Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

sábado, 22 de junho de 2024

Em torno do solstício de Verão


(Heitor dos Prazeres - Festa de São João)

 * Victor Nogueira


Solstício de Verão

Público 21 de junho de 2012  ·

Dizem-me que hoje é o solstício de Verão, pleno dos santos populares ou das festas joaninas pagãs embora cristianizadas. É o maior dia do ano e o dia tem estado soalheiro, luminoso, de céu azul vagamente leitoso. Será estrelada a noite? E que luna nela brilhará argêntea ou dela estará ausente ?

Nada mais de diferente lhe encontro. Ah! Acabou a Primavera e começou o Verão. Bailem e saltem a fogueira, mas cuidado com as queimadelas e com os queimadeles ou se preferirem, evitem as queimaduras e os queimaduros 

 

Verão e verismos                   

22 de junho de 2012   

Primeiro dia de Verão que verão não é. Faz sol mas uma aragem algo gélida percorre a casa, esfria desagradavelmente o meu corpo e afasta-me da praia. Dir-se-à que está tudo mudado, o tempo e nós, pois agora faz calor no inverno e frio no verão, exagero, claro, traição da memória, pois que se inverno fosse não estaria em mangas de camisa.

Brilhante está o sol, hoje como ontem, para mim sempre enganador, apesar de há uma eternidade não ir aos trópicos ou avistar o Cruzeiro do Sul, Porque é, Victor, o sol enganador, perguntar-me-ão e eu direi que para mim sol é sempre calor, que muitas vezes no inverno chego lá abaixo e está um frio gélido. E não me aquece este sol, por isso no verão nunca me abrigo à sombra, caminho pela rua a ele exposto, quando todos dele fogem.

Fazendo jus ao nome, neste primeiro dia Verão não é, apenas "Veremos" com maior ou menor verismo. Vós vereis, não, assim não há jogo, malabarismos. Vocês verão e dir-mo-ão. Ou não ! O mais certo é não, porque o silêncio da maioria tem a dimensão do universo e do vazio. Como se cegos e surdos e mudos e estrangeiros a maioria de nós fôssemos

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Os dias estão de factenormes e pela janela o céu esá matizado de laranja, azul e branco, leitoso, as núvens sem forma, manto apenas, apenas desgracioso lençol. Será de parar com as partilhas? Ou passarem as pessoas a ler num dos meus blogs, no caso no "Ao (es)correr da pena e do olhar" ? Ou passarem a procurar as novidades ali no último quadrado à direita daquilo que no inFaceLock se designa por cronologia e eu preferiria, por mais apropriado, denominar mural ou jornal de parede ? Ou passarem a subscritores, que não vi bem como se faz? Pois, as pessoas são simpáticas nos seus comentários - quando os fazem, mas estamos em maré de parcimónia;  parece-me abuso meu estar a invadir os murais de outrem com a minha produção e talvez causar-lhes incómodo por não darem sinal de vida. Sim, melhor será trasladar-me pra o blog. Ou não ?

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 Diz-me certa mocinha que hoje é o equinócio de verão, pleno dos santos populares ou das festas joaninas pagãs embora cristianizadas. O dia é igual à noite e o dia tem estado soalheiro, luminoso, de céu azul vagamente leitoso. Será estrelada a noite? E que luna nela brilhará argêntea ou dela estará ausente ? 

Nada mais de diferente lhe encontro. Ah! Acabou a Primavera e começou o Verão. Bailem e saltem a fogueira, mas cuidado com as queimadelas e com os queimadeles ou se preferirem, evitem as queimaduras e os queimaduros :-)

2021 06 22 Diz-me Penélope que há um erro no meu texto, pois em Junho há o solstício de Verão, a que se seguirá o Equinócio do Outono. Fica a rectificação feita, acrescentando-se que hoje foi o dia maior deste ano de 2021

 

Teresa Borges Palmeira

Ficava-lhe bem o dom da ubiquidade! Gosto de o ler por aqui!

Belaminda Silva

Camarada, para quem viveu em Africa como nós, espera sempre o Verão para umas boas idas à praia. Este ano anda um pouco envergonhado, mas como ainda agora começou pode ser que daqui para a frente se anime.

Obrigada por partilhares tão bela nota comigo.

Beijinhos e bom fim de semana.

Deolinda F. Mesquita

Adorei esta maravilhosa nota que muito agradeço. Tem razão com a fugida do calor de verão, no dia de S. João era habitual estar calorzinho.... está frio. Gosto imenso de receber as notas que são optimas, se eu chegar ao blog.. vou ler. Um bom fim de semana.

Isabel Maria

Victor tens razão somos uma minoria a comentar...mas nada de desilusões porque hoje é dia de S João e S Pedro ouviu-te porque está um dia lindo de Verão...desejo-te um Verão com boas leituras

          12 ano(s)

José Inácio Leão Varela

Boa tarde amigo Victor (Victor Nogueira), obrigado por mais uma partilha de mais um bom e significativo escrito teu a que já nos vamos habituando...tenho lido todos...só, como já te disse, não os completo pois acho que eles são teus...têm o teu cunho pessoal, falam de parte da tua vida, portanto, se o fizesse ia adultera-los...

José Inácio Leão Varela

No entanto, amigo, se algum deles se cruzarem com passagens da minha darei, com tua autorização, certamente a minha humilde achega....um abraço e um bom fim de semana..

Carlos Rodrigues

Victor já fui à praia num dia gélido, o segredo

Carlos Rodrigues

..../ dizia eu que o segredo é um fato de Surf, porque S. João dá o frio consoante a roupa, mas não era isto que eu queria dizer, mas na tempestade num copo de água que estás a fazer com a tua plural e valiosa produção nos Blogs ou aqui ? Questão maquiavélica, porque tudo se resume ao interesse do leitor, o que o espelho daqui reflete é o que se passa lá fora, publiques em que Editora publicares, os interessados na leitura ou os poucos que lêem, variam mais consoante a disposição do que com a localização...penso eu de que...no entanto não sou fan de Blogs. Porquê, perguntarás tu ? Não sei responderei eu e assim te continuarei lendo e apreciando, onde quer que estejas, ao meu alcance. Keep trying. B.F.S.

 Margarida Piloto Garcia

O Verão chegou e eu nem dei por ele. Não escrevi em blogues tb não vim ao face, nem publiquei. Não fui à praia e mal senti o sol. Terei morrido??

 Carlos Rodrigues

Com os quase 40ºC que estão para chegar em breve, mudarás de opinião, Margarida: Estávamos vivos e frescos,mas então é que iremos ver como o Verão nos vai morder...LOL.

 Victor Barroso Nogueira

Não percebi, Teresa Borges Palmeira, o "dom da ubiquidade" 🙂 Li com atenção as diversas leituras, preciosas para o escriba que sou. Sim, o calor aí está, já hoje o senti. O "verão" passou a "Vê" Belaminda SilvaDeolinda Figueiredo Mesquita Mesquita . E o Carlos Rodrigues "acertou", Margarida Piloto Garcia, o que te deixa muitos dias de praia pela frente ! Varela José Inácio, vá lá, não te inibas e ajuda a animar a festa. Para as moças aquele beijo, para os moços, o abraço do costuma. Para todos/as, incluindo os/as lacónicos/as ... o meu sorriso 🙂

 

Primeiro dia de Verão que verão não é

22 de junho de 2012  ·

Primeiro dia de Verão que verão não é. Faz sol mas uma aragem algo gélida percorre a casa, esfria desagradavelmente o meu corpo e afasta-me da praia. Dir-se-à que está tudo mudado, o tempo e nós, pois agora faz calor no inverno e frio no verão, exagero, claro, traição da memória, pois que se inverno fosse não estaria em mangas de camisa.

Brilhante está o sol, hoje como ontem, para mim sempre enganador, apesar de há uma eternidade não ir aos trópicos ou avistar o Cruzeiro do Sul, Porque é, Victor, o sol enganador, perguntar-me-ão e eu direi que para mim sol é sempre calor, que muitas vezes no inverno chego lá abaixo e está um frio gélido. E não me aquece este sol, por isso no verão nunca me abrigo à sombra, caminho pela rua a ele exposto, quando todos dele fogem.

Fazendo jus ao nom neste primeiro dia Verão não é, apenas "Veremos" com maior ou menor verismo. Vós vereis, não, assim não há jogo, malabarismos. Vocês verão e dir-mo-ão. Ou não ! O mais certo é não, porque o silêncio da maioria tem a dimensão do universo e do vazio. Como se cegos e surdos e mudos e estrangeiros a maioria de nós fôssemos.

2022 06 21 - Hoje é o solstício de Verão, terminando a Primavera, mas, ao contrário dos anteriores, límpidos, brilhantes e de brasa, o dia de hoje esteve nublado, frescote, chuvinhento, e á noite as núvens escondem o céu que por cima delas é estrelado. Tudo é silêncio, salvo o baque ritmado dos dedos no teclado e o zumbido nos ouvidos. Divirtam-se e bailem os vossos corações ao som das canções!



(Nerival Rodrigues -- Festa Junina)

 Terceiro dia após o solstício de Verão

2022 06 23 - Terceiro dia após o solstício de Verão, as noites a diminuírem até ao de Inverno. As manhãs são tristonhas, cinzentas, nubladas, outonais, pluviosas- Por vezes o sol rompe as núvens a meio da tarde, iluminado-as e aquecendo-as qb, em temperatura amena.

O Fiesta, tal como outros carros, continua coberto de poeira, o pó que a chuva neles deposita, sem que os lave. Há que esperar por melhores dias para lavá-lo e livrá-lo da sujidade que o cobre.

Que venham melhores dias, para que o esqueleto deixe de dar dolorosamente  sinal da sua decrépita existência. 

Logo é noite de S. João, com arquinhos, fogueiras, bailaricos, balões e foliões, em multidões espraiando-se elas ruas.  No centro histórico de Setúbal as ruas já estão engalanadas com festões de papel multicoloridos. 


(Maurício de Sousa e a Turma da Mónica)


2022 06 23 - Olá! Bailem alegres os corações em folia e sintonia, desde que os pezinhos de dança não arrepiem 😛  Creio que em toda a minha vida apenas fui uma vez ao S. João nas Fontainhas do Porto e ao Santo António, na Alfama lisboeta.

À noite não fui gozar o S. João (Porto). Preferi ir para a cama. Acordei às duas da manhã. Disso se encarregaram as minhas tias, batendo me suavemente (irra!) com os alhos e falando pelos cotovelos. (Diário III - pag. 196) (1)

(1) - Trata-se duma festa muito animada, que se desenvolve pela madrugada dentro, sobretudo na encosta das Fontainhas, com os concursos das rusgas e das cascatas.

No Santo António em Alfama fui com a minha mãe, tias e mais pessoas amigas. Era uma confusão de gente, com as mesas e bancos corridos de madeira, ensebadas, limpas com um pano sujo, a louça e talheres passados por água em barricas, os talheres e os pratos ainda com restos de sardinhas dos comensais anteriores. Todos se divertiram e comeram, menos eu, face àquela falta de higiene e confusão.



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Santos Populares e Feiras - Victor Nogueira por Victor Nogueira

sexta-feira, 21 de junho de 2024

De quantas roupagens e de quantos espelhos se veste o amor ?

 


* Victor Nogueira

21 de junho de 2014  · 

De quantas roupagens e de quantos espelhos se veste o amor ? Como e em que balanças se pesam os corações ? De que matéria ou materiais são feitos? De quantos rios refluindo em riacho cada vez mais estreito e para longe do mar ? De quantas luas se faz o sol ? Como se apura o deve e haver da mão invisível que equilibra as curvas da oferta e da procura ? Na economia do amor de que monopólios ou oligopólios se alimenta ? Amor rima com ar-dor e an-dor e amizade com serenidade.Fica um campo de flores estreladas.

quarta-feira, 12 de junho de 2024

QUEM ÉS TU, NÃO SEI. E TU, SABES?

 



* Victor Nogueira

12 de junho de 2014  · 

QUEM ÉS TU, NÃO SEI. E TU, SABES?

Estávamos pois sentados no jardim ou à beira-rio. Perguntavas-me mas não sei o que é o amor. O valor e a força das palavras não reside no seu exterior mas sim no seu conteúdo. Mas dir-te-ia: estava por ti apaixonado, isto é, estava contente, feliz, deslumbrado, com uma imensa ternura por ti. Eras uma pessoa de carne e osso e não uma ideia ou palavras num papel. E isso permitiu-me dizer-te: “Então, quando é que a gente se casa?”. 

Naquela altura não tinha dúvidas nem questões a pôr. A vida é que nos dá a resposta. Tu terás certezas. Eu, não! As minhas certezas sobre as pessoas e as coisas nascem dos acontecimentos quotidianos.

Penso muitas vezes em ti. Por vezes com um desejo muito grande da tua presença. É ridículo: esperar que entres pela porta adentro, que estejas aqui comigo, que o telefonema seja a tua voz, que a voz lá em baixo sejas tu! Esta é a única certeza: o desejo, por vezes intenso, da tua presença, da tua mão no meu braço. Que nome dar a isto? Não me preocupo. Sei apenas que acontece. 

Outras vezes olho para as pessoas que estão ao meu lado: “personas” de carne e osso, que sorriem e falam, que eu conheço ou não, que muitas vezes gostaria de conhecer. Não porque deseje ou tenha feitio para coleccionar “amores”. Mas não posso deixar de sentir ou calar aquilo que me falta. E tu, tu estás longe, com as tuas reservas, a tua falta de confiança em mim (será?), os teus impedimentos. E perante a nossa reserva as palavras são uma ausência, uma barreira, e não uma ponte ou um caminho. 

Olho para ti, para as tuas fotos, as que tirámos, no paredão, no jardim junto ao riacho, nas dunas à beira-mar, na tua sala acolhedora, em minha casa, na estação ferroviária, na esplanada da cidade aberta, no meio da multidão que enche a rua. Olho para ti e tu sorris, com esse teu jeito atencioso, gaiato, leve e risonho, e isso é uma carícia que os nossos dedos e os lábios completam. Mas tu não estás aqui e … o cansaço cai novamente sobre mim e o dia se faz noite cerrada, com o vazio pela tua ausência.

Como quebrar o silêncio das palavras? Como libertar os gestos? Como sair da terra de ninguém e distinguir o canto da sabedoria?

Escreveu Alberto Caeiro: “O amor é uma companhia/Já não sei andar só pelos caminhos/ Porque já não posso andar só / … / E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar”.

Quem és tu, não sei. E tu, sabes?

Paço de Arcos 2014.06.12

Foto Victor Nogueira

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Maria Célia Correia Coelho

Belo, terno, sensivel e muito humano este precioso texto!! Obrigada pela partilha.

10 ano(s)

Margarida Piloto Garcia

Victor, estes teus textos melódicos são extremamente belos e intimistas. Não sei se há neles uma exposição se apenas inspiração. Ela não sabe quem é ou talvez saiba mas não possa sê-lo. Mas tu podes  

10 ano(s)

Maria Jorgete Teixeira

Mais um texto de que eu gosto especialmente, num registo intimista, fluido, onde a leitura não esbarra em construções arrevesadas, mas com a profundidade de um espírito sensível...Elas encontrar-se-ão por entre as tuas palavras, aqui e ali, nas fotos fragmentadas no espaço e no tempo da memória.

10 ano(s)

Graça Maria Teixeira Pinto

Outro belo texto, onde deixas deslizar a pena, (em figurado, claro...) as sensações, as recordações doces, com ternura e nostalgia, pouco habitual em ti, que és mais de ironias...( A opinião é minha, e portanto, falível,,,:))Bj

10 ano(s)

terça-feira, 11 de junho de 2024

No tempo em que eu era mais jovem

 


11 de junho de 2014  · 

Público

No tempo em que eu era mais jovem

a minha memória não era uma manta de retalhos

cada vez mais esfiapados

em farelos

Tudo e todos apareciam nos seus lugares

com nitidez

Hoje sou menos jovem

e a história e o passado estão cada vez mais esmaecidos.

No tempo em que eu era mais jovem

o meu rosto era risonho

e o teu olhar cintilante;

caminhávamos lado a lado

As ruas da cidade eram largas e desassombradas

e tu a serei-a dos meus encantos.

Santa Maria dos travesseiros e das travessuras,

tanto que gostámos um do outro

tanto que de ti gostei

e escrevo no passado porque o futuro nunca se realizou.

Se hoje me sentasse perante mim

não reconheceria o jovem que fui nos vinte anos que tive

hoje com as olheiras das noites mal dormidas

e o rosto baço;

apenas os olhos continuam a sorrir com o brilho das pupilas

apenas iguais as finas rugas ao canto dos olhos.

A cidade não cresceu

manteve-se igual a si mesma

pequena, mesquinha, de vistas curtas

sem a vastidão das plagas africanas onde o horizonte estava para além do infinito e tudo era nítido e contrastante

sem meias águas

De abril e das manhã límpidas a grandeza do sonho

da claridade logo ali,

generosa e cintilante ao virar da esquina, ao alcance da mão e no sorriso duma criança, nada mais resta

foram-se as águas e ficaram as mágoas

sem anáguas

No tempo em que éramos jovens

as ilusões não eram mil paredões amortecidos com a dureza duma rocha!

Ainda haverá esse dia que seja alvorada e não cerrada noite?

Quem está por detrás das palavras, das máscaras?

Quem está sem assombro para lá do proscénio?

Quem mora em nós?

Porque azedou a suavidade do nosso riso cristalino e porque nos afogamos na mansidão das águas revoltas?

No tempo em que éramos jovens o futuro não era uma vereda nem a memória uma rede de interstícios

A vida era feita de portas e janelas abertas ao sol, ao vento, à chuva, à brisa ….

Hoje que já não somos jovens

que esperamos um do outro ?

De que cor são ás águas ?

Águas-mil, águas-fel, águas-mel, águas ardentes?

Que esperamos das ondas que morrem na areia da praia?

“Hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas”

Cada dia que surge é sempre o 1º dia do resto das nossas vidas!

E cada vez menos são os primeiros dias após cada dia que passa para lá desta noite.

Haverá dia em que a noite se torne ainda alvorada alvoreada,

para além do (es)correr da fina areia que no cerca e soterra ?

De quantos rios e risos se faz o mar

e sobre que ondas as gaivotas se fazem ouvir para além do canto da cotovia?

No tempo em que éramos jovens …

,,, era límpido e generoso o futuro !

E hoje ?

Paço de Arcos 2014.06.11

Foto Victor Nogueira

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Maria Jorgete Teixeira

Fez-me lembrar, vagamente, o poema "Aniversário" de Álvaro de Campos. Volto a dizer: gosto deste teu lirismo nostálgico.

10 ano(s)

Clara Roque Esteves

Vítor Victor Nogueira, este é o teu registo que mais aprecio. Uma grande sensibilidade, uma ternura nostálgica, um tecer de sentimentos e sentidos muito bem elaborado, sentido e consentido. Gostei muito. Muito obrigada pela partilha e, mais uma vez, as minhas desculpas se não te leio regularmente porque nem todos os dias entro no FB. Um grande abraço.

10 ano(s)

Graça Maria Teixeira Pinto

Brilhante! Destes, gosto! Uma nostalgia, uma ternura,o poeta deixa-se ir por entre as emoções, sem se deter em barreiras. Bj

10 ano(s)

Margarida Piloto Garcia

Lirismo cativante neste belo poema. Há um certo desencanto e pessimismo mas ao mesmo tempo aquele "agora sou menos jovem" traz em si uma brisa de esperança. Adorei estas tuas palavras.

10 ano(s)

Jose Gravanita

quando nos soltamos num lirismo que abrange o nosso passado, é impossível libertar-nos do desencanto que a nossa vida revela em cada momento...saírmos do novelo é tão difícil!...

10 ano(s)

Manela Pinto

amei compadri Vitro, falta o livro, beijo

10 ano(s)

Texto reflexivo e encantador. Tudo já está dito, mas gostaria de acrescentar minhas impressões. Quando somos jovens, a esperança parece gritar alto e se mover em nosso peito, e vamos agindo, até sem pensar, porque o grito dela nos ensurdece. O futuro parece mais próximo, e conseguimos determiná-lo com mais clareza. ainda sou relativamente jovem, mas já sinto os sintomas a que você se refere. Quando éramos jovens, fazíamos tudo depressa, e aproveitávamos a vida para errar, já que tínhamos muito tempo para consertar. Agora, que não somos tão jovens, olhamos para trás e visualizamos erros que não foram corrigidos, e acertos sem vvalor ou validade. O desespero da nostalgia bate à porta, mas, como você mesmo disse, Victor, há uma solução; pensar que estamos sempre no nosso primeiro dia de vida. O que passou, passou. E o que ainda passará, não sabemos.

há 9 anos

Filipe Chinita

obrigado.meu querido camarada e poeta

5 ano(s)

segunda-feira, 10 de junho de 2024

A cassete e o cacete dum certo Carlos Manuel

 


CDU SAÚDA OS QUE "TIVERAM A DETERMINAÇÃO E A CORAGEM" DE VOTAR NA COLIGAÇÃO

Vasco Cardoso, membro do Comité Central do PCP, reagiu às projecções das televisões, que dão conta de que, na melhor das hipóteses, a CDU elege o cabeça de lista, João Oliveira.

O membro do Comité Central começou por notar que estas projecções foram feitas “num contexto muito incerto”, já que o voto em mobilidade foi introduzido pela primeira vez e não permite uma “aferição tão rigorosa”, no entanto, relativizou as projecções: “As coisas estão ainda em aberto, vamos ver”.

“É um momento para saudar aqueles que, num momento particularmente exigente, tiveram a determinação e a coragem de dar o seu voto à CDU”, assumiu Vasco Cardoso, acrescentando que os que escolheram votar na CDU, deram “força, àqueles que denunciam a crescente dependência externa, a corrida ao armamento” e têm “a coragem de defender a soberania nacional”.

“Se se confirmar a eleição de um deputado da CDU para o Parlamento Europeu, é a garantia de que haverá” uma “voz, em muitos aspectos única, na defesa dos interesses nacionais, da paz, dos direitos dos trabalhadores”, frisou Vasco Cardoso, sublinhando que o contexto destas eleições é “particularmente difícil”.

Sobre o crescimento da extrema-direita, o PCP olha “com preocupação o crescimento da extrema-direita e das forças reaccionárias”, neste que é um “momento muito difícil e exigente”, argumentou.

“Nos 50 anos do 25 de Abril, a vida mostra-nos, ao longo destes anos todos, que há avanços, que há recuos mas desde que haja uma determinação muito clara em estar sempre ao lado dos trabalhadores, do povo e do país, mais cedo do que tarde isso produz também resultados”, atirou Vasco Cardoso.

 

 8 comentários

 Carlos Manuel

Cassete sempre

·   12 h

há 12 horas

 

 

 Victor  Nogueira

Autor

Administrador

+1

 

Carlos Manuel Pois. Há quem nunca largue a sua cassette, ao falar da alegada cassete ... a dos outros, como aqueles que vislumbram o argueiro na vista do outro mas por falta de espelho não conseguem ver o barrote ou tapume que obscurece os seus próprios olhos LOL

·   12 h

há 12 horas

 

Carlos Manuel

 Victor  Nogueira outros querem dizer tanto que nem se percebe o que escrevem

·   12 h

há 12 horas

 

 Victor  Nogueira

Autor

Administrador

+1

 

Carlos Manuel Pois ... Manda a bojarda da cassete, e fica todo feliz e contente. Agora rebater, contra-argumentar ... Ao menos o Carlos Manuel não corre o risco de não perceberem o que escreve. Escreve, lampeiro, "cassete", e parte todo feliz e contente com a sumidade do seu singular escrito. Olhe, goze em paz e sossego este fim de semana prolongado!

·   12 h

há 12 horas

 

Carlos Manuel

 Victor  Nogueira ver o seu perfil facilmente conclui-se que existem "canudos "sem perceber-se porque o são

·   12 h

há 12 horas

 

 Victor  Nogueira

Autor

Administrador

Carlos Manuel Tão perspicaz. Nem uma ideia com princípio, meio e fim. Apenas bojardas, muito rasteirinhas.

 

Mas quem dá o que tem, a mais não é obrigado, diz a sabedoria popular. E pelos vistos o Carlos Manuel não consegue adejar senão muito rasteirinho?

 

Como também diz a sabedoaria popular, não vale a pena gastar cera com ruim defunto LOL

 

Já agora, porque na verdade sabe escrever duas seguidas - basta passar os olhos pela sua página - explique porque disse que aquilo que publiquei não passa duma cassete!

 

Mas, se não consegue alinhavar mais que bojardas, com a ronha da sua cassete, descanse. E desampare-me a loja, pois à sua porta não bati eu 🙂

·   10 h

há 10 horas

 

Carlos Manuel

 Victor  Nogueira e a sabedoria popular também diz que "cheira-me a monte de estrume ao longe", sem sabedoria popular...cheira-me que à homens que gostam de homens, eu assumo gostar de mulheres

·   7 h

há 7 horas

 

 Victor  Nogueira

Autor

Administrador

Carlos Manuel Pudera. Deve estar completamente senil, tão senil que até nem se apercebe do seu fedor! O fedor dum provocador rasca. Vá lá para a sua pocilga e deixe-se de tretas!

 

A propósito: Não se escreve "á homens" mas sim "há homens". Ou é lapso dactilográfico ou ignorância?

·           23 min

há 23 minutos

 

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