Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

AS PROIBIÇÕES KAFKIANAS NO INFECELOCKED






QUE REGRAS TEREI VIOLADO, DESCONHEÇO, NEM O fb ESCLARECE. REPARO AGORA QUE NÃO É A ÚNICA "PROIBIÇÃO" NOS ÚLTIMOS TEMPOS, MAS Q UE FOI BANIDO E PORQUÊ É UM MISTÉRIO. MESMO SABENDO E RECLAMANDO, NÃO TENHO MEMÓRIA DE ALGUMA VEZ O FB ME TER DADO RAZÃO, REVOGANDO AS SUAS DRACONIANAS DECISÕES,

Receita de Ano Novo




RECEITA DE ANO NOVO - Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegrama?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

sábado, 28 de dezembro de 2019

Gaivotas em terra

* Victor Nogueira



foto victor nogueira - setúbal, gaivotas em terra 25 de dezembro, um dia ameno e límpido, sem tempestades no ar.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Hoje a Mariana celebra 6 meses de vida

* Victor Nogueira

Hoje a Mariana celebra 6 meses de vida e descobertas no chamado Planeta Azul, que esperemos continúe Verde e colorido de Humanidade e de Solidariedade pelos próximos séculos, se não milênios..


cartoon dreamstime.com

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Natais

* Victor Nogueira

1972 - Um Natal em Beja

Pois eu cheguei a Évora ontem à noite, cerca das 23:30, vindo de Beja, onde estive domingo e segunda, em casa dos tios do Camilo e na companhia de mais dez adultos e umas catorze crianças, do recém‑nascido ao Pedro e à Teresa, os mais velhos com os seus treze anos. Aquilo não era uma casa, era um quartel familiar ... que me "adoptou" por dois dias. Por todas as salas não se viam senão miúdos.

Domingo à tarde, horas antes da consoada, andava o Camilo ás voltas com a árvore de Natal e presépio, com a mania das perfeições e de as coisas serem como ele queria. Tenho a impressão que se não fosse o aparecimento da tia Emília, ou aquilo nem para o ano estaria pronto ou o tio Jacinto terminaria aquilo a grande velocidade, sem preocupações perfeccionistas. Sim, que afinal parecia‑me que o Camilo não queria nem deixava fazer, pedindo mas não aceitando as minhas sugestões. Enfim ... Fosse eu romancista e estes dois dias teriam muito peso na minha renomeada.

O mais interessante foi a tia freirinha, a irmã Maria, que se percebi bem saiu pela primeira vez em 24 anos de convento, e que tentava catequizar as crianças com umas prédicas tais que nem ouvidas! Ah!Ah! Os miúdos é que se divertiam depois nos seus grupos, relatando e comentando as suas havidas conversas particulares, e que eu ouvi porque eles são desinibidos por educação - todos me tratavam por tu e por Victor, que é como eu gosto - e também porque não devo ter cara de polícia. Gosto de miúdos e acho que tenho um certo jeito para estar com eles.

Desta vez o João passou o tempo com o "Vitinhas", subindo‑lhe para o colo, fazendo‑lhe imensas perguntas ou mostrando os brinquedos e o modo como funcionavam, brinquedos que, na sua maioria, ao fim do 2º dia já andavam muito combalidos. Entretive‑me com um automóvel electrificado, com comando à distância, o que permitia manobrá-lo em todas as direcções. (MCG - 1972 NATAL)

Victor Nogueira
Natal de calor sufocante, com humidade que colava miríades de gotículas de suor ao corpo, com violentas tempestades, aterradoras trovoadas riscadas de raios, era o de Luanda, com a única maravilha da praia. O Natal, esse ainda era mais faz de conta, um pai Natal enfarpelado quando tudo andava em mangas de camisa, a neve da árvore representada com flocos de algodão ou o esguicho dum spray em bisnaga, o presépio com animais que nunca víramos: carneiros, burros, vacas ....

Era um Portugal de faz de conta onde a única maravilha real era o alvoroço de acordar manhã cedo, a 25 de Dezembro, para desembrulhar as prendas, mais dadas pelo Menino Jesus quase despido que propriamente por um Pai Natal encalorado em desapropriadas vestes. E como vivíamos num Portugal de faz de conta que a nós, angolanos por nascimento e vivência, nada nos dizia, o ano lectivo era igual ao de cá, mas com Verão/calor infernal durante 9 meses e as férias grandes na época "fria"., o "cacimbo" Com o Euromilhões bastava-me um clima temperado como o da costa mediterrânica :-) Dum estrangeiro em Portugal, apátrida, ao contrário do que diz o BI
.
Victor Nogueira
Sabes, a 2ª vez que estive em Portugal. tinha 16 anos e desembarquei em pleno inverno, a caminho dum Porto cinzento, frio e chuvoso, mas com, um calor humano nas ruas que já não existe ou já não sinto. A terceira vez tinha 20 anos e. descia em Lisboa a Calçada da Estrela até Económicas, no Quelhas, transido de frio, noite cerrada ainda às 8 da manhã (em Luanda já era dia às 5/6 da manhã), mal conseguindo falar ou escrever, os lábios e os dedos gelados como prisões, admirado pelas nuvens de fumo saindo pelas narinas dos guarda nocturnos, dos pessoas com quem me cruzava, dos burros ja desaparecidos, puxando carroças, num tempo em que os pobres andavam a pé, de bicicleta ou de motorizada, em cidades onde os automóveis eram ainda uma raridade. Deste País de faz de conta e do meu país falo no poema Raízes
.
Ao fim dum ano em Portugal, tão pequenino, tão mesquinho, tão vistas curtas, o nosso desejo era regressar a África. Mas para mim significava ter de andar para trás, para mudar de alínea e seguir engenharia. Em história falava-se nas largas artérias pombalinas, espantosas ruelas qd as vi pela 1ª vez, face às largas avenidas e ruas de Luanda LOL

Victor Nogueira
E só voltei a sentir calor humano e solidariedade nas aldeias do Alentejo, mas não nas vilas e cidades, onde vivi, nas gentes da Beira Baixa, por onde deambulei, e do Barreiro, onde trabalhei. Fiquei em Setúbal porque me fazia lembrar Luanda, mas esta é uma cidade individualista, um deserto, um cada um por si mas tudo coscuvilhando, um deserto cercado de maravilhas naturais que a mão do homem ainda não destruiu, ao contrário do que tem feito à cidade
.
Victor Nogueira
Ana, ainda existirá o Barreiro de humanidade onde trabalhei e, apesar de tudo, fui feliz ?

domingo, 22 de dezembro de 2019

all the world's stage




Toda a vida é um palco num emaranhado de papéis e máscaras mais ou menos entretecidos e enleadas, com maior ou menor alienação. Ou um jogo, em que uns perdem e outros querem sempre ser os únicos vencedores. Magestáticos!  Na plenitude das suas razões e certezas ou irracionalidades. Em que os outros não passam frequentemente de meros bonecos articulados. Uns e umas com todos os direitos. E o Outro, apenas com deveres.

* William Shakespeare

All the world's a stage,
And all the men and women merely players;
They have their exits and their entrances,
And one man in his time plays many parts,
His acts being seven ages. At first, the infant,
Mewling and puking in the nurse's arms.
Then the whining schoolboy, with his satchel
And shining morning face, creeping like snail
Unwillingly to school. And then the lover,
Sighing like furnace, with a woeful ballad
Made to his mistress' eyebrow. Then a soldier,
Full of strange oaths and bearded like the pard,
Jealous in honor, sudden and quick in quarrel,
Seeking the bubble reputation
Even in the cannon's mouth. And then the justice,
In fair round belly with good capon lined,
With eyes severe and beard of formal cut,
Full of wise saws and modern instances;
And so he plays his part. The sixth age shifts
Into the lean and slippered pantaloon,
With spectacles on nose and pouch on side;
His youthful hose, well saved, a world too wide
For his shrunk shank, and his big manly voice,
Turning again toward childish treble, pipes
And whistles in his sound. Last scene of all,
That ends this strange eventful history,
Is second childishness and mere oblivion,
Sans teeth, sans eyes, sans taste, sans everything.

sábado, 21 de dezembro de 2019

"reconciliação nacional" .... com o fascismo, a ditadura, o colonialismo e a guerra colonial?

* Victor Nogueira


Há quem no PS queira reabilitar o fascismo? Os autarcas do PS em Santa Comba Dão querem "homenagear" Salazar? E a Ministra da Justiça, "reabilitar" um seu antecessor no governo de Salazar, Antunes Varela, que conviveu sem rebuços com a ditadura, os atropelos aos direitos humanos e a guerra colonial.? Em nome duma "reconciliação nacional" .... com o fascismo, a ditadura, o colonialismo e a guerra colonial? 



Escreve Carlos Esperança: «Coimbra – a homenagem a Antunes Varela.»


sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Chove chuva ventosa, em rajadas

* Victor Nogueira


Chove chuva ventosa, em rajadas, intermitente,o vento rodopia, nos intervalos, Se te descuidas, ao chão vais parar, em precário equilíbrio. Chove chuva contínuamente, tudo alagando, os rios subindo, a terra baixa inundando, em caudalosos lençóis. E eu, no cimo da torre no alto da encosta, por ela não dou, salvo quando à rua saio.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Chove chuva, molhada e gelada.

* Victor Nogueira


Chove chuva, molhada e gelada



All the world's a stage



"As you Like It”, - Shakespeare 

«O mundo é um palco e todos os homens e mulheres são na verdade atores: têm suas saídas e suas entradas e no decorrer da vida atuam em vários papéis, cada ato correspondendo a sete idades.Primeiro a criança, choramingando e regurgitando no colo da babá; depois o aluno contrariado, com sua pasta e seu rosto travesso matinal, arrastando-se como lesma para a escola; então o amante, suspirando como uma fornalha, entoando uma canção dolente em louvor dos cílios da amada; aí o soldado, cheio de juras estranhas e barba de leopardo, zeloso da sua honra, impetuoso e pronto para a briga, buscando a fama fugaz, nem que seja na boca do canhão; e depois o juiz, com a barriga bem forrada de frango, olhos severos e barba bem cuidada, cheio de ditos sábios e banalidades – e assim ele cumpre o seu papel; na sexta idade o cenário muda: magros pijamas, chinelos, óculos no nariz e bolsa a tiracolo, o vigor da mocidade já guardado – um mundo tão vasto para pernas tão fracas – sua voz máscula, retomando o balbuciar infantil, apita e chia ao falar; a última cena, que encerra esta história estranha e agitada, é a segunda infância e o mero esquecimento, sem dentes, sem olhos, sem sabor, sem nada.»


  


Speech: “All the world’s a stage
BY WILLIAM SHAKESPEARE
(from As You Like It, spoken by Jaques)

                                        All the world’s a stage,
And all the men and women merely players;
They have their exits and their entrances;
And one man in his time plays many parts,
His acts being seven ages. At first the infant,
Mewling and puking in the nurse’s arms;
And then the whining school-boy, with his satchel
And shining morning face, creeping like snail
Unwillingly to school. And then the lover,
Sighing like furnace, with a woeful ballad
Made to his mistress’ eyebrow. Then a soldier,
Full of strange oaths, and bearded like the pard,
Jealous in honour, sudden and quick in quarrel,
Seeking the bubble reputation
Even in the cannon’s mouth. And then the justice,
In fair round belly with good capon lin’d,
With eyes severe and beard of formal cut,
Full of wise saws and modern instances;
And so he plays his part. The sixth age shifts
Into the lean and slipper’d pantaloon,
With spectacles on nose and pouch on side;
His youthful hose, well sav’d, a world too wide
For his shrunk shank; and his big manly voice,
Turning again toward childish treble, pipes
And whistles in his sound. Last scene of all,
That ends this strange eventful history,
Is second childishness and mere oblivion;

Sans teeth, sans eyes, sans taste, sans everything.


Fonte: “As You Like It”, Ato II, Cena VII, em “The Complete Works of William Shakespeare”, Edited by W. J. Craig, M.A., Magpie Books, London, 1992, 1142 pp.



"As you Like It”, - Shakespeare

"O mundo inteiro é um palco,
E todos os homens e mulheres são meros atores:
Eles têm suas saídas e suas entradas;
E um homem cumpre em seu tempo muitos papéis.
Seus atos se distribuem por sete idades. No início a criança
Choraminga e regurgita nos braços da mãe.
E mais tarde o garoto se queixa com sua mochila,
E seu rosto iluminado pela manhã, arrastando-se como uma lesma
Sem vontade de ir à escola. E então o apaixonado,
Suspirando como um forno, com uma balada aflita,
Feita para os olhos da sua amada. Depois o soldado,
Cheio de juramentos estranhos, com a barba de um leopardo,
Zeloso de sua honra, rápido e súbito na briga,
Buscando a bolha ilusória da reputação
Até mesmo na boca de um canhão. E então vem a justiça,
Com uma grande barriga arredondada pelo consumo de frangos gordos,
Com olhos severos e barba bem cortada,
Cheio de aforismos sábios e argumentos modernos.
E assim ele cumpre seu papel. A sexta idade o introduz
Na pobre situação de velho bobo de chinelos,
Com óculos no nariz e a bolsa do lado,
Suas calças estreitas guardadas, o mundo demasiado largo para elas,
Suas canelas encolhidas, e sua grande voz masculina
Quebrando-se e voltando-se outra vez para os sons agudos,
Os sopros e assobios da infância. A última cena de todas,
Que termina sua estranha e acidentada história,
É a segunda infância e o mero esquecimento,

Sem dentes, sem mais visão, sem gosto, sem coisa alguma.

Tradutor não identificado"

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

anódinos pensamentos

* Victor Nogueira


Mesmo que não apeteça, Viva a vida, com bom humor, alegría, cor e fantasia.


Gravura in https://www.linkedin.com/pulse/coordenadas-desordenadas-edson-athayde

domingo, 15 de dezembro de 2019

mestre "cuca"

* Victor Nogueira



Em 2019.12.15


foto victor nogueira - à excepção dos oos, produtos do meu quintal do mindelo para o almoço de hoje, 2019.12.15: cebolas, alhos, couve, tomates-cereja e batatas.

Claro que não sou nem tenho engenho, paciência e arte de "chef", como o Carlos Barradas ou o Carlos Chagas


Lulas, camarão e puré de batata (2019.12.05)


sábado, 14 de dezembro de 2019

Dona Gertrudes

* Rui Gato



A casa onde durmo tem um comprido e estreito corredor, sem distrações nem acontecimentos. Excepção sendo um pequeno quadro e mais à frente um pequeno prato na parede.


Quando a Dona Gertrudes acorda na casa onde durmo - depois dos sorrisos da praxe - pego nela e atravesso este extenso e branco corredor, navegando entre a sala e a cozinha.

Mesmo sonolenta - ao perceber onde está - a curiosa coruja no ninho do meu colo interrompe o esfregar de olhos e roda urgente e energicamente seu pequeno torso para esquerda e direita enquanto sua cabeça se levanta olhando em redor. Procura o quadro e o prato. E fica contente quando os encontra. Ficamos uns segundos parados a admirá-los e seguimos a nossa vida em direcção à luz.

É admirável como este ser com 5 meses já tem tão evidente memória dos espaços. (2019.12.14)

Pormenor duma foto de Rui Pedro

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

I Want You (She's So Heavy)


* Rui Gato

A crítica divide-se.
A maioria dirá que a última cantiga gravada com os 4 ao mesmo tempo em estúdio terá sido esta. Em 69. Tendo sido esta ou uma das outras, visto que eram gravadas aos bocados, a verdade é que já se odiavam e pouco falavam sem discutir. Ainda assim faziam belas músicas e esta é uma delas. Sempre a amei não sabendo sua cronologia. Agora posso ouvir imaginando yoko sentada atrás de John. George a tocar com raiva de não gravarem as músicas dele. Paul a tocar com raiva de os outros 3 terem escolhido um manager que ele não queria. Ringo a achar que não era bom o suficiente. E uma raiva generalizada por yoko estar sentada atrás de John.

Gosto muito de saber histórias de coisas. (2019.12.13)

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"I Want You (She's So Heavy)"
(John Lennon)

I want you
I want you so bad
I want you
I want you so bad
It's driving me mad
It's driving me mad

I want you
I want you so bad, babe
I want you
I want you so bad
It's driving me mad
It's driving me mad

I want you
I want you so bad, babe
I want you
I want you so bad
It's driving me mad
It's driving me mad

I want you
I want you so bad
I want you
I want you so bad
It's driving me mad
It's driving me mad

She's so heavy
Heavy, heavy, heavy

She's so heavy
She's so heavy
Heavy, heavy, heavy

I want you
I want you so bad
I want you
I want you so bad
It's driving me mad
It's driving me mad

I want you
You know I want you so bad, babe
I want you
You know I want you so bad
It's driving me mad
It's driving me mad
Yeah

She's so

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

brinc'à bronca 2


* Victor Nogueira

olho o retrato
e no prato
sem pasto o repasto

ao desbarato
o laço
sem abraço

na vastidão
a imensidão
ão, ão
sem inspiração
ão, ão
re béu béu
pardais ao ninho


setúbal 2019.12.10

Gravura - Renato Stegun - Monalisando

um tardio s. martinho


* Victor Nogueira

Já acabei de almoçar: sopa de misturada à nogueiral, fruta, queijo e café. Ainda esperei que viesses e batesses à porta. Está uma tarde enganadoramente primaveril, soalheira e límpida, embora gélida,  nestes dias últimos de outono, com o verão de s. martino chegando atrasado, sem castanhas nem bom vinho.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

"Nazismo e estalinismo: um debate viciado"



* Victor Nogueira

A resistência e a luta organizadas dos Trabalhadores e dos Povos contra o Capitalismo é o fantasma por detrás das mistificações e revisões históricas das instituições e dos estados "burgueses", que sem disfarce fomentam e pactuam com a guerra, a opressão e a ditadura "burguesas" e do Grã-Kapital, sem rosto nem pátria.

Nos anos 30, o grande inimigo comum aos governos dos EUA, da Alemanha, da França e do Reino Unido era a União Soviética., a esmagar desde a Revolução Bolchevique.

E se dúvidas houvesse, basta verificar que derrotada a Alemanha nazi, logo voltaram a pactuar com regimes fascistas como os de Salazar e Franco, entre muitos outros desde então, unindo esforços na “Guerra Fria” e na NATO contra ... a União Soviética e, sempre, contra a luta organizada dos Trabalhadores e dos Povos!

Desde o século XIX um fantasma percorre o mundo, o fantasma do Comunismo, contra o qual se levantam as Chancelarias de (quase) todo o mundo!


quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Sorria!



* Victor Nogueira

Sorria!
Diga bom dia, com alegria, boa tarde, sem alarde, boa noite, sem açoite!
E Viva a Vida, com Humor, Amor, Alegría e Fantasia.
Sem esquecer alguns trocos para os gastos.
Cabeça na Lua e pés na Terra e a bissectriz entre a Razão e o Coração.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Fotos de perfil

* Victor Nogueira

Victor Freebird Victor, qual é a mensagem por detrás destes frequentes auto-retratos? Grande abraço. VA
Victor Barroso Nogueira Nenhuma. São simples exercícios Porque ou que mensagens julgavas que haveria na diversidade das fotos de perfil que nem sempre me "reproduzem"? Mas isto daría pano para mangas, Víctor.

No dia-a-dia a nossa imagem, o nosso "retrato", o modo como nos vemos e nos vêem, varia, não é sempre aquela "foto"(quase) imutável, mais ou menos artística, mais ou menos "empática",, mais ou menos simpática ou atractiva, que por vezes se "ostenta" aqui no inFaceLocked

Mas como te disse, este poderia ser um de muitos caminhos ou perspectivas para debate. :-)
Abraço, outro

quatro poetas e quatro poemas de antónio reis


* Victor Nogueira

Desde os meus tempos de exílio em évoraburgomedieval houve cinco poetas que por razões diversas foram a minha companhia: alberto caeiro, álvaro de campos, manuel alegre, eugénio de andrade e antónio reis. Caeiro o panteísta sereno e bucólico, Campos, o do frenesim citadino, Alegre, o do combate e da resistência e luta, Andrade, da escrita límpida, cintilante, e do amor que se não alcançou ou perdeu, e Reis, o citadino da vida quotidiana, numa  escrita ascética e depurada. Aqui ficam  ...

quatro poemas de antónio reis

Chamaste António
e eu não senti
não tem som
o nome
se outra voz ouvi
Que tenho
Estou longe
e estou perto de ti.

~~~~~~~~

Ah
um
som
qualquer
na toalha branca
no vinho na água
na colher.

~~~~~~~~~~

163.

Sei
ao chegar a casa
qual de nós
voltou primeiro do emprego

Tu
se o ar é fresco

eu
se deixo de respirar
subitamente

~~~~~~~~

27
Conheço
entre todas
a jarra que enfeitaste

têm o jeito
com que compões o cabelo
as flores
que tocaste

domingo, 1 de dezembro de 2019

snoopy - escrever é um trabalho duro


Escrever é um trabalho penoso

Snoopy, personagem dos "Peanuts", criação de Charles Schulz, é o beagle de estimação de Charlie Brown. Apesar de ser um cachorro, datilografa histórias, e até joga no time de beisebol. Entre as identidades que assume em suas obras estão Joe Cool e um aviador combatendo o Barão Vermelho. Woodstock: Um pássaro que é o melhor amigo de Snoopy. (Wikipedia)
Estrumpfes (Schroumpfs), personagens criados por Peyo (PierreCulliford).

Reflexões sobre um amor perdido
Bolas!


  
Livro 1 / Parte I / Capítulo I / Página 1
Que maravilhoso começo!


"Isto é uma loucura", gritou ela
"Mas eu amo-te", disse ele.
Até a máquina odeia os meus contos.



Era uma noite negra, escura e tempestuosa!"


Era uma noite de breu e tempestuosa
O meu novo romance começa mal.


Ai, sim?!
Que simpático ...
Woodstock fez-me uma coberta com todas as palavras rejeitadas dos meus escritos!


E assim terminou a sua vida.
Assim o fiz.
Consumi dois anos a escrever esta biografía.
E  ainda bem que a terminei, pois esqueci-me do que estava escrevendo.





Edite recusou casar com ele por ser muito gordo.
"Porque não fazes uma dieta?", sugeriu-lhe um amigo. "Tens de escolher entre a Edite e um bolo se não podes ter ambos."
Huummm!
É exaltante quando se escreve algo que sabemos ser um achado!


Minha querida.
Perguntaste-me se te amo.
Mas só posso dizer uma coisa.
Yeah.


ESCRITicAS


AS PALAVRAS
.
Rede com dois gumes
letras do nosso pensamento
são
os olhos que nós temos
e os seus lábios os nossos lábios (1)
.
Está um domingo chuvoso, frio, cinzento! Mas as palavras não chegam a formar-se na consciência, enovelam-se, enevoam-se, liquefazem-se e a máquina [de escrever] imprime apenas nada que talvez seja muito. Ou tudo. (MLF -Évora  1969.02.23)
.
Tinha uma carta já escrita, fluente na minha mente. Chegou a hora de escrevê-la e ela ruiu, as palavras escorregaram por entre os dedos, em todas as direcções, e no papel nada fica senão uma pasta informe (...) (NSM - 1969. Évora - Páscoa)

Pronto. Lá arrefeceu tudo ao pegar na caneta para dizer do meu espírito, do que nele se passa. Esvai-se-me por entre os dedos e nas mãos apenas o resto do que não é. (NSM - Évora - 1971.12.01)

 Daqui desta terra - Aqui estou no meu quarto, buscando para ti as palavras que não encontro, corpo sem imaginação mas irritado e desassossegado pela constipação que me percorre as veias e me enche dum nervoso miudinho. Busco para ti as palavras dos outros, nos livros dos outros, os ponteiros aproximando se das nove e trinta, hora da vinda do homem que levará de mim as letras que cadenciadamente vão surgindo no papel branco que já não é só! Busco as palavras e apenas encontro estas, hoje vazio de ti pela tua ausência, ontem pleno pela nossa presença. São vinte e uma e vinte, hora de parar, os livros espalhados pela mesa, o corpo quebrado, a imaginação e a voz quase secas e frias. Daqui desta terra, para ti noutra terra, te abraço e beijo com ternura e amizade, na memória do tempo que fomos juntos. Aqui estou! (MCG - Évora - 1972.09.21.

O discurso lógico trai a manifestação dos sentimentos; "as palavras são (redes) de dois gumes..." e o discurso lógico uma corrente que nos arrasta para onde não queremos. Um olhar, a mão que se levanta para acariciar um rosto, os dedos entrelaçados, o corpo que sentimos junto ao nosso, a simples presença, o saber-se aqui nesta sala ou na outra, não entendes que tudo isto, na sua simplicidade, diz mais e responde e/ou acalma mais interrogações que todas as palavras? É preciso saber ler para além das palavras ou não recusar essa leitura. Lembro me dum poema do Alberto Caeiro, cuja humildade e simplicidade me atraem, humildade e simplicidade perante as pessoas e as coisas que talvez nunca sejam minhas. Levanto me e vou ali á estante buscá lo. Escolho o poema que transcrever. Hesito na escolha. Será este! (2) (MCG - Évora- 1972.07.14)

A "Natureza Morta" (3) não me parece nem pessimista nem optimista; são apenas os olhos com que vejo Évora. (...) Os meus escritos permitem várias leituras, possibilitadas pela ambiguidade decorrente da disposição das palavras e frases, pela colocação da pontuação ou sua ausência. (MCG - Évora  1972.10.20)

No que digo ou escrevo não há senão a constatação despojada do que me parece ser a realidade. (MMA - Paço de Arcos, 1986.08.31

Não era assim que esta carta estava escrita no meu pensamento. Aliás, no meu pensamento esta carta já teve várias formas. Mais fluidas. Variando conforme o estado de alma e o correr do tempo. Mas quando chegou a altura de fixar a fluidez do pensar, o que fica é esta pálida, imperfeita e distorcida imagem, feita de signos que se alinham em carreirinha uns a seguir aos outros. (FPG - 97.06.18).
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O computador é um instrumento precioso e fácil de utilizar para a a criação literária. É fácil emendar, erradicar completamente as palavras e as frases, sem que fiquem notas manuscritas à margem, palavras riscadas, borrões de tinta, deste modo impedindo o testemunho do nascimento e crescimento da obra até à versão final. E mesmo que se guardem várias versões do trabalho, o resultado não é o mesmo da leitura dum manuscrito ou texto dactilografado, cheio de notas e palavras riscadas e/ou encavalitadas. O estudo do processo criativo do operário das letras torna-se assim difícil, quando não completamente impossível. (Setúbal 2007.08.16)

(1) Poema escrito em Évora - 1971.Novembro
(2) .XLV - Um renque de árvores lá longe, lá para a encosta
(3) Poema escrito em 1972.10.17, em Évora, sobre esta cidade

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

o regresso ao sul

* Victor Nogueira

Esteve todo o dia e todo o percurso cinzentonho e de chuva peguinhenra.  Em determinada altura e durante cerca de meia hora o trânsito na A1 era a passo de lesma, devido a um acidente, situação que aó foi resolvida já a noite tinha caído.

Atravessando o  Porto



















Atravessando o Rio Douro pela Ponte da  Arrábida





Pela A1 rumo a Lisboa

















(a passo de lesma por causa dum acidente)








Atravessando o Rio Tejo pela Ponte Vasco da Gama









Atravessando o Pinhal Novo



imagens captadas em 2019.11.24