Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Entre Adão e Eva (6)

.Quadro - Dürer, Albrecht Adam and Eve. 1507
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* Victor Nogueira
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Todas as profissões, em si e por princípio, são igualmente respeitáveis. (1) Mas e de qualquer modo não há qualquer futuro numa relação com uma pessoa em quem não confie e em quem não acredite, não há para mim qualquer futuro numa relação que se baseie na deslealdade, na falsidade e na dúvida. ( 2).


Como atrás disse e repito, quando iniciámos a nossa relação com o grau de intimidade que assumiu, isto aconteceu, pela parte que me cabe, com base em dois pressupostos, que te ias divorciar - e numa convicção - a profissão que afirmavas ser a tua.


Sou teu amigo, embora a amizade tenha limites, gosto de ti e sinto muitas vezes a tua ausência. Mas não há futuro de vida em comum com uma pessoa que não seja compreensiva e amiga dos meus filhos, que me não ajude no bom relacionamento com eles e com todo o mundo, que me infernize a vida com desconfiança e ciúmes descabidos.


Não era nada disto que eu pretendia. Assim, por tudo o que tem sido exposto, nunca poderia propor te, não tenho podido propor te que fizéssemos ou façamos vida em comum. Procuro paz, serenidade, entre-ajuda, e não um clima de constante ou intermitente guerrilha, desconfiança, dúvida, suspeição. E depois já não estou em idade de (re)começar a vida com uma pessoa cujo futuro profissional não sei qual seja.


Há um tempo para que as pessoas se encontrem e para que as coisas aconteçam. Passado esse tempo pode ou não voltar a surgir a ocasião. Foi por isso que te disse que daqui a dois ou três anos poderia haver condições para que as coisas se (re)justassem entre nós (3). Mas tu, uma vez mais, mal entendeste o que eu disse. Aliás, essa tua característica sobre a peremptória e absoluta justeza intrínseca das tuas razões, interpretações e verdades e da falsidade das minhas é algo que (também) nos (tem) separa(do).


Falei atrás do que procuro na vida. E concebo as relações entre as pessoas baseadas na lealdade, na igualdade, na sinceridade, na responsabilidade, na cooperação e colaboração, na solidariedade, no caso, entre todos os membros do agregado familiar, embora em função das suas capacidades e situação. Não considero, por exemplo, que haja trabalhos e obrigações exclusivas das mulheres e trabalhos e obrigações exclusivas do homens. Não há que exigir ás mulheres sobrecargas e "espíritos" de sacrifício, que não se exijam aos homens. No caso concreto, nem tu nem a Natasha tem especiais "obrigações" relativamente ao Roderigo Que Vive na Lua ou a mim (ou aos teus filhos homens). (4) E parece me que não consegues entender ou agir em conformidade com estes princípios.


Como atrás referi, poderá parecer extemporânea esta longa "conversa", que no essencial já tivemos de viva voz por várias vezes ao longo destes anos. Mas quando eu penso que tudo está ultrapassado, surgem da tua parte os ciúmes, as exigências, os remoques, as "fúrias" (5). E lá volta tudo ao princípio, porque és incompreensiva, ciumenta, injusta nas tuas apreciações, possessiva quanto á minha pessoa.(6) Eu sou, nas tuas palavras, o "maldoso", que te mente, que te "engana" com as amigas, que te "troca" pelos filhos ou por elas, que te achincalha, magoa e ofende a tua sensibilidade. (7) E assim acabo por ter para contigo "conversas" e atitudes que me desagradam mas que são a consequência do modo como te relacionas comigo e que não aceito. (8) Porque ou há igualdade, compreensão e respeito mútuos ou então não vale a pena chover no molhado. Como disse, não gosto de aborrecer os outros nem gosto que me aborreçam. Por exemplo, não te telefono para recriminar te (9) O que nem sempre tens procurado fazer para comigo. Não gosto de ver os outros tristes, magoados, aborrecidos, sejam eles quem forem.


E digo: “é bom ter quem nos afague e diga bom dia com alegria e fantasia". Mas não estou seguro que possa compartilhar e construir contigo a minha vida. (10) Com tantas mágoas e "barreiras" de lado a lado, creio que nenhum de nós seria feliz com o outro. Outra poderia ter sido por exemplo a nossa situação actual se desde o início não tivesses querido "controlar" a minha vida, amizades e sentimentos e se te tivesses relacionado com os meus filhos com a "bondade" que para com eles tens tido ultimamente. (11) Outro poderia sido o nosso relacionamento se não fossem os "mistérios" da tua vinda para Lisboa e da tua vida profissional. (12)


1 - Aliás, como queres que se mantenha a relação com uma pessoa que afirma possuir uma determinada habilitação profissional e ou não a tem - e mente - ou levianamente se despede, para aceitar um trabalho mal remunerado ou em subemprego?. Porque se não és, não sei como manterás o engano para todo o sempre.

2 - Até podias ser mulher a dias ou varredora de ruas, que não seria impedimento para relacionar me contigo se te achasse interessante e entendesse que era uma relação com futuro atendendo ás tuas qualidades pessoais e de carácter. Nem todas as mulheres por quem estive interessado eram "licenciadas" ou engenheiras ou advogadas ou médicas ou arquitectas ou professoras. Portanto não é o canudo e muito menos o dinheiro que me fazem "correr". Agora as que não tinham canudo não se fizeram passar por aquilo que não eram.

3 - Não tens pois qualquer razão quando afirmas que esta minha afirmação é porque nessa altura a atasha (já) terá saído de minha casa - porque, no teu errado entender, ela se oporia á nossa relação.. Nem ela nem o Roderigo Que Vive na Lua se opôem á nossa relação. Tu é que te opões á minha relação mútua com eles, por razões que não posso nem está ao meu alcance resolver.

4 - E quanto a "obrigações", as pessoas devem ser educadas apontando lhes os defeitos mas também elogiando o que está bem feito e solicitando a sua ajuda. Não é o que fazes com a Natasha. E no mesmo erro também tenho eu incorrido.

5 - Aliás tu reconheces que destemperas e dizes coisas - por vezes autênticos disparates (de que te arrependerás ou negarás convictamente), em atitudes, despropósitos e falta de chá assombrosos! Como se estivesses com autênticas "bebedeiras secas".

6 - Não é verdade que eu queira que estejas sempre comigo, a toda a hora, não compreendendo as tuas "obrigações profissionais". Não é verdade que queira proibir o teu convívio com os teus filhos. O que é verdade é o que digo ao longo desta "conversa" acerca da tua convivência comigo: "liberdade" para ti, para os teus compromissos, enquanto para mim a "liberdade é condicionada" e "policiada" devido aos teus ditames, insegurança e receios. Não te peço e muito menos exijo que prescindas do que quer que seja, sobretudo do que entenderes essencial. Agora apresentar como exemplos de "deixar de ser" o largar o tabaco (como fazia a Natasha comentava em conversa contigo) ou comparar filhos dos outros a cão teu é que não é aceitável.

7 - Como se eu não tivesse sensibilidade e nunca tivesse sido "magoado" por ti e pelas tuas atitudes e destemperos!

8 - Não gosto de aborrecer ou magoar deliberadamente os outros, mas também não gosto que os outros me aborreçam ou magoem. Não tenho que "censurar te" a tua falta de razoabilidade, os teus ciúmes, o teu afecto possessivo por mim e pelos teus filhos, não tenho de “minimizar” a tua profissão, os teus gostos, interesses e leituras. Trata se dum problema teu e, como não quero mudar te, nem aos outros, só me resta afastar me, na medida do possível e sem descurar as minhas responsabilidades. Assim como não quero mudar os outros, também não aceito que me mudem naquilo que considero essencial. Assim como não quero infernizar a vida dos outros, também não quero que infernizem a minha.

9 -E ultimamente aborrece me que te aborreçam alguns dos meus telefonemas e conversas, pois não adianta nem vale a pena chover em seco.

10 - Incomoda me profundamente que não tenhas a chave da minha casa, mas a verdade é que não tenho confiança na paz e felicidade resultantes da nossa convivência e co-habitação, para qualquer de nós. Por outro lado, falo-te da minha vida mas, devido ás tuas atitudes, reacções e descabidos ciúmes, procuro evitar falar-te dos meus filhos e dos meus problemas com eles ou das minhas amizades (femininas). Que temos nós de especial para compartilhar, «Capuchinho Vermelho»? Que alegria e felicidade temos para dar um ao outro?

11 - Procuro quem fomente a minha abertura aos outros e não quem me leve a encerrar-me em mim mesmo. E desde que te conheço tenho-me fechado cada vez mais, tenho-me afastado da convivência e do cultivo das amizades. Por outro lado procuro quem que me leve a atenuar a minha "dureza" para com os meus filhos e para com aqueles que me estão próximos, favorecendo a minha "ternura" e amizade para com todos eles. Procuro, enfim, quem me ajude a gostar da vida e dos outros. Afinal continuo e ando na mesma sozinho, com a diferença de não ser em "liberdade solitária" mas sim "condicionada" Não estás disponível para almoçares ou jantares comigo ou para sairmos ou irmos ao cinema senão nos "limites" que aceitaste. E depois aborreces-me com exigências descabidas; tomemos por exemplo as tuas "infelicidades" com as minhas companhias: queres saber onde vou, com quem vou, aonde vou. Para quê esta conversa?

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O resultado é sempre o mesmo: se te digo, há cena, se não te digo, cena há, estilo preso por ter cão, preso por não ter! " Liberdade" sim, mas apenas contigo, com os meus pais e tios ou então ... sozinhito. Não podes vir ter comigo, estás longe, é muita despesa e mais e aquilo e os teus "compromissos" e horários. E ficas ofendida, melindrada na tua sensibilidade, se com bonomia te digo que relativamente ás minhas amigas (e amigos) normalmente marcamos a hora e o local do encontro, sem "preocupações" e atrasos meus para ir buscá-los, ao emprego ou a casa. Quanto muito, dou-lhes boleia para casa, se quiserem e não tiverem carro ou transporte.

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Não sou menos independente do que tu, só que infelizmente não andas de elevador, não conduzes, não andas de metropolitano. Não há dramas com as minhas amizades, se podermos ou der para sair ou nos encontrarmos, muito bem, caso contrário, amigos como dantes. Porque complicas e confundes tudo? Porque vês "maldade" minha em tudo?

12 - Não te armes pois em vítima, santa de santuário, mártir das minhas mãos e "frieza" de coração. As tuas atitudes sucessivamente e ao longo do tempo para comigo e para com os meus filhos são também uma das causas da minha "frieza" e coração de gelo. Não me considero responsável pela situação em que estás nem tomo sobre os meus ombros a vida que deixaste aparentemente por minha causa; qualquer dia ainda te ouvirei dizer que a vida que deixaste é que era VIDA!

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ADENDA

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Toda a Série «Entre Adão e Eva» é puro romance inventado e qualquer semelhança com factos ou personagens reais é pura coincidência.

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Victor Nogueira

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12 comentários:

Victor Nogueira disse...

Víctor
Gostei muito de ler a Série Adão e Eva. Parabéns pela escrita sapiente e especular. Também pelo modo como nos introduzes nos labirínticos e, por vezes, minotáuricos, caminhos das relações humanas em busca do fio de Ariadne.
Saudades, imensas.
M.Mendes
sex 08-08-2008 17:58

Victor Nogueira disse...

Brancamar
http://brancamar.blogspot.com/
deixou um novo comentário na sua mensagem "Bom Fim de Semana ...":

OLÁ,

Depois de ler este post 6 da série Adão e Eva fiquei impressionada com a lucidez e com a narrativa.
Voltarei para aos poucos ler todo o conto, para o imprimir se não te importares, pois transportá-lo para o ler com a cabeça mais fresca é algo que acho que será muito interessante fazer e como ainda não tive férias, quem sabe será um tempo bom para te ler descontraidamente.
Pelo que já li, parabéns.
Beijinhos

Maria Silvestre disse...

Já aqui vim tantas vezes e sempre vejo que não desistes de me recriminar pelo nosso passado: _Vá lá, admite que não me davas sequer um bocadinho de segurança e que a nossa relação estava a ficar um bocado chata, ainda pra mais com aquelas crianças intrometidas, constantemente a meterem-se na nossa cama.
Não sei em que possa ter-te sido desleal e falsa, se desde o princípio te dei a entender quanto seria difícil trocar uma pessoa que me dá toda a estabilidade, apesar do altíssimo aborrecimento, e que era, é!, extraordinariamente brilhante, por uma criatura que, principalmente, apenas me acalantou e tornou alguns dias um pouco mais doces.
Falsa, eu?! E tu que dizes ser meu amigo e confundes amor com partilha de trabalhos, que prometes o céu e quando aí vou só me obrigas a estar com gente que nunca vi (como se não bastasse ter as crianças connosco na cama). Chamas a isto ciúme? Ainda por cima descabido...
Já agora, deixa-me dizer-te que me desiludiste altamente: _com que então não era assim que querias?... não podes confiar em mim e és tu que não me aceitas como sou e que recusas a possibilidade de juntarmos as nossas vidas!?
Quanto à minha profissão, não te menti, não tens qualquer direito de me culpares do estado caótico a que o governo me atirou. Mas também, deixa estar, nunca acreditei que poderia contar contigo.
Efectivamente, o nosso "tempo" esgotou-se, não podia ser doutro modo numa relação a prazo.
Quanto aos disparates que apontas com chavões, meu querido, nem comento...
Não sei para que insististe em rebater nesta estúpida tecla, já estava tudo acabado, bye dear! good life, até um dia! que a sepultura vem a caminho.
Não vale a pena repetires mais nada (até as notas de rodapé te repicam a parvoíce), que os meus ouvidos, com os sentidos todos arrastados por esse badalar de egoísmo, há muito ficaram voluntariamente surdos.
Mas numa coisa te dou razão: seria absolutamente infeliz ao teu lado, não por pretender controlar-te a vida, antes por saber de antemão que jamais respeitarias a pessoa que eu sou e que todos os movimentos que para mim dirigisses teriam por detrás a intenção de encafuar-me por debaixo da tua "bondosa" capa.
Faltou-me a paciência e tive de procurar a pia assim que comecei a ler-te as anotações complementares desta triste novela. Podias tê-la enriquecido um pouco com as coisas bonitas que entre nós aconteceram. Mas não! mais uma vez deixaste um ponto final miserável.
Até nunca, baby!

Victor Nogueira disse...

Excrementos
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http://excrementostaleu.blogspot.com/
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Tal é o nome do Blog de Maria Silvestre.
Trata-se de facto dum blog «submarístico» e sem periscópio, cujo nível me excuiso de comentar
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Tive ocasião de «comentar» nos comentários do blog «Excrementos» o comentário do personagem que dá pelo nome de Maria Silvestre, que desconheço se passará no crivo da editora para publicação.
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No essencial, escrevi que não sei quem seja a Maria Silvestre e que de certeza absoluta que nunca compartilhámos qualquer cama ou vida em comum nem tivemos quaisquer relações sexuais.
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Entre Adão e Eva é uma novela inventada, como claramente se refere em cada um dos capítulos já publicados, pelo que a Maria Silvestre ou está com alucinações ou me está a confundir com outrem, que também não sei quem seja, mas sobre quem deveria derramar copiosamente o produto do seu blog e da sua mágoa e azedume.
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Victor Nogueira

Maria Silvestre disse...

Só me apetece chorar...
Tudo isto é um lamentável engano.
É claro que entendi, desde o início, tratar-se de uma novela fictícia.
E desde o início tive vontade de fazer um comentário fictício.
Foi isso que fiz, peço desculpa pelo equívoco.
Não conheço pessoalmente o Victor Nogueira, nunca estive com ele em parte alguma e só fiz o comentário daquele modo por impulso e porque ele me tinha pedido (noutro site) para visitar e comentar este blog.
Não, não tenho azedume natural nem marido chato. Apenas tenho o hábito de escrever de diversos modos, transportando as coisas que vi, vivi e aprendi.

Quanto ao meu péssimo blog, não pode ser melhor porque sou menos que principiante nestas coisas e só hoje, graças à tentativa de comentar o seu, consegui colocá-lo online. Por acaso conhece alguém que tenha nascido ensinado?
Prefiro manter o anonimato porque, de entre as coisas escritas que tenciono apresentar, algumas serão inconvenientes e não quero expor a minha identidade pública. É um direito e dele não abdico.

Se quiser, pode apagar as minhas mensagens.

Victor Nogueira disse...

Para Maria Silvestre
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Nada publicas desde 1981 ou é o relógio do PC que parou no tempo?
Claro que no contexto o teu texto era um contra-senso.
Sendo também uma novela inventada, poderia ser um capítulo noutro tom/ponto de vista de outro personagem - Eva - de Entre Adão e Eva.
Se aceitares publico no meu blog Ao Sabor do Olhar
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http://osabordolhar.blogspot.com/
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Por azões que desconheço na altura apenas aparecia um poema teu no blog. Não ter minimizes. Agora surgiram muitos mais textos que li em diagonal e gostei de alguns deles, especialmente aquele que se refere a Leonor.
Tb proporia que mo deixasses publicar naquele meu blog.
Não percebo o teu «mistério» e gostaria de saber quem é a Maria Silvestre, embora tenha uma vaga intuição de que é alguém que «conheço».
Abraço e fumemos o cachimbo da paz
Victor Manuel

Maria Silvestre disse...

Carta de despedida ao AR

Ar, agradeço-te a ilusão da morte, no curto tempo que me deste.
Não estava acostumada a ter de pendurar o coração num gancho do talho, nem a conformar-me com as coisas em que nunca acreditei. Deste-me essa consciência e agradeço-ta. E peço-te que, se me encontrares, digas apenas as coisas formais do costume e sigas o teu caminho.
A morte é a maior verdade. Não adianta iludir-me. E, por mais uma réstia de vida, peço-te que vivas. Eu aguento-me, porque ainda me amparam os amigos, nem sei porquê.
Se és humano, tem a bondade de me deixares recolher: apaga-te aos meus olhos e apagarei o teu nome, porque não tens culpa e não mereces sofrer a imbecilidade de nenhuma besta.
Desmantelaste-me e reconstruí-me, agora preciso de força e amarei todas as mulheres.
Nunca pedi desculpa pelos meus sentimentos, mas a ti peço; e não quero voltar a ter sentimentos por ti.
Parece que sou especialista em equívocos, sou assim. Acredito na humanidade onde a não há. Afinal, não devo pedir desculpa a ninguém: os conceitos sempre serão preconceitos.
A beleza continuará invisível, por causa da cegueira. E eu continuarei equivocada por acreditar que os olhos das pessoas podem ser partículas divinas.
Por tudo o que sinto, continuo a fazer o que não posso e o que não devo. O nada é o único ser que espero. E ainda peço a Deus que me ajude.
Desejo-te belíssimos sonhos e, por Deus, que não te esqueças do meu pedido. A DEUS.

Maria Silvestre disse...

Não publiquei imediatamente os seus comentários por me ter parecido haver mal-entendido na coisa.
Quanto finalmente ia fazê-lo, não sei se por dificuldades dum computador com pouca memória, o primeiro desapareceu ao tentar aceitá-lo.

Quanto ao poema CAMÕES, hesitei muito na sua edição porque o acho minúsculo face à genialidade de quem refere.
Mas como era apenas a descrição dum retrato pintado, lá me atrevi.
Se gostar e quiser, pode anexar o LIBIDO NOCTURNAL ou qualquer um dos outros que, pouco a pouco, irei publicando.

Raras pessoas sabem que eu escrevo e pouquíssimas leram alguma vez um poema meu. Por diversos motivos, sempre me subestimei, preferindo esconder tudo. Agora resolvi mostrar, mas não quero dizer quem sou.

Carinhosamente, Maria Silvestre

Victor Nogueira disse...

Maria
Gosto mais deste título [que escolheste]para o [teu] blog, mas quem sou eu ... E estás muito bela na foto de 1981, embora não saiba o que é passar para o outro lado do espelho. Ou aquela foto é da Alice no País das Maravilhas?
Ainda bem que se perdeu o 1º comentário. Agora já não tem razão de ser.
Como manténs o anonimato, o nosso ponto de encontro, se quiseres, continua a ser em Entre Adão e Eva (6), independentemente de comentares em qualquer dos meus posts e blogs.
E posso ou não publicar em Ao Sabor do Olhar a tua série «Entre Eva e Adão»? Ou com outro nome que escolhas e consideres mais apropriado?
Já agora, convido-te a passares por
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http://daliedaqui.blogspot.com/
2008/08/no-sei-por-que-ningum
-entende-as.html
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O texto não é meu e portanto o editor do D'Ali e D'Aqui não assume necessariamente o seu conteúdo,anotando que está publicado em muitos blogs femininos :-)
Bjo e amizade
Victor Manuel

Maria Silvestre disse...

Desculpa, Victor, por agora não tenho muitas forças para conseguir escrever com distanciamento, sem que me entrem nos nervos os infindáveis anos que partilhei com um ser menor que uma costela.
Já passou, mas ficou cá tudo. Hoje vivo serenamente. Por vezes revejo noutras pessoas o meu martírio e é-me insuportável revivê-lo.
Pacifiquei as relações com homens e mulheres, mas o inferno ainda me arde na memória.

Victor Nogueira disse...

Olá, Maria
Pensei que a tua era uma «novela» fictícia» resposta a uma outra minha. Não sei qual delas te perturba, mas a tua está muito bem escrita e é um contraponto à minha. Mas tu lá sabes e restam-me os teus poemas. Pode ser que graças Ao Sabor do Ollhar venhas a receber o Prémio Nobel da Literatura, para grande desgosto do Lobo Antunes, que lá recebeu o Prémio Camões - tão feliz que está na foto - mas no não perdoa ter sido superado pelo Saramago no Nobel. Aiás aprecio mais Saramago(apesar do seu ar publico enfadado) que o Lobo e embora todos falem no Memorial do Convento ou no Ano da Morte de Ricardo Reis, esquecendo Levantados do Chão, que tem um cantinho no meu coração, aliás como a dramaturgia dele.
Shakespeare é um grande poeta e dramaturo, embora quanto aos sonetos eu prefira uma edição bilingue da Sá da Costa, salvo erro, do que a do Vasco Graça Moura, que no entanto também aprecio, apesar das suas diatribes políticas de mais laranjista que a laranja :-)
Quanto a ti, gosto do teu poema. Daquele e não só. Da prosa, só tenho aquela.
Eu poetizo de muitas maneiras: tenho sonetos com sabor a Camões e Sá de Miranda ou Bocage, outros que tiveram como ponto de partida o Daniel Filipe ou Eugénio de Andrade. A minha prosa é reconhecível, mesmo em textos que deixam de ser meus para passarem a ser do «colectivo».
Quanto à poesia, com tanta heterogeneidade, não sei se sucederá o mesmo.
Mas poetiso por «necessidade», especialmente quando estou em baixo, mas agora já consigo escrever jogando e brincando com as palavras, como se estivesse alegre.
Mas ... a felicidade é sempre tão breve que pouco tempo me resta para vivê-la ou saboreá-la, quanto mais para escrever longamente sobre ela.
Bjo para ti e considera que tens valor.
Tenho uma curiosidade: conhecer as tuas pinturas que inspiraram os teus poemas e outras se continuaste por essa via.
Bjo Grande

Victor Manuel

Victor Nogueira disse...

Olá, Maria Papoila
Não percebi o teu novo blog, «esperimental»
Bem, li com atenção o teu post e como depois de resolver alguuns problemas poderei «gozar» da liberdade de «reforma», pensei que talvez pudesse ser interessante pegar nas «Campanhas de alfabetização» e na documentação que referes. Poderia ser que dali conseguíssemos fazer nascer uma obra ou deixar que os testemunhos se não percam de todo. Que dizes?
Bjo
VM