Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

domingo, 27 de novembro de 2016

Uma figura marcante

* Victor Nogueira

O inefável Cisco Assis perora salomónicamente sobre Fidel Castro, começando com elogios e terminando com ataques ao liberticida marxismo-leninismo de Che e da URSS. Pois, para ele,concluo, liberticidas não são os EUA, profundamente respeitadores dos direitos humanos, quer dentro quer fora de portas, uma sociedade paradisíaca, que em nome da Liberdade Infinita bombardeiam países que se lhes opõem, de que são exemplo as bombas nucleares  sobre um Japão derrotado, em Hiroshima e Nagasaki, recado destinado a uma URSS vencedora e  para continuar a campanha contra o bolchevismo empreendida por Hitler. Liberticidas não são os EUA, que impuseram um bloqueio económico a Cuba, tudo em nome da liberdade, da democracia e dos direitos humanos.

Os mesmíssimos EUA que com a actual UE apoiavam a "democracia orgânica" de Salazar, esse estrénuo defensor da Liberdade e baluarte da luta contra o "comunismo ateu", Talvez Cisco Assis devesse ter à cabeceira o "Canto e as Armas" ou a "Praça da Canção"  do seu agora "camarada" Manuel Alegre, que escreveu um poema intitulado "Exílio" no qual afirma que vem dizer que não tem medo, pois a verdade é mais forte que as algemas.

"Venho dizer-vos que não tenho medo
A verdade é mais forte do que as algemas,
Venho dizer-vos que não há degredo
Quando se traz a alma cheia de poemas.

Pode ser uma ilha ou uma prisão
Em qualquer lado eu estou presente,
Tomo o navio da canção
E vou direito ao coração de toda a gente."


 Podem escolher a versão musicada interpretada por Adriano ...


Letra e Música: Manuel Alegre, Luís Cília e Adriano Correia de Oliveira
Álbum: Adriano Correia de Oliveira (1967)


 ou por Luís Cilia


Canção muito divulgada mas infelizmente não na versão do seu autor aqui apresentada, inserida no seu primeiro disco "Portugal Angola - Chants de Lutte" de 1964 e reeditada no LP "Meu País" de 1970. Esta canção conheceu a sua maior divulgação quando em Portugal Adriano Correia de Oliveira a divulgou já que eram proibidos os discos de Luis Cília. Belo e simples poema de Manuel Alegre.

OPINIÃO

Uma figura marcante

27 de Novembro de 2016, 

Um pequeno documentário intitulado “PM”, da autoria de Sabá Cabrera Infante e de Orlando Jiménez Leal e produzido em 1961 em pleno processo revolucionário cubano, originou uma violenta polémica política que terminou com um celebre discurso proferido por Fidel Castro na Biblioteca Nacional. O discurso intitulava-se “Palavras aos intelectuais” e continha uma mensagem clara bem resumida naquela que se tornaria a sua frase com maior repercussão: “dentro da revolução tudo, contra a revolução nada”. Pouco tempo antes, no âmbito desse mesmo encontro, uma das maiores figuras da literatura cubana, Virgilio Piñera, havia pedido a palavra para pronunciar apenas as seguintes palavras: “quero dizer-vos que tenho medo”. Tinha razões para isso. Muitas coisas já se tinham passado desde a noite de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro de 1959. Nessa noite o ditador Fulgêncio Batista abandonara Cuba abrindo as portas para a vinda de um grupo de jovens libertadores. (...)



continua em https://www.publico.pt/2016/11/27/mundo/noticia/uma-figura-marcante-1752785

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