Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

inFaceLook ou inFaceLock !

 

inFaceLook ou inFaceLock !

por Victor Nogueira a Segunda-feira, 31 de Janeiro de 2011 às 10:30
* Victor Nogueira

LOL. Isto do inFaceLook ou inFaceLock é um vazio de zapinggs e "amizades" ou entusiasmos na maioria como fogos fátuos, estralejantes e tudo muito light e pela rama como a efémera espuma dos dias !

                        Ser amigo é colorido presente
                        Ao darmos nossa mão, sem maldade,
                        Mantendo a vera luminosidade
                        Do silêncio ou do verbo assente.

                        Na tarde calma, serena, luzente,
                        Ou de noite, dia sem claridade,
                        É uma dádiva, felicidade,
                        Esta da vigília ser não dormente.

                        Amigos têm vária feição:
                        Dão-nos sua tristeza ou alegria,
                        Compartilhando bons e maus momentos.

                        Velho, novo, mulher, homem, bem são;
                        Na estrada e no dia-a-dia
                        Nem sempre atentos, prontos, nos tormentos.
.
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1989.09.03 (3)
[1989.12.22]
Setúbal

                               Ser amigo ou amante

                               Terra construída
                               feita                   de
                                                          portas que se não fecham
                                                          janelas que se abrem
                                                                          rasgadas ao sol
                                                                          á   chuva
                                                          ou nas noites do lobisomem
                                                                       plenilúnio da sereia
                                                                       a sombra refrescante
                                                                       brisa     no campo sem       fronteiras

                                Presente
                               a presença
                                                          atenta
                                                         necessária
                                                         livre
                               resguardada
                               sem muros nem barreiras


Abril de 1995

Rien que la verité



Eu sou eu
tu és tu
ele é ele
ela é ela
tudo o resto é ilusão e/ou
ingénua boa vontade




Victor Manuel



Que é a verdade?




1971.JAN.26
Évora




Neste jogo de palavras
e de gestos comedidos
Aqui
neste canto da cidade
preso à roda do leme
em sonhos
que sonho em ti
busco o passado que não fui
no futuro que não serei


suspenso do teu andar


Arde-me o sangue nas veias
neste fogo vento suão
murmúrio do teu sorriso
verde brisa na planura
fresca do teu olhar



Setúbal 1985.07.23


No beiral da minha porta
Veloz mal vieste a poisar
E debicando na horta
Tu partiste sem cuidar.

 1992.03
SETUBAL

CANÇAO DE RODA


Uma semente
Dentro da semente
Uma seara
Para lá da seara
Uma barca


Uma rapariga
Para lá da rapariga
Uma floresta
Em torno da floresta
O sol e o mar


Um homem
Dentro do homem
Uma criança
Para lá da criança
uma aguia


Uma leoa
Dentro da leoa
Uma águia
Para lá da águia
Uma sereia ao luar de Agosto


Uma semente
Para lá da semente
Uma rapariga
Em torno da rapariga
O sol e o mar


Um homem
Dentro do homem
Uma leoa
Para lá da leoa
Uma barca aparelhada


19.11·94
SETUBAL


CALENDÁRIO



Uma cidade
No meio da cidade
Uma rua
No cimo da rua
Uma casa
Dentro da casa
Uma flor
Em torno da flor
Um jardim
Perfeito um amor
girassol
malmequer
muito
pouco
nada
Uma pétala
No meio da pétala
Um sorriso
Em torno do sorriso
Uma lágrima
Dentro da lágrima
Uma saudade
água e
cloreto de sódio
Uma palavra
No meio da palavra
Uma luz
Para lá da luz
Uma sombra
No meio da sombra
Um deserto
Uma cisterna de pedra e
areia
Muitas palavras
No meio das palavras
Uma alvorada alvoreada na planície

Para lá da planície uma árvore
Em torno da árvore
Uma rosa verde papoila.

1989.Novembro.03 - Setúbal

Dizem que os livros são os nossos melhores e maiores amigos.
Mas os livros não se sentam á nossa beira,
nem tem olhos, nem sorriem
nem nos abraçam,
nem connosco passeiam pela rua, pelo campo.
Nada podemos dar aos livros
senão as letras dos nossos pensamento ou
um pouco de nós
 para que chegue aos outros.

Os livros têm os olhos que nós temos.
E os seus lábios são os nossos lábios.
Porque se os livros tivessem olhos
e lábios e mãos e dedos
seriam talvez pessoas
mas nunca livros.

Évora
1969.Março.19


SEM A VENTURA

Tu foste a esperança
em que mergulharam meus dias sequiosos
Esperança feita de pequenos nadas
Um sorriso
Uma palavra amiga
Um gesto de alegria!
Mil pássaros nasceram nos teus lábios!
Mas hoje
hoje
escuto nas tuas mãos
o silêncio dos campos destruídos
enquanto um navio sulca
lento
um deserto de flores esmaecidas!

1988.01.04
Setúbal


Sorriste e
na tua voz
os pássaros vieram de longe
pensando que era madrugada!

1992.03.10
Setúbal


Rio canto e choro
    e todos os dias respiro o ar que me rodeia
    com a limitação dos grandes sonhos
    imaginações feitas de nada
    Sustenho os gestos e as palavras
    ou deixo que elas nasçam
    rodeados de mil cautelas
    sem o desassombro da aventura e do risco plenos
    Resguardo os gestos e
    lanço as palavras ao vento
    para que um novo dia surja
    no horizonte
    mas na orla das ondas vem a ressaca
    de estar aqui
    de olhos secos
    silencioso
    como a esfinge no deserto
    Rasgo o peito e as palavras
    e nem uma gota de sangue cai
    dentro de mim
    Abro o riso e as mãos
    as aves passam de longe e
    os rios correm
    silenciosamente para o mar
    As vozes dos marinheiros passam no horizonte
    enquanto sonho e luto e te procuro
    mergulhado na multidão que está e permanece
    para além de mim
    .
    .
    FIM 1989

7. E João Bimbelo caminhava pelos caminhos da vida em busca de coisa nenhuma. Pensava nela por vezes com uma grande ternura e acordava no silêncio da madrugada com um desejo sufocante do ouvir o seu sorriso, ver a sua voz, sentir a carícia do seu corpo de mulher apetecida. Mas os seus dedos e os seus lábios não a encontravam e a madrugada era um poço sem fundo e o tempo cada vez mais curto. .
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Nas suas longas caminhadas João por vezes entrevia uma janela aberta, uma porta mal fechada, uma luz para além da curva da estrada. E o coração de João vestia-se com os melhores fatos e o seu andar tornava-se leve e fresco e as palavras eram um rio a cantar. Mas era tudo uma ilusão, porque a imaginação dos homens não tem limites e os gestos e as palavras ora são límpidos como cristal translúcido, ora um cristal multifacetado, ora um espelho baço de mil imagens e sons, mesmo se adornado com as cores do arco íris.
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E João procurava Aquela Cujo Nome Se Não Desvenda, volúvel como o vento, contrastante como o dia é da noite sem luar, e perante o seu silêncio e as suas fugas em redondel, ficava João sem norte como navio no mar alto em dia de tempestade, como frágil pardal de asas cortadas sem nada de águia altaneira, como cana agitada pela mais leve brisa sem a solidez do roble centenário. Estados de alma que se não perdoam a guerreiros vestidos com suas armaduras que nunca devem despir, mesmo se cansados da guerra, mesmo quando perdidos ou cavalgando no meio das quentes areias do deserto (porque os cavaleiros não andam pelos gelados desertos polares).
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E João procurava de novo pôr a máscara, erguer as muralhas, tapar as fendas e os interstícios nela abertos por onde entravam em golfadas crescentes a fragilidade, o desamparo e a tristeza que afogam o coração mesmo dos mais fortes se não mudarem de rumo em busca de portos e marés onde os dias sejam tudo menos uma noite cinzenta, fria, triste e sem esperança.

E DE REPENTE É COMO SE TODAS AS ESTRELAS SE APAGASSEM

     De repente é como se todas as estrelas se apagassem ficando o cansaço e a velha vontade, por vezes renascida, de partir para longe, de apagar tudo, como se fosse possível recomeçar tudo de novo, rasgando o que escrevera, lixo para lançar aos quatro ventos, porque não ria, nem chorava, nem tinha uma pedra no lugar do sentir pelo qual se deixara envolver.
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         Estava assim porque o tinha considerado seu igual e confiara nele e com ele procurara falar sem reservas. Parecia contudo evidente que ele jogava à  defesa e que as palavras seriam para ele fogo de artificio e manobra de diversão por detrás das quais se escondia e protegia. Assim o julgava, apesar de poder considerar-se má leitora dos factos e dos gestos, como outrora o fora de outras pessoas, nuns casos porque se ficara pelas palavras, noutros, como no presente, por ter procurado "ler” para além delas.
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    Talvez a considerassem presumida porque em determinada altura do seu  relacionamento não acreditara em tudo o que ele lhe dizia, relativamente a ela  própria e aos sentimentos que afirmava nutrir por ela: seria uma presunção diferente da que ele tinha, porque ela perante ele se descobrira, talvez cedo e desajeitadamente demais, talvez porque tivesse lido nele aquilo que desejara ler. E assim, conhecendo-lhe os sentimentos dela, seria levado a pensar que lhe bastaria dizer quem era para que ela largasse o trabalho ou interrompesse a reunião para atendê-lo ao telefone, fosse do emprego, fosse da casa onde morava.   Era simultaneamente verdade e mentira afirmar que pouco ou nada lhe  interessava saber se ele estivera, estava ou algum dia poderia vir a estar "enamorado” por ela. Era de presumir que fosse adulto, crescido, responsável; então porque não haveria de acreditar no que ele lhe dizia e deixar-se de "poesias" e de imaginações!?
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     Recordava-o por vezes com uma grande ternura mesclada de inquietação e  desassossego. Lembrava-se das primeiras vezes em que o vira, quando procurava  conhecê-lo, e de como se encantara por ele. Recordava-se das vezes em que pretendera envolvê-lo numa longa e doce caricia ou o desejara como um homem pode ser desejado por uma mulher. Como esquecer a rede em que se deixara enlear, que ele muitas vezes parecera também tecer e outras rompera? Recordava o seu jeito gaiato, sorridente e brincalhão, sem esquecer os desencontros e as vezes em que ele disparatara ou faltara sem dizer água vai, apesar da importância que ela, parvamente, dera à sua presença e companhia.
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     Ele dizia-se amante da liberdade e no entanto não poucas vezes desrespeitara a dela, deixando-a a falar sozinha, com a refeição fria ou o fim de semana “estragado". Ele dissera preocupar-se com o efeito que os seus actos e as suas palavras poderiam provocar nos outros, por recear e não querer magoá‑los, mas não poucas vezes a magoara, sem que ela soubesse verdadeiramente distinguir quando falava a sério ou na brincadeira ou se estava apenas desatento por feitio ou preocupação. Não podia esquecer-se das vezes em que ele lhe entrara pela casa dentro, enchendo o ar de poalha dourada e refrescante, libertando a sua fragilidade, como ave inquieta na brisa que ela era.
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    Recordava-se disso e de muitas coisas e palavras, que gostaria tivessem (o)corrido ou acontecido de outro modo. E lembrava-se de algumas cartas, poucas, duas ou três, que lhe escrevera, arrumadas no fundo duma qualquer gaveta, porque resolvera deixar sedimentar as palavras, que deste modo, com o decorrer do tempo, haviam perdido o sentido e a oportunidade. Pensava ser natural que os homens e as mulheres procurassem uns nos outros amizade, ternura e carinho, considerava natural que os homens e as mulheres se sentissem mutuamente atraídos por serem de sexos diferentes ou que, se fosse caso disso, pudessem ir para a cama um com o outro, dum modo saudável, sem táximetro e tabela de preços consoante o serviço.
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    Mas nem sempre acontecia o que deveria ser natural, não poucas vezes porque muitas e variadas razões levam a renegar, condicionar, proibir e "regulamentar" a sexualidade e as suas manifestações duma forma que nada tinha a ver com a expressão saudável da vida.
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      E fora como uma expressão de vida e um cântico de alegria que ela o considerara, de forma aberta. No entanto e talvez demasiado cedo partira, quando em vão por ele esperara, para logo de seguida considerar o amor um bem que suaviza, quando alguém afaga a nossa vida, o que lhe dissera inopinadamente. 
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      Há na vida um tempo e uma ocasião para tudo e para cada coisa, segundo expressava um belo poema judaico, e por isso talvez as palavras e os sentimentos dela tivessem sido expressos demasiado cedo.
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      Entendia ser natural que o desejasse como natural seria que outros homens a desejassem, mas não ele, que até era um homem que sabia "provocar" as mulheres, que a "provocara" não poucas vezes, embora dum modo que na altura lhe parecera "natural", sem maldade.
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       Contudo, o passar dos dias e os "desentendimentos” pelo que talvez fosse ou tivesse sido por ambos desejado fazia com que ela pensasse já não ser natural que ele "provocasse" e amesquinhasse (consciente e deliberadamente ou não) quem "provocara" (por ela não o entender), apenas porque teria tido com a mulher com quem vivera experiências, isto é, vivências, humilhantes ou perversas, gerando situações que ambos não haviam conseguido ultrapassar (supondo que ele desejaria ultrapassá-las), por preconceito ou falta de simplicidade ou por utilizarem gestos e códigos diferentes. Situações que não haviam logrado superar em busca da amizade, do amor, da ternura, do prazer, da paz ...
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         É um facto que fora por ele seduzida e que, ao considerá-lo seu igual, procurara sobretudo a sua amizade. Mas tendo ambos códigos e chaves de leitura diferentes, só veramente poderiam saber quem eram através da convivência, para descobrir o que estava para lá das categorias redutoras que (des)ajudavam ao entendimento das pessoas. Porque ele falava nas mulheres dum modo simplista, cómodo, mas irreal (são todas iguais, logo são todas tratadas da mesma maneira); outros falariam nos homens (são todos iguais, andam todos ao mesmo, logo devem ser todos tratados da mesma maneira).
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    E no entanto, por temperamento, vivência e "leitura", ela sabia que há  homens e mulheres, com características comuns, é certo, mas que para além disso cada pessoa tem as suas características próprias, especificas, da sua cultura e  classe social; para lá das "cómodas” categorias e definições redutoras ela procurava o que existe de próprio, de pessoal, fosse no Zacarias ou na Carlota, fosse na Maria ou no Manel, independentemente de se não empenhar em "convencer”  as pessoas, o que por vezes em nada facilitava a sua relação com outrem.
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     Falava com as gentes, é certo, mas não como apóstolo; buscava aquelas com as quais se identificava, afastava-se das que nada tinham em comum com ela naquilo que reputava essencial, aceitava e tolerava as outras.
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      Sendo assim, é natural que tenha pensado e lhe tenha dito "gosto deste  homem, gosto dos filhos dele, postaria de com ele viver e compartilhar o dia-a-dia". É natural que ele lhe respondesse ter outros objectivos prioritários na vida e que ela estava à margem deles, apesar dela o considerar seu igual e procurar respeitar a sua liberdade. Admitia contudo que algumas vezes os seus gestos e atitudes para com ele pudessem parecer desmenti-la, apesar de serem também condicionados pelos gestos e atitudes dele. Admitia pois que ele quisesse provar que sozinho poderia triunfar, sem a solidariedade dos outros, e que ela o desejava "controlar", a ele que estava farto de prisões, pressões e bofetões; por isso talvez tivesse sido erradamente levado a pensar para consigo mesmo que o paleio é sempre igual e que no princípio são tudo rosas e arco-íris, para lá dos quais surgem os espinhos e as tempestades e os ventos ciclónicos.
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    Tudo bem, continuaria ela a pensar, ninguém a mandara ser apressada, sem  dar tempo ao tempo, embora depois os erros se possam a vir a pagar raro, face à brevidade da vida e à impaciência dos mortais. É natural que os sonhos" não sejam os mesmos para todos, é "natural" que para algumas pessoas fique a nostalgia dos sonhos que se sonharam mas não viveram ou falharam. Afinal os sonhos nem sempre são pesadelos e por isso podem também  ser a expressão dos anseios com vista à concretização, talvez por vezes dum modo errado e desajustado, dos desejos de uma vida diferente, melhor, mais cheia e saborosa.
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    Como a que ela pensara encontrar nele e retribuir-lhe!

Setúbal 1990.03.19/20          

(Victor Nogueira, sobre uma epístola de S. Sebastião aos gentios, em 4 de Outubro de 1989, a D.)
Foto Victor Nogueira
Foto Victor Nogueira - Barcarena - antiga fábrica de pólvora

domingo, 30 de janeiro de 2011

Auto-retrato em passatempo - Victor Nogueira

 
* Victor Nogueira



Com nariz grande, olhar estrelado,
Baixo, cabelo negro, ondulado,
Magro, moreno, mui desajeitado,
Nada ou p'la vida sempre perdoado.

Buscando amizade, mau achado,
Agindo calma ou mui despeitado,
O êxito logrou, mal torneado,
Com persistência e pouco alegrado.

Tolerante, mas não libertário,
Conduzindo, longe da multidão,
Na vida procurando liberdade.

Em tudo mal, buscando seu contrário,
Com ar sério ou risonha feição,
Mal sente, co'a razão, felicidade.
,
1989.09.10 - Setúbal
 
.
.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Ser amigo ou amante - Victor Nogueira

* Victor Nogueira                       

                               Terra construída
                               feita                   de
                                                          portas que se não fecham
                                                          janelas que se abrem
                                                                          rasgadas ao sol
                                                                          á   chuva
                                                          ou nas noites do lobisomem
                                                                       plenilúnio da sereia
                                                                       a sombra refrescante
                                                                       brisa     no campo sem       fronteiras

                                Presente
                               a  presença
                                                          atenta
                                                         necessária
                                                         livre
                               resguardada
                               sem muros nem barreiras

sábado, 22 de janeiro de 2011

Nas últimas 24 horas este Kant_O terá estado de castigo?

Victor Nogueira
Nas últimas 24 horas este Kant_O terá estado de castigo?
há cerca de uma hora · Privacidade:Amigos de amigos · GostoNão gosto · Comentar

*
*
Alice Coelho gosta disto.
*
o
Alice Coelho é o mais provável...:-)
há cerca de uma hora · GostoNão gosto
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Odete Maria Botelho Botelho Pois é amigo Kant:::)))
há cerca de uma hora · GostoNão gosto
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Victor Nogueira Olá, Alix Pois. A democracia tem limites e os comunistas comem criancinhas e dão injecções aos velhotes atrás das orelhas. Ao pé deles Cavaco, Alegre, Sócrates e comandita são anjos beneméritos LOL
há cerca de uma hora · GostoNão gosto · 1 pessoaA carregar...
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Joao Garcia nas próximas 24 vais reflectir...
há cerca de uma hora · Não gostoGosto · 1 pessoaA carregar...
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Alice Coelho ahahhahaha
só mesmo tu para me fazer rir....
há cerca de uma hora · Não gostoGosto · 1 pessoaA carregar...
o
Joao Garcia depois ficas mais um mandato de castigo...
há cerca de uma hora · GostoNão gosto · 1 pessoaA carregar...
o
Odete Maria Botelho Botelho Infelizmente nada vai mudar...é o fim a chegar:::)))))
há cerca de uma hora · GostoNão gosto
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Joao Garcia its the end etc etc isso lembra-me uma musica dos Doors. Mas estou em condições de garantir que muita coisa vai mudar nos próximos tempos.
há 58 minutos · GostoNão gosto
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Victor Nogueira Olá Odete - Kant_O
há 49 minutos · GostoNão gosto
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Victor Nogueira Olá, João, sê bem aparecido :-)
há 48 minutos · GostoNão gosto
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Victor Nogueira
João, Já estou de castigo vai para 8 mandatos seguidos aque sou anualmente re-eleito para a Administração do Condomínio, como Administrador vitalício. E como dizem que a Administração está bem entregue e moro no 9º e último andar e preciso ...dos elevasores a funcionar ...
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LOL. Mas em Évora tinha vista para uma parece dum prédio e para a ANP e agora moro no cimo duma encosta com o horizonte sem barreiras e um parque verde à saída da porta. Muita cinza de papel queimado a ANP fez entrar pela janela do meu quarto a seguir ao 25 de Abril, em Évora LOLVer mais
há 41 minutos · GostoNão gosto
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Victor Nogueira
Ai, Odete, mulher de pouca fé ! Nem pareces tripeira e dragoa !
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Nada é impossível de Mudar
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"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar." (Brecht)
há 35 minutos · GostoNão gosto · 1 pessoaA carregar...
o
Victor Nogueira Lês, Odete, o João tem uma varinha de condão ou uma bola mágica. :-)
há 33 minutos · GostoNão gosto · 1 pessoaOdete Maria Botelho Botelho gosta disto.
o
Odete Maria Botelho Botelho Era bem preciso uma varinha de condão para varrer esta podridão toda que nos governa:::)))Beijos Kant::)))
há 15 minutos · GostoNão gosto
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Victor Nogueira Kant_O !!!!
Está aqui a explicação, Odete :-)
há 14 minutos · GostoNão gosto
o
Victor Nogueira
Do tempo em que Manuel Alegre era a Voz da Liberdade, antes de passar ao caixote do lixo e mudar de barricada
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Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
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Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
...Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.Ver mais
há 11 minutos · GostoNão gosto
o
Odete Maria Botelho Botelho Há do tempo em que o Manuel Alegre era a voz da Liberdade...e agora o que é???Apenas quer tb o tacho:::))))
há 10 minutos · GostoNão gosto
o
Victor Nogueira Do tempo em que Manuel Alegre era a Voz da Liberdade, antes de passar ao caixote do lixo e mudar de barricada
há 4 minutos · GostoNão gosto
o
Victor Nogueira
Agora é um pavão, charlatão, de cravo vermelho ao peito
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Cravo Vermelho ao peito
A muitos fica bem
Cravo Vermelho ao peito
...A muitos fica bem
Sobretudo faz jeito
A certos filhos da Mãe
Sobretudo faz jeito
A certos filhos da Mãe
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Não importa quem eles eram
Não importa quem eles são
Nem todo o mal que fizeram
Mas sempre a bem da Nação
Nem todo o mal que fizeram
Mas sempre a bem da Nação
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Refrão
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E chegado o dia novo
Chegada a bendita hora
Vestiram uma pele de povo
Ficou-lhes o rabo de fora
Vestiram uma pele de povo
Ficou-lhes o rabo de fora
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Refrão
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E aquele adminstrador
Promovido a democrata
Sempre exaltou o suor
Arrecandando ele a prata
Sempre exaltou o suor
Arrecandando ele a prata
Sempre exaltou o suor
Arrecandando ele a prata
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Refrão
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Também veio o fura greves
Lacaio dos senhores de então
Pois pode bem ser que às vezes
Se arranje um novo patrão
Pois pode bem ser que às vezes
Se arranje um novo patrão
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Refrão
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E os cultores da sapiência
Intelectuais de alto nível
Tranquilizando a consciência
O mais à esquerda possível
Tranquilizando a consciência
O mais à esquerda possível
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Refrão
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José Barata MouraVer mais
há cerca de um minuto
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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"Olha, outro Victor"

Victor Nogueira
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Esta faz-me lembrar que dantes usava barba e um dia resolvi rapá-la e a minha filha, ao tempo com uns 4 anos, ao ver-me exclamou : "Olha, outro Victor" :-)
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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Um homem na Lua e não só - Victor Nogueira



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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Poesia de Eugénio de Andrade

Victor Nogueira 
Eugénio de Andrade, o poeta da simplicidade e da beleza, mas também da nostalgia e do amor, pelo que se não teve ou perdeu !
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domingo, 16 de janeiro de 2011

Goios - Paulo Lobarinhas

 Em 13-01-2011 20:43, Paulo Lobarinhas escreveu:

“Goios - a Páscoa numa aldeia minhota (1974)”



Boa noite,
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Foi com enorme satisfação que li, há duas noites atrás, o seu relato sobre a Páscoa em Goios, aldeia de que sou filho e da qual tanto gosto.
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Em 1974 ainda não tinha dois anos, contudo o relato deste dia de Páscoa faz-me recordar os “Domingos de Páscoa” da minha meninice. É verdade que os “Homens do Compasso” eram sempre os mesmos, Homens honrados da freguesia que tinham orgulho em visitar, com a cruz, os seus conterrâneos.  Pedia-se para São Pedro e São Paulo, para o fogo, o mordomo da Cruz era normalmente o tocador do sino, os meninos da campainha e da água benta eram, aos olhos das outras crinaças, uns privilegiados…
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De início, ao ver a fotografia pensei em duas outras Casas. Só ao ler o texto identifiquei que se tratava da “Casa do Vitorino”.
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Do seu Avô, recordo-me de ouvir falar em pequeno. O meu Pai fora seu amigo e contavam-se lá em casa muitas histórias de idas a desfolhadas com os “Irmãos Bitorinos”. O meu Pai e um Vizinho (ainda vivo) levavam nas suas motorizadas os “Irmãos Bitorinos” às desfolhadas para gáudio destes. São histórias muito interessantes para quem conhecia Goios.
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Quanto aos seus familiares, partilho da opinião de que os simpáticos já lá não moram. O seu Tio Zé, julgo que era assim que se chamava o Senhor de baixa estatura que eu cumprimentava sempre ao ir para a escola, era um Homem típico de Goios, à “moda antiga”. Quando ainda jovem participei numa comissão de restauro de uma casa da freguesia. Este senhor, com quem eu nunca falara antes, tratou-me de uma forma de tão correcta que não mais esqueci. O respeito pelos outros e pelos familiares dos nossos amigos era um valor de elevado para Homens como este.
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Conheci igualmente um primo seu que “mexia em electricidade”. Era um Homem prestável que ajudava os mais novos a construir o Presépio.
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Na minha primária, houve dois “Vitorinos” que foram meus colegas por um ou dois anos. Julgo que vivem em Minhotães.
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Quanto à restante família, conheci uma rapariga da minha idade que frequentava o secundário comigo, tinha vindo do Canadá e tenho um vizinho da minha Mãe, igualmente da minha idade a quem faleceu um irmão há uns anos.
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Gostaria de escrever sobre as “Memórias de Goios” pois julgo que há muita informação importante de uma geração, e das que antecederam, que se vai perder, contudo ainda não comecei a faze-lo.

Cumprimentos,
Paulo Lobarinhas
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Victor Nogueira

 para Paulo


Viva
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Grato pela sua carta e e memórias. Tenho algumas fotos dessa altura, que poderei disponibilizar se nisso vir interesse, caso publique o seu livro.
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Depois da morte do meu avô perdi  contacto com a família Barroso. A casa que figura na foto era de dois primos meus, o Zé, folgazão, e o Manuel, nada minhoto. Tenho mais família em Pedra Furada, mas também perdi  contacto com ela.
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O meu avô era primo de D. António Barroso, que foi missionário em Angola e Bispo do Porto, estando sepultado em Remelhe. Em tempos li que em Remelhe deveria viver uma familiar minha, a quem saiu uma pequena fortuna; estive para escrever-lhe  para tentar re-encontrar a família mas o recorte da revista e o nome dela  perderam-se-me.
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Um abraço
Victor Nogueira
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sábado, 15 de janeiro de 2011

Na rede

* Victor Nogueira
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Pató
no prato
do gato
é rato
na rede
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mui grato
se come
sem fome
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com fome
o rato
sem forma
nem forma
na forca
sem força
na sorna
com sarna
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eleições
manganões
aldrabões
sem alterações
nem manifestações
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Um abraço
em baraço
do ricaço
Um pedaço
bom brocado
mau bocado
enforcado
com pecado
e pescado
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Adeus
Mateus
sem Zeus
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Setúbal 2011.01.15
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Conta-Gotas

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Victor Nogueira Olá, Carmen, a desaparecida em combate, bons olhos te vejam :-)
há cerca de uma hora · GostoNão gosto
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Victor Nogueira Grato, João, fiel comentador desse Canto para este Kant_O :-)
há cerca de uma hora · GostoNão gosto
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Carmen Montesino Desaparecida? Estou por aqui quase todos os dias!
há cerca de uma hora · GostoNão gosto
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Victor Nogueira pois, mas nunca falas comigo ou dedicas posts nem publicas no Ao Sabor do Olhar
há cerca de uma hora · GostoNão gosto
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Carmen Montesino E tu, falas comigo?
há 58 minutos · GostoNão gosto
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Carmen Montesino Nem se pode partilhar nada no teu perfil!!!
há 58 minutos · GostoNão gosto
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Victor Nogueira Não percebo
Vais a ligação e inseres uma hiperligação ou no Estado. Já experimentaste?
há 53 minutos · GostoNão gosto
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Carmen Montesino Não dá, Victor! Tens de alterar as definições!
há 51 minutos · GostoNão gosto
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Victor Nogueira Domingo estudo isso," jura mesmo, senhora, sangue de cristo se não for verdade morra mesmo aqui", traçando um círculo na areia e uma cruz dentro dela, como faziam os negros em Luanda
há 48 minutos · GostoNão gosto
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Carmen Montesino Bem, vou identificar-te numa foto, é o único meio de entrar neste perfil hermético, lol : ))) Estuda lá isso!!!
há 38 minutos · GostoNão gosto
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Victor Nogueira Ok, "minina"
há 37 minutos
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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

CAMINHANTE CAMINHANDO SE FAZ O CAMINHO - Victor Nogueira


 

CAMINHANTE CAMINHANDO SE FAZ O CAMINHO   (1)

 

Em que lugar e tempo sossegarei
A que porto chegarei
Em que ombro descansarei
Este imaginar sonhando
Este buscar sem fim buscando
Este querer não querendo 
Este estar não estando
Este chegar partindo
O caminho que seguirei !?





1986.Maio.03
Setúbal

Caminhante caminhando se faz o caminho (2)


Este imaginar sonhando
Este buscar sem fim buscando
Este querer não querendo
Este estar não estando
Este chegar partindo
O caminho que seguirei!

Em que lugar e tempo sossegarei?
A que porto chegarei?
Em que ombro descansarei?


CAMINHANTE CAMINHANDO SE FAZ O CAMINHO   (3)



d’Este imaginar sonhando
d’Este buscar sem fim buscando
d’Este querer não querendo
d’Este estar não estando
d’Este chegar partindo
d’O caminho que seguirei!

Em que lugar e tempo sossegarei?
A que porto chegarei?
Em que ombro descansarei?



1988.Julho.24
Setúbal


CAMINHANDO INTERROGATIVAMENTE

Caminhando o caminho, bem ou mal,
Partindo a derrota que seguirei,
Em busca daquilo que serei
Usando faladura em areal.

É razão instinto de animal?
Acordado pe(r)di o que sonhei?
Como águia ou pardal não voei
Atolado em verde lamaçal?

Como posso dormir ficando desperto?
Onde vivem o amor e o ódio?
Como fazer a paz estando em fera guerra?

Como afastar do mundo o mar, deserto,
Afastando a dormideira do ópio?
Caminho em busca do sol na terra!

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