(...)Nas horas vagas leio, procuro conhecer novas terras e novas gentes, ouço música e vou ao cinema ou ao teatro. E também escrevo. E foi numa dessas que surgiu o Auto-retrato em Passatempo, "inspirado" num poema duma das glórias de Setúbal, de seu nome Bocage, embora se fiquem por aqui as semelhanças e parentescos!
Com nariz grande, olhar estrelado,
Baixo, cabelo negro, ondulado,
Magro, moreno, mui desajeitado,
Nada ou p'la vida sempre perdoado.
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Buscando amizade, mau achado,
Agindo calma ou mui despeitado,
O êxito logrou, mal torneado,
Com persistência e pouco alegrado.
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Tolerante, mas não libertário,
Conduzindo, longe da multidão,
Na vida procurando liberdade.
.
Em tudo mal, buscando seu contrário,
Com ar sério ou risonha feição,
Mal sente, co'a razão, felicidade.
.
Setúbal, 1990.03.12
2 comentários:
E agora pergunto eu...
ainda é assim?
Curiosidade apenas!
Maria Mamede
Conheço o poema de Bocage e gostei deste poema :). No verão do ano passado andei por aí e fotografei o mesmo sítio, penso que do mesmo ângulo :)
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