Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Contigo de poucas palavras se tece o amor

 


* Victor Nogueira

30 de agosto de 2016  · 

1. - Contigo de poucas palavras se tece o amor contigo saio sem receio contigo durmo sem tormento contigo passeio sem desmaio contigo vivo em pensamento contigo sou ... e não estou! Setúbal 2013.09.13

2. - É de madrugada, deu-me a espertina e a vontade de rasgar tudo e partir para longe porque apesar do meu desejo não consigo descansar em ti o meu cansaço e se isto e o que escrevo é verdade ou efabulação, só eu veramente e de verdade o sei! 

Com o mote "veramente" e seus múltiplos significados o artesão das palavras poderia escrever um romance. Mas como as palavras que se ficam pela ausência ou negação dos gestos meus e/ou de outrem nada valem e são um rio sem retorno, arrumo a caneta no bolso, sem usar nem a "pena" nem a "pluma", porque então o romance não teria fim.

Tenho saudades de ti, da tua presença, da tua companhia, da tua voz, do teu sorriso e também tenho saudades da ternura que há em ti.

foto victor nogueira - pôr-do sol no Estuário do Sado


Porta com batente, algures

 

* Victor Nogueira

30 de agosto de 2017   / 30 de agosto de 2016  · 

ESCRITO EM 2012.07.08 - Eu desta escapei. Ficaram os efeitos secundários da radioterapia, mas espero dar conta deles. Um dia de cada vez! 

As tuas parecem as minhas viagens de estudante de Évora para Paço de Arcos: autocarro, barco e comboio. A minha tia-avó morava em Paço de Arcos. Em Portugal a minha morada oficial era em Paço de Arcos e não Évora, para ter passe de estudante e em Luanda para ter descontos no avião quando ia de Férias Grandes por intermédio da Procuradoria dos Estudantes Ultramarinos, um organismo governamental que sucedeu à Casa dos Estudantes do Império, extinta pela Polícia Política sob acusação de desenvolver actividades subversivas. Para além das caminhadas a pé, dizia então na brincadeira que só me faltava andar de avião entre Évora e Paço de Arcos. Naquela altura era moço e muitas vezes parava em Setúbal para visitar pessoas amigas. Aquele foi o tempo em que tinha montes de amigos e amigas. Era o tempo em que ainda acreditava nas pessoas. Agora é tudo cinzento, temeroso, cheio de medos, cada um por si. Muitas pessoas apesar do 25 de Abril não superaram séculos de Inquisição, Pinas Maniques e Polícias Políticas. Nas redes sociais as amizades são virtuais e não poucas vezes  cheias de "medos" e de "temores" e de "prisões" quando não dos olhos e das vozes e das comadres e da vizinhança. Há por vezes muita encenação, para lá das aparências. E na vida real é cada um por si. Setúbal é uma terra tramada. Se soubesse que Setúbal era assim nunca teria ficado aqui. As desilusões resultam das ilusões.

ESCRITO EM 2012.07.20 - Estou triste e comovo-me ao reler cartas ou poemas que escrevi. Muito daquilo em que acreditei foi um fracasso: o casamento, a marginalização por aquelas que se "venderam" e traíram os ideais que dizem defender, acomodados às mordomias do capitalismo e as migalhas que lhe caiem nas mãos.

ESCRITO EM 2012.08.18 – Ninguém trata de mim. Trato eu de mim, dos meus pais e às vezes do meu neto. Mas por causa da gastro não fui ao Mindelo com a minha filha, o Sérgio e o Cisco. Nem hoje ao Zoo de Lisboa com o Cisco, o Rui e a Ana Sofia. Mas talvez esteja a melhorar das sequelas.

ESCRITO EM 2013,02.08 – Em Angola nós tínhamos de estudar exaustivamente uma realidade que não ara a nossa e um Pais – Portugal – que a muitos de nós nada dizia. No 7º ano do Liceu em Luanda defendíamos abertamente a independência de Angola nalgumas aulas Até o meu pai já era angolano. entre a ida em 1944 e o regresso, em 1975, apenas esteve cá poucos dias no Natal de 1973.

ESCRITO EM 2013.06.16 - Estou em casa da minha tia, com inércia para sair e sozinhito, mas ainda cá estarei até 3ª se não voltar antes para Setúbal. A minha tia Lili não leva a mal que leve pessoas amigas para almoçarmos com ela. Aliás  já nos meus tempos de estudante levava colegas meus/minhas para almoçarem, que ela assim conheceu e por quem me pergunta por vezes. Sou o ajuizado sobrinho querido com quem ela andou ao colo em Luanda ...

ESCRITO EM 2013.06.26 - Eu nunca te comento! Logo sou dos maus segundo uma que reclamava do que escrevi há pouco

Olha, se estou na lista das exclusões, paciência Não é por tão pouco que te excluo e aqui é quase tudo efémero, a vida real, quotidiana, essa é que conta: a mão, a voz, o sorriso, a gargalhada cristalina, as lágrimas de verdade, o brilho no olhar, o suave perfume ... “   

Dizem que os livros são os nossos melhores e maiores amigos. Mas os livros não se sentam  nossa beira, nem têm olhos, nem sorriem nem nos abraçam, nem connosco passeiam pela rua, pelo campo. Nada podemos dar aos livros senão as letras dos nossos pensamentos ou um pouco de nós para que chegue aos outros.” Os livros têm os olhos que nós temos. E os seus lábios são os nossos lábios. Porque se os livros tivessem olhos e lábios e mãos e dedos seriam talvez pessoas, mas nunca livros. Victor Nogueira (1969) em évoraburgomedieval».

ESCRITO EM 2013,06.27 - Estou de greve, i.e., solidário com ela. Hoje não fiz compras, nem mesmo o Avante. Fi-las ontem.

Já tinha amizades noutras redes sociais como o msn, o hi5 ou dos chats no mIRC. Ou dos blogs. Muitas estão no FB. E depois os camaradas e antigas amizades e colegas, que nos vamos descobrindo mutuamente. Dizem-me que há quem me queira conhecer pessoalmente - até no Brasil - devido ao que escrevo - e nada de especial escrevo. Algumas d "elas", após conhecerem o escriba em carne e osso, zarpam a grande velocidade e não regressam. Devem imaginar um príncipe de olhos azuis, atlético, louro e sai-lhes este.

Com nariz grande, olhar estrelado, 

Baixo, cabelo negro, ondulado, 

Magro, moreno, mui desajeitado, 

Nada ou p'la vida sempre perdoado.


Buscando amizade, mau achado, 

Agindo calma ou mui despeitado, 

O êxito logrou, mal torneado, 

Com persistência e pouco alegrado.


Tolerante, mas não libertário, 

Conduzindo, longe da multidão, 

Na vida procurando liberdade.


Em tudo mal, buscando seu contrário, 

Com ar sério ou risonha feição, 

Mal sente, co'a razão, felicidade.

1989.09.10 – Setúbal

Perguntam-me que lhes faço. Que lhes faço? Se calhar a pergunta certa seria "que quereriam ou esperariam elas que eu lhes fizesse"?

Há muito que em Setúbal não vou ao Mercado do Livramento. Salvo Ah! na verdade fui muitas vezes, quando havia greves, para  a difícil tarefa de convencer os comerciantes a aderirem ou participando nos  piquetes de greve.

Em conversa com ... (5) TODO O MUNDO e NINGUÉM DECLARAÇÃO

Maria do Mar, Maria Papoila, Maria dos Mil Sóis Rendilhados, Maria Vai com as Outras, Niña do Beco dos Passarinhos, Joana Princesa com Sabor a Cravo e Canela ou Princesa do Meio Caminho Andado, Princesa (Simplesmente), Fatma das Caldas, Fátma da Ilhoa da Floresta Queimada, Gaivotinha, Raposinha, Madre Abadessa Diabinho Diabeza, Musa d'Ante, Luciferazinha, Diabrete, Nlña de Aguiar e Belmonte, Joana da Côr do Trigo em Flor ou Joana Ratinho são personagens talvez verdadeiros mas com nomes inventados. João Bimbelo, João Baptista Cansado da Guerra ou o Conde Niño são personagens e como tal não existem. Se existissem, então eles não estariam de parabéns por qualquer delas. Mas elas, talvez os merecesssem, apesar de inventadas pelo escriba, a quem teriam deixado para trás 🙂 . Talvez porque o escriba, embora malabarista do verbo bordejando a chama, pouco valor teria nas histórias que inventava com a liberdade, engenho e arte que a todos os escribas é permitido. .

Victor Nogueira aka Kant_O_XimPi.Manog .

PS – Mais declara o escriba que não costuma ficar a chorar pelo leite derramado e do passado procura reter apenas aquilo em que foi feliz. O resto, o resto são «estórias», como agora se diz.

Publicada por Victor Nogueira à(s) Domingo, Dezembro 09, 2007


Foto victor nogueira - Porta com batente, algures

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

O negócio da guerra visto ... nas "cachas" de comentários on line

 * Victor Nogueira

Comentários a comentários, a maioria "alinhados" com a invasão do Afeganistão pelos EUA e descabelados ataques ao Bloco:

1. Mário Borges consegue igualar o Carvalho. "inFalando" do Afeganistão, Borges, aproveita a boleia de Catarina para, na salgalhada e completamente a despropósito, ... meter o PC e o Avante no arrazoado. É obra! E a despropósito do Afeganistão, afirma que ninguém gosta do BE, desde o Chega até ao PCP sem esquecer o PS!

2. A citação está incorrecta. A frase é de Churchill, datando de 1947, quando o chamado "Bloco Ocidental", capitalista, inicia a "Guerra Fria" contra a então URSS (Bloco Socialista), sua aliada na derrota do nazi-fascismo: "A democracia é a pior forma de governo, à excepção de todos os outros já experimentados ao longo da história."  Embora se possa subentender que Churchill se referia à democracia dita "burguesa", a do capitalismo.

O negócio da guerra visto por um editorial do PÚBLICO | Opinião ..., por Catarina Martins

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Os tratadores de canídeos e felinos

 * Victor Nogueira

DOMINGO, JUNHO 03, 2007


Os tratadores de canídeos e felinos, no Huambo

Em Luanda, o Zé Luís fazendo tropelias a um dos gatos enquanto o pai dos tratadores lia o jornal


Outro dos felinos

O mesmo felino, lavando-se


O Jack em flagrante delito


Foto de família - Em Luanda, na Praia do Bispo, com a senhora Ana de Jesus, cozinheira, e o Ambrósio, empregado doméstico, e a Bambina, ao colo deste, em 1960 08 23 O meu boné deveria ter sido do Carnaval.

Normalmente tínhamos um cão e um exército de gatos, que viviam no quintal. Lembro-me do Jack I e do Jack II, mas da Bambina não.

O Jack olhando pôr do sol e o horizonte, para lá do qual está o Brasil


 Foto victor nogueira - Um cão galhofeiro numa noite em Serpa

 Foto victor nogueira - Cão prisioneiro em Linda-a-Pastora

 Foto victor nogueira - Cão sentado à janela, numa rua de Lisboa

 Foto victor nogueira - O mesmo cão em pé

O Cão, o melhor amigo do homem ..
... quando não lhe ferra o dente !
E podia lá deixar de falar nos gatos?


* Victor Nogueira

Gosto de cães, mas não posso tê-los porque apartamento não rima com animais à solta. Em Luanda sempre tive cães e gatos pois os meus pais sempre moraram em vivendas com quintal. Na da Praia do Bispo, á frente, havia um caramanchão, com mesa, cadeiras, algumas de lona para estirar, onde líamos ou estudávamos ou jogávamos às cartas ou ao monopólio. O cão sentava-se ao meu lado, lingua de fora, e de vez em quando batia-me com a pata na minha perna para lhe fazer festas. Satisfeito o pedido, acalmava até repetir de novo o gesto para nova sessão.

Quantos aos gatos, eram mais que muitos, e sentavam-se em cima da mesa e, quando entendiam que eu não lhes estava a ligar, sentavam-se em cima do livro que eu estava a ler e se continuasse a ignorá-los punham-se às turras com a cabeça no meu queixo. Enquanto lhes fazia festas punham-se em pé, lombo arqueado, cauda erguida, ronronando. Outras vezes lambiam-me o braço com a sua lingua áspera.

Uma vez a gataria era tanta que a minha mãe pegou numa gata e nos filhos recém nascidos e levou-os de carro para longe, para outro bairro. Esquecemo-nos do felino até que um dia a gata, esquálida, apareceu no quintal com um gatito agarrado pelo cachaço. E pronto, assim ela e o filho lá ficaram.

Quantos aos cães, ainda duas notas. Havia um, creio que o Jack II, que quando ia nas férias grandes a casa ainda eu vinha a centena de metros de casa e já ele começava em loucas correrias, do fundo do quintal para a frente da casa, com derrapagens estonteantes na mudança de direcção, saltando como louco à minha volta. mal eu saía do carro. Os gatos, esses recebiam-me com indiferença e altivez que os caracteriza. Lá em casa cães e gatos davam-se como Deus com os anjos.

Doutra vez apareceu no quintal um cão enorme, esquálido, do tamanho dum lobo, cambaleante de fome. Foi adoptado por mim e pelo meu irmão, mas aquilo era uma fortunaem carne para alimentá-lo. Tinha um defeito - atirava-se aos negros que entrassem lá em casa, com relutante excepção e condescendência para a lavadeira Maria e o criado Fernando. O carteiro, esse passou a atirar as cartas pelo portão e ala que se faz tarde. O cão apareceu morto um dia, talvez envenenado por alguém.

Isto as palavras são como as cerejas. Em tenpos o meu pai, contra a vontade da minha mãe, deixou-lhe uma cadela em casa, no quintal, em Paço de Arcos. Era uma cadela simpática e eu teria ficado com ela, se eu tivesse quintal. Entretanto a minha mãe teve de vir para minha casa e a cadela, quando o meu pai ia a casa da minha mãe, entrava, ia até à cozinha e percorria todas as assoalhadas, acabando na sala de estar, sentada, quieta, sossegada, olhando para o sofá onde a minha mãe, ausente, se costumava sentar e lhe fazia festas. Pensaria? Em quê?

E já repararam que há gatos e cães inteligentes, que só atravessam nas passadeiras ou acompanhando os peões quando o sinal fica verde para estes? Mesmo assim há automobilistas que indiferentemente lhes passam por cima.

Agora é que eu prometo terminar. Gosto de cães mas não gosto que eles se arrastem em busca de afagos do dono que lhes bate. Nesse aspecto prefiro a altivez e a independência dos gatos. Como Gato são os meus filhos, apelido materno, tendo o Rui arranjado uma simpática cadela, que acarinha toda a gente, apelidada de Évora, a cidade onde os meus filhos nasceram, e sucessora duma outra cadela, que tinha em casa do padrasto, uma vivenda com quintal.

Fotografias tiradas por alguém da família
As quatro últimas são da autoria de Victor Nogueira

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Textos em agosto 06

 * Victor Nogueira



2010 08 06 Portugal dos Pequeninos, Sociedadezinha Anónima  

,Não conheço outros países além de Luanda e Portugal. Escrevo Luanda porque li algures que havia uma Angola cosmopolita, relativamente tolerante e não racista sediada em Luanda, e uma Angola do Mato, com outra vivência, que eu não tive, mais telúrica mas também mais tacanha, pese embora o empreendedorismo de muitos emigrantes e o facto de constar que em Angola quem ganhou as eleições ter sido o General Humberto Delgado.

.Mas Portugal é uma terra em inho, de medos ancestrais, como diria O'Nelll, um país de bufozinhos, de invejosinhos, de vistas curtinhas, de desenrascansozinho, de anomimatozinho, tudo bem aproveitadinho para esconder a grande criminalidade e gatunagem, encoberta durante séculos pela bufaria da Santa Inquisição, da PIDE ou de certa Partidocracia, como aquela que levou um certo Coelho a afirmar que quem se mete com o PS leva, um certo Pepe Sócrates a auto-definir-se como um animal feroz ou um certo Portas a defenestrar Freitas do Amaral e entregar a fotografia deste na sede do Rato !

Pois o Portas lá voltou outra vez a ser o bombo da festa, para dar descanso ao mano Sócrates. Depois da história dos submarinos envoltos em luvas, surge a venda por tuta e meia duma pistola metralhadora concebida em portugal e que na onda das privatizações lá se foi, dando proveitosos lucros a quem a comprou ao preço da uva mijona.

Logo os opinion makers de bancada on line, desta vez no Correio da Manha, opinaram, alguns em defesa de Portas e, não tendo lido o texto da notícia em papel, perorava um deles que se tinha sido vendida era porque não prestava.

Estes comentadores de bancada normalmente escondem-se atrás dum nick - "anónimo" - e um deles, a propósito de Portugal ser o País da União Europeia com mais contratos a prazo, opinava que os bons trabalhadores não precisavam de ter medo porque o patronato os sabe distinguir ! Este ou é capacho ou patrão, mas no 1º caso a hora dele soará!

São do mesmo calibre daquele que afirmava que os sindicalistas e comunistas são uma corja de madraços e calões, que nada querem fazer a não ser destruir as empresas.

Um dia destes o Provedor do Leitor do Público, subsidiado beneméritamente pelo Tio Belmiro, dava conta do facto das pessoas se esconderem por detrás do anonimato, de usarem nicks de outros leitores e de muitas vezes comentarem a mesma noticia com nicks diferentes mas que o sistema de livre opinião instituído não permitia controlar ou evitar estas anomalias. Prometendo voltar ao assunto, o Provedor descansou !

Estou a ler uma obra em dois volumes da autoria de J. M. Campos (quem será?), editada pelos Amigos do Livro e intitulada - "Opressão e Repressão - Subsídios para a História da PIDE". Uma das memórias mais antigas que tenho é a duma fotografia do caixão do General Carmona, publicada num jornal de Luanda. Pois aquele velhinho de ar sereno, bondoso e aristocrático que nunca aparece a fazer a saudação fascista ao contrário de Salazar, no tempo em que empalmou Mendes Cabeçadas e Gomes da Costa, como Presidente do Ministério assinou legislação que decidia o julgamento sumário e fuzilamento de todos os civis que fossem encontrados com armas ou bombas. Afinal, no tempo da benemérita Ditadura Militar, a pena de Morte foi reintroduzida em Portugal, embora a Constituição de 1933 a prescrevesse, apesar de haver malandros que posterior e maldosamente se punham ao alcance dos disparos acidentais da PVDE/PIDE,/DGS da GNR e da PSP, como Dias Coelho, Catarina Eufémia, Alfredo Dinis ou o General Humberto Delgado, entre muitos outros!!! Isto para não falar nos indígenas das ex-colónias, seres primitivos mergulhados nas trevas da escuridão a que o homem branco se propunha arrancar, devagar, devagarinho!

.Publicado no Mu(n)do Phonographo

Continua no D'Ali e D'Aqui

.

Portugal na Poesia de Alexandre O'Neill (excertos)


PARA QUE A MEMÓRIA E A HUMANIDADE NÃO ESQUEÇAM NEM PERDOEM

1945.08.06 - 2013.08.06 - 68º aniversário 

Depois da barbárie nazi-fascista e na sequência do extermínio dos ameríndios e das populações africanas,  uma nova escalada na barbárie dos crimes contra a humanidade, esta   perpetrada pelos EUA - a 1ª bomba nuclear - lançada a 6 de Agosto de 1945 sobre objectivos civis - para intimidar a então URSS cujo contributo fora determinante para a vitória dos Aliados e para estudar os efeitos das radiações. Feito repetido a 9 de Agosto, sobre Nagasaki. Feito que o General Mc Arthur tentou repetir anos depois na Guerra da Coreia, para evitar a derrota dos EUA pelos guerrilheiros coreanos.

As estimativas do primeiro massacre por armas de destruição maciça sobre uma população civil apontam para um número total de mortos a variar entre 140 mil em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki, sendo algumas estimativas consideravelmente mais elevadas quando são contabilizadas as mortes posteriores devido à exposição à radiação. As duas únicas bombas nucleares lançadas até ao momento foram-no pelos EUA.


2016 08 06 Foto victor nogueira - em  Lisboa 1963 09 10

Em 1963/64 estive um ano a estudar no Porto e assisti à inauguração da Ponte da Arrábida, sobre o Rio Douro. Por essa altura, no Verão, com o meu avô Luís, passámos parte das Férias Grandes nas Termas de Monte Real com final em Lisboa. É dessa altura esta foto que tirei do Castelo de S. Jorge, ainda a Ponte sobre o Rio Tejo estava a ser construída. Em 1966 estava de novo em Portugal, para frequentar o curso de Economia, tendo então e pela TV  assistido à sua inauguração.  Sobre a Ponte 25 de Abril "falo" em 

em torno da ponte 25 de abril

***

2021 08 06 Conta a lenda que Salazar não teria visto com bom grado que dessem o seu nome à Ponte que uniu Lisboa a Almada. Vale como lenda, porque sendo um homem todo poderoso, se o tivesse mesmo querido, outro teria sido o primitivo nome de baptismo. Outos eram os tempos, mas Cavaco preferiu  ... Vasco da Gama.

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2021 08 06 Haja "esperança"! Mas depois de Soares ter considerado Spínola pelos «feitos de heroísmo militar e cívico e por ter sido símbolo da Revolução de Abril e o primeiro Presidente da República após a ditadura», faria enCosta PS um pisca à esquerda, relembrando os Governos de Vasco Gonçalves? Haverá generosos pequenos almoços grátis com o Expresso? (VN)


Ele há cada uma
 Uma efeméride
 bem chocha


No Expresso, claro !
Que o Expresso e a SIC celebrem os 40 anos da formação do governo Balsemão é coisa que se compreendia pois patrão é patrão. Agora que o primeiro-ministro e secretário-geral do PS promova  uma tal comemoração já é coisa bastante estranha. Ou talvez não. Por maioria de razão, ainda vamos ver António Costa a promover em 2023 uma cerimónia de comemoração dos 40 anos do governo do bloco central  PS+PSD.

https://otempodascerejas2.blogspot.com/2021/08/ele-ha-cada-uma.htm
***

Foto Luís Tobias


Luís Tobias, foto Victor Nogueira


quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Textos em agosto 05

 * Victor Nogueira

De mil cadeias te vestes
em sarilho de costumes
e na areia não te despes.
Envolta em mil queixumes
que doutros fazes os teus
permanent'escravidão.
São teus filhos corifeus,
que liberdade não dão.
Sem revolta, com presteza,
a eles dizes que sim;
sábios, em sua sageza,
te calam o clarim.
A vida breve escorrendo,
com o fadário em ti,
e aos poucos vou morrendo,
esperando em vão aqui.
São aos milhões as cem tretas
que tecem com suas teias,
sem ar, sem vento, sem letras,
com bem trémulas candeias
2014.08.05 Paço de Arcos


2015 08 05 maria emília e manuel - Porto e Palácio de Cristal (1943) - no tempo em que o futuro era esperançoso e primaveril - suponho que os meus pais se fotografaram um ao outro e que nas mãos do manuel está o livro dos finalistas de engenharia. A minha mãe só terminou o curso dela no ano seguinte, só depois embarcando para Luanda, onde o meu pai já se encontrava, onde se foi juntar aos meus avós e tios paternos, pois o meu avô era químico-analista nos laboratórios da Fazenda (açucareira) Tentativa (Caxito), nos arredores de Luanda.


2018 08 05 Foto victor nogueira - Há muito que as andorinhas desapareceram de Setúbal e aqui na Lanchoa as gaivotas, em voos rápidos, planados ou batendo as asas, vão expulsando os pombos, que por vezes pousavam nos parapeitos das minhas varandas, imóveis ou andando com a cabeça a dar-a-dar. Este é um deles, mas não o pombo correio que uma vez e durante a noite, cansado, se abrigou na minha cozinha. partindo mal alvoreceu.


2018 08 05 Não é propriamente o Vale da Morte ou a Bigorna do Inferno. Não é nada que quem tenha vivido nos trópicos não conheça, semanas ou meses seguidos.
Mas o corpo ´é um suadouro como se mil aguaceiros com "sapore di sale" de nós brotassem, as gotas escorrendo como se moscas varejeiras fossem. E nas torneirads a água jorra não fresca mas como se caldo salobro fosse.


Sapore di sale * - Gino Paoli


Sapore di sale, sapore di mare
Che hai sulla pelle, che hai sulle labbra
Quando esci dall'acqua, e ti vieni a sdraiare
Vicino a me, vicino a me
Sapore di sale, sapore di mare
Un gusto un po'amaro di cose perdute
Di cose lasciate lontano da noi
Dove il mondo è diverso, diverso da qui
Qui il tempo è dei giorni che passano pigri
E lasciano in bocca il gusto del sale
Ti butti nell'acqua e mi lasci a guardarti
E rimango da solo nella sabbia e nel sole
Poi torni vicino e ti lasci cadere
Così nella sabbia e nelle mie braccia
E mentre ti bacio sapore di sale
Sapore di mare, sapore di te
Qui il tempo è dei giorni che passano pigri
E lasciano in bocca il gusto del sale
Ti butti nell'acqua e mi lasci a guardarti
E rimango da solo nella sabbia e nel sole
Poi torni vicino e ti lasci cadere
Così nella sabbia e nelle mie braccia
E mentre ti bacio sapore di sale
Sapore di mare, sapore di te

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Bento Jesus Caraça, Intervir, Ensinar e Aprender!


* Victor Nogueira    

Nascido há 120 anos, no Alentejo, Bento de Jesus Caraça, filho de gente modesta, teve a sorte, naquele tempo, de quem se apercebesse da sua grande capacidade intelectual e lhe favorecesse prosseguir estudos muitíssimo para lá das primeiras letras, obtendo a licenciatura no então Instituto Superior de Comércio, de que viria ser professor catedrático na área das Matemáticas, até ser demitido pelo Governo de Salazar, como sucedeu a muitos outros intelectuais. (1). 

Desde sempre com uma intensa intervenção social e cívica, militante do Partido Comunista Português, interveio nos movimentos oposicionistas, como o Socorro Vermelho, MUNAF e MUD (2), sendo fundador de várias associações científicas e da Gazeta da Matemática, para além da Biblioteca Cosmos, de divulgação científica e cultural (3).

Esta foi concebida de acordo com o seu pensamento como actor social, definido em muitos das suas intervenções, como as Conferências “A Formação Integral do Individuo Problema Central do Nosso Tempo” e “Escola Única”. Defendia que o conhecimento não pode ser privilégio de alguns, mas sim ser largamente disponibilizado às massas populares, preconizando a existência da escola pública universal, gratuita e de qualidade. Nesse sentido participou também nas actividades da Universidade Popular Portuguesa, fundada em 1919, que veio a ser extinta em 1933, na sequência do Golpe de Estado de 1926. (4)

Vigiado e preso pela PIDE, com a saúde debilitada, Bento de Jesus Caraça faleceu, prematuramente, em 1948. Depois de Abril o seu nome foi dado à escola de Formação Profissional da CGTP, tendo sido inaugurada a sua Casa-Museu em Vila Viçosa, em 2013.

(1)   maismemoria.org/mm/2011/11/25/notas-biograficas-dos-investigadores-e-docentes-alvo-de-depuracao-politica-das-universidades-portuguesas-pelo-estado-novo/

(2)   arquivos.rtp.pt/conteudos/legal-q-b/

(3)   webpages.ciencias.ulisboa.pt/~ommartins/seminario/bento%20caraca/biblioteca.htm

(4)   webpages.ciencias.ulisboa.pt/~ommartins/seminario/bento%20caraca/universidade.htm


Jornal do STAL 119 – 2021 Junho



Textos em Agosto 03

 * Victor Nogueira

2013 08 03 DOS JORNAIS

*  Miguel Relvas vai assumir o cargo de Alto Comissário da Casa Olímpica da Língua Portuguesa, criada no Brasil

* Miguel Relvas vai ajudar Casa Olímpica da Língua Portuguesa a divulgar cultura

*  Miguel Relvas, o ministro que se demitiu por causa da turbo-licenciatura que foi oficialmente anulada, vai ser Alto Comissário da Casa ...

* Miguel Relvas vai promover Português e cultura no Brasil

*  O ex-ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares Miguel Relvas vai ser alto comissário da Casa Olímpica da Língua Portuguesa no ...

IMAGEM RETIRADA DE

 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=701168686575951&set=a.583312688361552.154143.583260545033433&type=1&theater

EM TEMPO - Sem que me caiba qualquer responsabilidade. qualquer semelhança com a realidade é pura "coinssidêmssia"

2017 08 03 Hip Hip Hurra ! Descobri como se fazem cópias de segurança dos Blogs. Assim, não perco por acidente 10 anos de trabalho em 10 blogs pessoais e mais 1 "escondido" [escrito a dois, mas a Raposinha abalou] e deste modo posso começar a pensar em "tratar" com mais facilidade as minhas produções literária e fotográfica. Hip Hip Hurra !,

O inFaceLock também permite fazer cópias de segurança, mas são  muito mais limitadas.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

150 anos da I Internacional e 50 anos da CGTP-IN


* Victor Nogueira

A Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) ou I Internacional, criada em 1864, é a 1.ª organização operária internacionalista, reunindo diversificadas correntes ideológicas da Europa e dos EUA. Karl Marx, que redigira os Estatutos, proferiu o discurso inaugural (1) (2)

 

A AIT, onde participaram movimentos camponeses, teve um papel crucial na organização do movimento operário, desenvolveu a consciência internacionalista de classe, lutou pela jornada de trabalho de 8 horas e reivindicou a igualdade entre homens e mulheres (3). Membros seus participaram na Comuna de Paris (1871), alvo de sangrenta repressão.

A organização cindiu-se em 1872, fruto da divergência entre as vias reformista e revolucionária, sendo dissolvida em 1876. Mas o seu legado foi assumido e continuado pela II (1889/1916) e pela III Internacional (1919/1943).

Há 150 anos, a I Internacional contacta os socialistas portugueses para a criação da Associação dos Trabalhadores da Região Portuguesa, apoiando as lutas operárias e contribuindo para a fundação do Partido Socialista Português (1875/1933).

Em Portugal houve um crescendo nas lutas operárias desde o séc. XIX, movimento que apoiou a implantação da República, em 1910.  O golpe militar de 1926 levou à violenta repressão sobre as organizações operárias, com restrição de direitos e liberdades, proibição de partidos políticos e formação de sindicatos “corporativos”, de “conciliação de classes”, o que não impediu a continuação das lutas dos trabalhadores, com intervenção activa do PCP, fundado em 1921, incluindo manifestações e greves por melhores condições de vida e de trabalho.

Em 1971, vários sindicatos fundam a Intersindical (actual CGTP) e aprovam, em 1972, o Programa Básico, no qual exigem as liberdades e direitos de reunião, associação, negociação e sindical, incluindo o direito à greve, entre outros. (4)



(1)            www/snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300844724_ARQUIVO_ArtigosobreMarxeaComunadeParis.pdf

(2)            www/marxists.org/portugues/marx/1864/10/27.htm

(3)            analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223913233Q1vMV4bm8Dx81FA4.pdf

(4)             www.cgtp.pt/











Jornal do STAL 120 - 2021 09

Textos em agosto 02

 * Victor Nogueira





2013 08 02 Esta gente, mandantes e manageiros, não é gente da alta. É  o lumpen da burguesia, na desumanidade.

As que brincam aos pobrezinhos. Os que mandam aguentar, ai aguentar. Os que mandam emigrar, mas não saem da sua zona de conforto (no Governo, nos conselhos de administração, em off-shores), os que chamam piegas aos portugueses (m/f) quando sempre foram os meninos da mamã e os queixinhas na escola ("não fui eu, sessôra, foi aquele"),  os que acham que o desemprego é uma nova oportunidade para melhorar de vida, os dos que dos sem abrigo apenas conhecem aqueles que dormem no pórtico do seu banco da usura enquanto a polícia os não  enxota (aos  sem-abrigo, naturalmente). As que vivem da caridadedezinha noutros bancos que enchem a bolsa do grande patronato. Aqueles que mandantes ou simples manageiros consideram a humanidade descartável, incluindo que entre o diabo e o inferno escolhem o grande patronato, como seguro ugt. (VN)

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Escreve Pacheco Pereira no Abrupto

«A dama Espírito Santo que disse ao Expresso que os da sua laia, os ricos, iam para a Comporta “brincar aos pobrezinhos”, também vale pelo que vale. Zero. Mas já que a dama gosta de brincar “aos pobrezinhos”, então vamos brincar a sério. Vamos atribuir casa no Barreiro à dama, num dos dormitórios lisboetas que ali se fizeram há vinte anos, dar-lhe, vá lá, mais do que o salário mínimo nacional, 600 euros brutos, por exemplo, dar-lhe um emprego em Lisboa, num lar da Misericórdia, numa cantina, que é o que faz quem ganha esta fortuna, um marido a preceito, talvez funcionário da Câmara, mil euros brutos, dois filhos que está bem para a natalidade da classe dos ricos, agora a brincar aos pobrezinhos. Depois, acordamos todos os dias a dama, às 6 da manhã, merenda para os meninos, barco, autocarro, oito horas de trabalho, mais autocarro e barco e fazer o jantar. Aturar o marido, os filhos, limpar a casa. No dia seguinte, a mesma coisa, no dia seguinte, a mesma coisa. Um ano a “brincar aos pobrezinhos”, e aos “pobrezinhos de cima, porque os pobrezinhos de baixo estão na limpeza e no desemprego. Um ano. Sem Xanax. Ao fim do ano, volta para a Comporta. As mãos não são as mesmas. O cabelo não é o mesmo. A roupa não é a mesma. O marido e os filhos não são os mesmos. A cabeça? Não sei. Mas também não deve estar na mesma. Um ano a 600 euros não ajuda a querer “brincar aos pobrezinhos”. Agora já podem dar-lhe o Xanax, o Valium, o que quiser. Vai precisar.»


2015 08 02 foto victor nogueira - estuário do rio sado e serra da arrábida

Está Penélope liquefeita

desfibrado o pensamento

sem vir a hora escorreita

que branqueie o vento


Pé ante pé pela estrada

segue feliz o riacho

busca a foz, a entrada,

que não seja em capacho


Está o ar de suão, abafado

sem eira nem beir'a verve

que lânguida de cansado

não arrefece nem ferve

Setúbal  2015.08.02