ALCÂNTARA – UM POUCO DE HISTÓRIA
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Em tempos remotos, nos vales hoje sensivelmente ocupados pela Avenida da Ceuta e campos vizinhos, prosseguindo até ao Tejo pelos terrenos onde ainda está a linha de caminho de ferro, corria uma ribeira que nascia perto de Belas.
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Segundo os historiadores, foi construída no final dos anos 200, princípios dos anos 300 (Séc. III e IV), mais ou menos no sítio da actual passagem de nível, uma ponte que ligava as duas margens da ribeira. Foi essa ponte que deu nome ao local Al-qantara que significa, em Árabe - a ponte.
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Foi junto à ponte que, em 25 de Agosto 1580, se deu a batalha com os espanhóis, perdida pelas tropas comandadas por D. António Prior do Crato. Portugal perdeu nessa batalha a sua independência.Em 1743, a ponte foi alargada e nela colocada uma estátua de S. João Nepomuceno. (...)
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Após a mudança do regime político, a partir de 24 de Agosto de 1912, a Freguesia civil passou a designar-se oficialmente pelo simples nome de Alcântara.
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O belo vale de Alcântara, rezam as crónicas, foi um campo muito aprazível e atractivo, que com o passar dos tempos, não só se tornou em zona de caçadas reais, como se transformou, sobretudo na margem direita da ribeira a partir da ponte, pouco a pouco, em zona de quintas , palácios e conventos – Conventos do Sacramento e do Livramento, Ermida de N. Senhora das Necessidades, Palácios das Necessidades e do Fiúza, Real Palácio de Alcântara, depois do Calvário e a sua Quinta da Ninfa, Convento das Flamengas e do Calvário, Capela de Santo Amaro, Tapada, Quinta do Conde da Ponte, Palácio dos Condes de Burnay, da Ribeira Grande, de S. Lourenço da Duquesa de Abrantes...
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No Palácio Real do Calvário moraram os três primeiros Reis da última dinastia, D. João IV, D. Afonso VI e D. Pedro II e os últimos no Palácio das Necessidades.
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Como zona fora de portas, havia guardas-fiscais em Alcântara, os quais foram retirados com o desaparecimento das barreiras da cidade – Alcântara passava então a fazer parte de Lisboa.
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Considerada como arrabalde de Lisboa desde o século XVI, foi a pouco e pouco vendo desaparecer as sua inúmeras quintas e hortas, circundadas por velhos caminhos e azinhagas, que originaram novas ruas, travessas e calçadas.
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Após o terramoto de 1755, Alcântara teve uma acentuada industrialização, localizando-se muitas unidades fabris de curtumes, de lanifícios e de estamparias, no Vale de Alcântara, aproveitando as águas da sua ribeira. Também no Alvito, no Calvário, em Santo Amaro e na Junqueira havia muitas fábricas ligadas à indústria química (sabões, óleos, margarinas, adubos, etc.), à indústria alimentar (moagens, chocolates, bolachas, açúcar, etc.) à indústria naval, à indústria metalomecânica, à indústria da pólvora e da extracção de cal, etc.
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Para alojar os operários das indústrias instaladas em Alcântara, a partir de 1870, começaram a surgir os Páteos e Vilas Operárias. Alcântara, chegou a ter 47 Páteos e Vilas Operárias.
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Destes Páteos e Vilas, havia 5 que mereceram por parte da CML um tratamento especial e foram objecto dum estudo com vista à sua reabilitação futura: Vila Vital Teixeira na Rua Filinto Elísio, 17; Páteo Fiúza na Travª do Fiúza, 39; Páteo Cabrinha na Rua Fábrica da Pólvora, 143; Pátio das Flamengas na Rua 1º de Maio, 22 e Vila Teixeira na Calç. da Tapada, 144. Todos os Páteos e Vilas, classificados pela Câmara Municipal de Lisboa tiveram intervenções de vulto, excepto a Vila Teixeira, que foi mandada demolir pelo Actual Executivo Camarário em Novembro de 2002.
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A sua forte industrialização e um vigoroso movimento operário e associativo, tornaram Alcântara um dos mais fortes baluartes republicanos do início deste século e determinou o carácter popular que ainda hoje perdura na Freguesia e que se traduziu desde muito cedo num forte Movimento Associativo, com o aparecimento de muitas Colectividades de Cultura e Recreio e Clubes Desportivos. (...)
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3 comentários:
Acabei agora de ler "Deambulando por Lisboa (18) - Vilas operárias"
Tal como o que li sobre Oeiras, gostei, para mais que não conhecia.
Ando a pesquizar
Bj
Maria
"Segundo os historiadores, foi pelos Árabes construída no final dos anos 200, princípios dos anos 300 (Séc. III e IV)".
Retirei esta sua afirmação deste texto. Tem a noção da barbaridade que escreveu??? Árabes no território actualmente português nos Séculos III e IV??????????
Vergonha!
Tem razão. "Pelos árabes" está a mais, pois a ponte remontaria ao período romano, sendo o actual topónimo de origem árabe, cuja ocupação foi posterior. Grato pela chamada de atenção Mas não será "vergonhoso" que Glória se esconda no anonimato, num perfil inexistente?
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