«Trova do Vento que Passa»
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
e notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
1 comentário:
Excelente escolha meu Amigo,
A Trova do Vento que Passa marca um tempo, uma época, de escravidão e desgraça, mordaça e desilusão.
Mas, bem vistas as coisas, sempre e em todos os tempos haverá desgraça, mordaça, desilusão e sofrimento.
A escravidão mudou de nome...
Um verdadeiro hino à Liberdade de um Homem/Poeta de corpo inteiro.
Beijo
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