MACAU, Não Há Outra Mais Leal) - foto MNS - Quando nasci os meus pais moravam na Rua Frederico Welwitsch, no Bairro do Maculusso. e daqui mudámos para outra vivenda, no Bairro de S. Paulo, lá onde a cidade do asfalto terminava na altura para imediatamente começar a empurrar a cidade vermelha (a cor do barro), a dos musseques, ainda mais para a periferia. Pouco tempo residimos aqui, de que tenho poucas memórias, até mudarmos para a Praia do Bispo, quando tinha 11/12 anos, para uma casa de função, essa sim que me marcou e ficava à beira mar, com o mar infindo defronte e para lá dele o Brasil, na outra margem.

O meu pai era um engenhocas. Aliás na caricatura do livro de curso ele aparece sentado a uma mesa  com montes de construções de armar, desde aviões a casas. No quintal da Praia do Bispo construiu sucessivamente os 3 "gasolinas" (barcos com motor fora de borda) que tivemos; o 1º roubado, o 2º queimado inadvertidamente no areal da praia e o 3º ficou lá depois da Independência. Este "jeep" também foi parcialmente contruído por ele, a partir do chassis que comprara: a carroçaria foi toda feita por ele e sob sua orientação.

Na foto, para além do escriba os seus irmão e mãe. Aqui ainda era miúdo, pois usava calções e suspensórios. O uso de calças e cinto significava a passagem a jovem e adulto. Esta regra não foi rígida para o meu irmão, cinco anos mais novo, que naturalmente "herdava" a minha roupa. (2014 11 14)


VER em tono dos "gasolinas"

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

os textos em 12 de novembro

 * Victor Nogueira


foto victor nogueira - os diospiros que do quintal dele me ofereceu o vizinho Alcino. Ainda não provei,

Algumas pessoas amigas dizem-me que adoram e uma recomendou-me que os comesse apenas quando bem maduros, o que é o caso de dois deles. A minha tia Lili diz que não gosta. Depois darei a minha opinião. A foto foi tirada com o velho Nokia.

A tarde continua pluvinhenta, cinzentonha e gélda. De vez em quando uma desgarrada ave atravessa os ares e não ouço os aviões. Falai no mau ... e lá ouço um muito longínquo, o som abafado.

Amanhã, se o domingo estiver soalheiro, irei deambular pelo Porto. Talvez compre castanhas para cozinhar..

"Quentes e boas" era o pregão, dos triciclos às esquinas no Porto, em Setúbal ou em Lisboa, com os fogareiros de brasas, o fumo enovelando-se, a mercadoria entregue em cones de papel de jornal.

Como eu gosto delas, cozidas ou assadas e quentinhas Hoje as castanhas assadas vendidas pelas ruas são caríssimas e muitas delas estragadas.


O Homem das Castanhas

Na Praça da Figueira,
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.

É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.

Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.

A mágoa que transporta a miséria ambulante,
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.

Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p'ra casa.

Letra: Ary dos Santos
Canta: Carlos do Carmo

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sobre a reutilização de manuais escolares contra a corrente do "use e deite fora"

Percebe-se que a Porto Editora e a Leya  defendam a sua galinha dos ovos de ouro que são os manuais escolares. È comovente a sua preocupação pelo eventual encerramento de 1 600 livrarias locais e independentes,  “um sector de actividade fulcral para a economia do conhecimento”. Os dois gigantes preocupados com a "economia do conhecimento" (sic) e com a "sobrevivência" de 1 600 livrarias "independentes" ? Há quem seja ingénuo para neles acreditar ? Acreditar em oligopolistas que fazem do ensino e da educação negócio ? Oligopolistas que guilhotinam livros e literatura em armazém em vez de "oferecê-los" à comunidade ?

Mas as questões que eu levanto são outras. Uma coisa é a partilha de livros, seja pessoal, seja pelo acesso a bibliotecas públicas ou escolares. Ou, vá lá, disponibilizando e-books. Outra é a descartabilidade. Um livro, seja ou não de estudo, é de uso pessoal, faz parte ou poderá fazer parte duma biblioteca pessoal, Um livro é ou poderá ser algo que se estime ou venha a estimar, que se usa ou a que se aceda sempre que necessário. Para reler ou para relembrar. Para consolidar conhecimentos. Para fruir do prazer da leitura e do saber. Ou para partilha voluntária e solidária.

Mas para a PE e a Leya (cujo negócio é  acumular cifrões) ou para o Governo isso é irrelevante. E parece-me que em nome da "igualdade" e da "democracia" o que a medida do Governo introduz é uma nova fonte de discriminação: para uns, os "carenciados", livros com marcas de uso, para outros, os "privilegiados", livros novos que a bolsa  dos papás pode suportar. 

Entre o  "livro único" e o livro "usado"  não haveria outras medidas que o Governo pudesse implementar que facilitassem o acesso dos estudantes do ensino obrigatório ao contentamento e à cultura, conjuntamente com o "amor" aos livros ? Contra a corrente do "use e deite fora" ?
 
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Porto Editora e Leya bloqueiam acordo sobre reutilização de manuais
BÁRBARA REIS  12/11/2016 - 09:44
A expectativa era que do grupo de trabalho saísse um relatório com recomendações sobre a implementação concreta da reutilização dos manuais em toda a escolaridade obrigatória.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/porto-editora-e-leya-bloqueiam-acordo-sobre-reutilizacao-de-manuais-1750813




foto de Família - Luanda - Parque florestal da llha do Cabo

Texto em  Em Luanda, no Parque Florestal da Ilha do Cabo



Clown jaune, por Bernard Buffet ~~~~ Victor Nogueira ~~~~~~ 1 . - Ah! O circo da minha infância, dos palhaços, sobretudo o "pobre", e das meninas contorcionistas 


Olhando para o silêncio e ouvindo o vazio !

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Maria Eugénia Cunhal - Quando vieres

Maria Eugénia Cunhal


“Quando vieres
Encontrarás tudo como quando partiste.
A mãe bordará a um canto da sala...
Apenas os cabelos mais brancos
E o olhar mais cansado.
O pai fumará o cigarro depois do jantar
E lerá o jornal.

Quando vieres
Só não encontrarás aquela menina de saias curtas
E cabelos entrançados
Que deixaste um dia.
Mas os meus filhos brincarão nos teus joelhos
Como se te tivessem sempre conhecido.

Quando vieres
Nenhum de nós dirá nada
Mas a mãe largará o bordado
O pai largará o jornal
As crianças os brinquedos
E abriremos para ti os nossos corações,

Pois quando tu vieres
Não és só tu que vens
É todo um mundo novo que despontará lá fora
Quando vieres....”



Maria Eugénia Cunhal - in "Silêncio de Vidro" – Edição da Autora - Lisboa, 1962


EM 2005 OS CTT EMITIRAM PEÇAS FILATÉLICAS HOMENAGEANDO ÁLVARO CUNHAL, (1913 / 2005)

MAS DEPOIS DISSO DEIXOU PASSAR EM CLARO O 100º ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO RUSSA, EM 2017, E O 100º ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DE KARL MARX. E EM 2021, DEDICARÃO ALGUMA EMISSÃO FILATÉLICA COMEMORATIVA DO 10º ANIVERSÁRIO DO PCP?

Os textos em 10 de novembro

 * Victor Nogueira



SEM CASTANHAS, MUS(ic)A OU VINHO - Por cá o fim de semana está e será cinzentonho e chuviento. Hoje, olhando pela janela, o horizonte acaba a uns 500 metros pois para lá está tudo neblinado.



foto victor nogueira - mindelo - homem com enxada ao ombro e ancinho na mão em trabalhos agrícolas

Mindelo - todo o trabalho tem sido feito rapidamente e por máquinas e tractores. Hoje o tractor gradava a terra enquanto iria lançando a semente à terra. Eis senão quando ao olhar para lá da janela, reparo num homem dirigindo-se lá para diante, de enxada ao ombro e forquilha na mão. Penso que iria trabalhar o pedaço de terra em torno do poço onde as máquinas não entram CONTINUA EM  trabalhos agrícolas no Mindelo 02


Hoje o cansaço é grande, os trabalhos muitos por terminar e a vontade impossível de poder partir para longe, muito longe !

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

os textos em 9 de novembro

* Victor Nogueira


E a minha mãe, que tinha uma voz bonita, por vezes cantarolava este tango: "Amores de Estudante"


Tuna do Orfeão Académico do Porto

A menina, dança? " A mais linda para dançar? "


Silvye Vartan

Mas os meus, nunca foram "Amores de Estudante"


Duo Ouro Negro



Foto victor nogueira - estuário do rio sado e poesia intemporal do photographo repescada nas manhãs entre 9 e 10 em novembro de 2015.

1. - És a clara madrugada ?

És a clara madrugada ? Por mais que eu tente esquecer-te o meu entendimento persiste em esperar e lutar por ti. Mesmo que eu cerre os meus olhos posso sentir-te ao meu lado e renascer com o calor do teu abraço. Vives nos meus sonhos, desde sempre. O teu sorriso tem a cor da maresia, é uma brisa na planície, o rumor dum riacho ... És a esperança em que moramos e de que me alimento. Que dia será aquele em que despertarmos deste plúmbeo sono de cinzas e negro de fumo ? (2014.02.07)

2. - assume o lume

assume
um mundo
e
solta
a
revolta

a
canção
da
revolução

Paço de Arcos 2014.02.19

3. - mobiliza a dor
da fome

com ardor
acende o lume

do perfume
liquida o estrume

Setúbal 2014.02.21

2015 11 09 Foto victor nogueira - estuário do rio sado e poesia intemporal do photographo repescada nas manhãs entre 9 e 10,em novembro de 2015




as bases do mito e do falso sossego das impropriamente chamadas "classes médias", a quem incomodam o suor e a catinga dos bairros da lata e dos deserdados da fortuna, indigentes, sem abrigo ou estranhos. Quando acordam, esbracejam, não pelo bem estar para todos mas pelo regresso da sua vidinha ! Sempre em torno do centrão ou desembocando em soluções autoritárias e fascistas

Políticos somos todos náo, sem excepção, mesmo quando negamos que o sejamos. Não há inocentes na cidade e nos campos onde a des-humanidade habita

A ideia de que a política é porca e TODOS os políticos corruptos só aproveita aos senhores da terra, esclavagistas, terratenentes ou capitães da indústria e da banca da Privada





a narrativa dos sócretinos ---- Costa e Marcelo são favoritos nas presidenciais

 Sondagem da Eurosondagem para o Expresso e SIC perguntou aos inquiridos quem consideram ser o mais bem posicionado à esquerda e à ...

Ler mais:http://expresso.sapo.pt/# ixzz2kBDnRPbT


PULHÍTIQUICES ~ Há pulhíticos com graves problemas de expressão em português, como certa nata na direcção nacional do PS, - Francisco Assis ou João Ribeiro.- a que se junta agora o tózé seguro.. Tanto se enguiam que por vezes se descobrem - Estando tózé solidário com os motivos da greve na linha das estrondosas ou violentas abstenções com elevado sentido de Estado ou de respeitabilidade - , isto significa que se solidariza/identifica com a política do Governo de pedro e paulo escavaco e não com a luta dos trabalhadores.